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Em busca de 200 mil dedos em Vitória

Confira a coluna Praça Oito deste sábado, 30 de janeiro


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Na década de 1990, a Justiça Eleitoral submeteu Cariacica a uma revisão no número de pessoas votantes. A quantidade de eleitores caiu para menos de 200 mil, quantitativo exigido pela legislação para que haja segundo turno se um candidato a prefeito não obtiver a maioria dos votos válidos. Em 2000, o falecido Aloízio Santos (PSDB) foi eleito no primeiro turno com apenas 36% dos votos. Cariacica só voltou a ter segundo turno em 2004, quando Helder Salomão (PT) e Aloízio passaram por duas disputas. Agora, está posta uma preocupação no mercado político de Vitória.

A Capital do Estado tem mais de 355 mil habitantes, mas são só 257 mil eleitores, aproximadamente. Caso o cadastramento biométrico, até 31 de março, alcance menos de 77,8% destes, a disputa não irá a segundo turno, ainda que o candidato mais votado não consiga a maioria dos votos válidos.

“O ritmo é motivo de grande preocupação, sim. O TRE precisa fazer cadastramentos itinerantes. Ou prorrogam ou fazem a eleição sem contar o novo cadastramento”, diz o presidente do PMDB estadual, Lelo Coimbra. “A campanha de 45 dias e a eleição em um turno modificariam todos os cenários”, aponta Fabrício Gandini, presidente do PPS. “Tem que haver esforço de todos os partidos junto à Justiça Eleitoral para estímulo ao cadastramento”, diz o presidente do PSDB de Vitória, Wesley Goggi.

Os números que justificam a inquietude: de 13 de outubro a ontem, 54.370 eleitores fizeram o cadastro, 21% da totalidade. Ou seja, em dois meses, pelo menos 145.630 pessoas precisam comparecer à Justiça Eleitoral para que seja possível um segundo turno em Vitória.

A disputa se desenha nos bastidores como extremamente acirrada e todas as estratégias levam em consideração os dois turnos. É rotina no sistema político, por exemplo, que candidatos que não avançam ao segundo turno “negociem” o apoio a algum dos dois finalistas em troca de espaço nas futuras administrações. A pulverização de nomes na primeira parte do pleito também costuma ser estrategicamente usada por grupos políticos para dividir votos de uma parte do eleitorado e, com isso, enfraquecer concorrentes.

O desinteresse em perder tempo nas filas e a tradição brasileira de adiar compromissos até os últimos dias estão por trás de parte da motivação do ritmo lento.

Outro fenômeno precisa ser considerado: o descrédito generalizado da classe política. Levando em conta haver uma parcela significativa de munícipes que não vislumbram, no médio prazo, tirar passaporte, participar de licitações, tomar posse em cargos públicos ou se matricular em instituições públicas, é razoável calcular que 100% dos eleitores não serão mobilizados. Resta saber o percentual de indiferentes.

Embora desconverse quando questionado na entrevista a A GAZETA sobre o choque que a regularização dos eleitores pode provocar na eleição, a preocupação do presidente do TRE, desembargador Sérgio Gama, é uma evidência de que a probabilidade não é apenas devaneio.

Antes de optar por abrir mão do chamado da Justiça Eleitoral, os eleitores devem ponderar que, se o meio político não empolga, permitir que o futuro da Capital seja decidido sem o esgotamento de todas formas de debate pode causar efeitos ainda piores.

Sem digital

Fabrício Gandini, presidente do PPS, e Wesley Goggi, presidente do PSDB de Vitória, ainda não se regularizaram junto à Justiça Eleitoral. Lelo Coimbra, chefe do PMDB, e Alexandre Passos, líder do PT da Capital, já registraram suas impressões digitais nas maquininhas do TRE.

Preparando as asas

O PSDB está convencido de que a pré-candidatura de Luiz Paulo é a mais competitiva da cidade. Por isso, tucanos de alta plumagem preparam estratégias para consolidá-lo e providenciarem “adesões de peso”.

Preparando as asas 2

Os mesmos “tucanões”, porém, dizem internamente que eventual aliança com PPS e PSB está fora de questão, embora sejam ventiladas informações sobre aproximação de Ricardo Ferraço (prestes a fechar com o PSDB) com Luciano Rezende (PPS).

Senador

Enquanto isso, a definição sobre quando e como Ricardo Ferraço será filiado ao PSDB estaria dependendo de uma nova conversa com o principal líder do partido, Aécio Neves. O diálogo deve acontecer com a retomada dos trabalhos no Congresso, semana que vem, em Brasília.

Eleição no MPES

A versão de um experiente membro do MPES ligado ao grupo do atual procurador-geral, Eder Pontes, para explicar as candidaturas independentes que não são exatamente de oposição à atual gestão: “A vaidade é coisa que não se controla. Às vezes, vontades ficam à frente do projeto coletivo. Daí o interesse de aparecer de qualquer maneira na lista tríplice que vai para a escolha do governador”, diz, sob a condição de anonimato.

Cena política

Conhecido como o “sheik capixaba” por ser detentor de vários poços de petróleo no Estado, o deputado Luiz Durão (PDT) volta à Assembleia esta semana. O empresário viu o preço do barril cair da casa dos US$ 115 para ser negociado a cerca de US$ 30, mas a queda brusca não tem tirado o sono nem a fortuna do pedetista. “Ele não está aceitando mais ser chamado de sheik. Quer ser chamado de ‘grande empresário da areia’. Está ganhando mais dinheiro com areia do que com petróleo”, brinca uma raposa política.

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