Eduardo Fachetti

Editor de Política

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A seca no Espírito Santo exige novo mutirão


Não houve execução de hinos, não teve mestre de cerimônia e nem mesmo os discursos caminharam para conclusões apoteóticas. Ontem, ao encher o Salão São Tiago, o maior do Palácio Anchieta, pela segunda vez desde a posse, o governador Paulo Hartung fez predominar o tom de preocupação com as condições climáticas no Espírito Santo. O cenário é desolador: de norte a sul, municípios capixabas preparam decretos de emergência por causa da seca. A primeira solução encontrada pelo Executivo estadual foi, então, conclamar um “envolvimento coletivo” para enfrentar a crise.

Não parece haver receita de bolo para a questão, que ultrapassa as simples iniciativas oficiais. Diante de prefeitos, presidentes de federações industriais, comerciais e agrícolas, Hartung defendeu “arregaçar as mangas” imediatamente. “Temos que colocar a cuca para funcionar. Há um acúmulo de erros de anos e anos que nos coloca diante de um enorme desafio”, reconheceu o governador.

Diferentemente do que se poderia imaginar – e do que inclusive já aconteceu quando a atual gestão cobrou medidas para enfrentar desgastes financeiros –, desta vez ninguém buscou culpados para o problema. Nem mesmo houve recados cifrados. Pelo contrário: Hartung chegou a fazer menção ao ex-governador Renato Casagrande ao lembrar que, há exatos 12 meses, o Estado atravessava outro “evento climático extremo”.

O governo deixa claro que o esforço pedido não é para solucionar um problema pontual. Não é a escassez deste janeiro (o mais seco desde a década de 70) que deve ser enfrentada, e sim uma série de comportamentos que colocam as fontes de água do Estado em risco. Por isso é primordial que as prefeituras ajam com rigor e que outros Poderes implementem ações convergentes para, se for o caso, forçar a conscientização das pessoas.

Dado o recado, o próximo passo de PH (e, por que não dizer?, próximo desafio) será convencer os setores industrial e agrícola de que reduzir o consumo é necessário para não afetar o consumidor comum. Não parece tarefa fácil.

A Federação das Indústrias já chiou, dizendo que o governo “está buscando culpado” para a crise. Por outro lado, Hartung garantiu que “o governo está disposto a fazer o que lhe cabe”. Aparentemente, há nesse ambiente certa tensão.

Contrariar – e vencer – um setor que historicamente sempre lhe estendeu a mão pode ser a prova que Hartung precisa dar de que o discurso de ecopreocupação veio para ficar. Na teoria, o Executivo parece no rumo certo. É preciso conferir a performance na prática.

O avalista
Um peemedebista de peso e com livre trânsito nas dependências do Palácio Anchieta garante: o deputado Guerino Zanon tem conversado com o governador Paulo Hartung sobre a candidatura a presidente da Assembleia Legislativa. Um de seus principais interlocutores no governo tem sido o secretário em exercício do Turismo, Robson Leite, o Robinho.

Tanto faz
O mesmo cacique peemedebista revela não haver pressão do partido para que Zanon se eleja presidente da Assembleia. Isso porque o PMDB já teria acordado com PH seu “tamanho” na gestão. Se não ficar com o Legislativo, indicará ou o secretário definitivo de Turismo ou um novo ocupante para os Esportes.

Medidas caseiras
Em conversa com a coluna, o procurador-geral do Estado, Rodrigo Rabello, contou que a preocupação com a falta d’água é tanta que há dias não rega os jardins de sua casa. “Está tudo seco já. Quando chover, resolve”, pondera.

Modus operandi
E o senador Ricardo Ferraço, hein?! Ensaia candidatura, se expõe, ouve os ruídos externos e, no fim, apoia outro candidato. Foi assim em 2010 (governo do Estado), 2012 (Prefeitura de Vitória), 2014 (de novo, governo) e agora, em 2015 (presidência do Senado).

Vestindo a camisa
O presidente do Prodest, Renzo Colnago, decidiu cancelar a licitação para compra de 600 camisas gola polo que seriam dadas a servidores do órgão de inteligência digital do governo.

Cena Política
Em recente inauguração de uma creche no bairro Jabaeté, em Vila Velha, o vereador Duda da Barra decidiu fazer um discurso floreado para o prefeito Rodney Miranda. Lá pelas tantas, saiu-se com esta: “O prefeito passou tanto tempo se preparando para as chuvas e discutindo enchente que agora até falta água”. A claque oficial caiu na risada, mas teve gente que achou a piada de gosto duvidoso. Ai, ai, ai...

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