• Últimas da coluna

PT atrofiado no governo PH

Confira a coluna Praça Oito desta sexta-feira, 5 de fevereiro


pç oito

A fase não está mesmo nada boa para o PT tanto em âmbito nacional como regional. A ida do deputado estadual Rodrigo Coelho para o PDT (pendente só de formalização) e para o primeiro escalão do governo pode representar um prejuízo duplo para o partido da presidente Dilma Rousseff no Espírito Santo. Ao mesmo tempo, o PT estadual pode perder espaço nos Poderes Legislativo e Executivo: além de ficar com um deputado a menos em sua já reduzida bancada na Assembleia Legislativa, a sigla corre o risco de ser destituída do comando de um espaço que ocupa na burocracia do governo desde o início do primeiro mandato de Paulo Hartung: a Subsecretaria de Estado do Trabalho (Subtrab).

Desde 2003, esse órgão do segundo escalão é uma espécie de espaço cativo do PT no governo estadual – mais precisamente, da corrente interna Construindo um Novo Brasil (CNB), a mais forte no PT nacional, mas não no Espírito Santo. Trata-se da corrente mais ligada à CUT e ao sindicalismo em geral. De 2003 para cá, petistas ligados a essa tendência já ocuparam o cargo de subsecretário, entre eles José Carlos Pigatti, Mauro Rondon e Tarciso Vargas. Hoje, a subsecretária é Fernanda Maria Souza (PT), ligada ao deputado Nunes (PT), ex-presidente da CUT-ES.

Acontece que mudanças estão a caminho. Após passar pela Secretaria de Ciência e Tecnologia durante o governo Casagrande e ser realocada na Casa Civil por Hartung em 2015, a Subtrab vai voltar a fazer parte da Secretaria de Assistência Social, agora comandada por Coelho, que vive hoje um divórcio nada amigável com o PT. Três membros do alto escalão do governo confirmam a mudança estrutural. Mais importante: uma fonte muito próxima a Coelho garante que Fernanda não permanece no cargo.

O novo subsecretário pode vir do PDT, mas, acima de questões partidárias, o governo deve buscar um nome de perfil técnico vinculado ao setor produtivo, e não ao setor sindical. A ideia é inverter a lógica da subsecretaria e a orientação de quem a comanda: para ampliar a cartela de oportunidades de inserção no mercado, saem os sindicatos (que defendem os direitos trabalhistas) e entram os empreendedores (que podem oferecer empregos). Ou seja, quem mais sai perdendo com a mudança é o PT ligado à CUT.

Quem não está nem um pouco contente com isso é o deputado Nunes. Na última segunda, ele admitiu estar ciente dessa possibilidade. Na terça, logo após a sessão de abertura do ano na Assembleia, o petista esperou resolutamente o secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Roberto, acabar de dar todas as entrevistas, e saiu do plenário conversando ao pé do ouvido com ele. Cobrou do secretário uma posição, que ficou de chegar na quarta, mas até agora não veio. Segundo Nunes, Paulo Roberto lhe informou que precisava conversar primeiro com o secretário de Desenvolvimento. Atenção: é justamente a pasta conectada com o setor produtivo. Nela funcionam a Aderes, a Suppin e o Bandes, por exemplo.

Vale lembrar que, no início do governo PH-3, Nunes e o PT em geral chegaram a pleitear a criação de uma secretaria específica do Trabalho, ideia que nunca vingou. Agora, em vez de ganhar mais um espaço no primeiro escalão, como esperava, o partido pode acabar sem o que tinha no segundo. Se isso ocorrer, entre os petistas, só vai restar no governo o secretário de Serviços Urbanos, João Coser (que, mesmo assim, parece cada vez menos identificado com a sigla).

Enfim, os trabalhadores podem perder o comando do Trabalho no governo PH. E o Partido dos Trabalhadores, levado pelo grupo de Coser a apoiar o governo de Hartung, pode ver seu espaço minguar ainda mais dentro da máquina.

Bancada encolhendo

Na legislatura 2011-2014, o PT tinha cinco deputados estaduais. Para 2015-2018, elegeu três. Com a licença de Rodrigo Coelho, sobram Nunes e Padre Honório.

Securitização adiada

O procurador-geral de Vitória, Rubem de Jesus, descartou que o projeto de venda da dívida ativa do município (a polêmica securitização) possa ser aprovado ainda este ano pela Câmara. “É ano eleitoral. Fica para o próximo mandato e o prefeito eleito vai poder acolher ou não.”

Contexto

Encaminhado no ano passado pelo prefeito Luciano Rezende, o projeto gerou e segue gerando dúvidas jurídicas e conflitos políticos. A ideia foi bastante criticada pelo governador Paulo Hartung. A pedido do vereador Davi Esmael (PSB), da base de Luciano, a OAB-ES está produzindo parecer técnico sobre a matéria.

Cadê Gandini?

Na prestação de contas de Luciano à Câmara, chamou muita atenção a ausência do vereador Fabrício Gandini (PPS) – logo ele, o “líder informal” do prefeito na Casa. A assessoria de Gandini disse que ele está em viagem pelo interior tratando de questões partidárias, mas não precisou seu paradeiro. Ficou estranho.

Ultimato de Enivaldo

Determinado a ser candidato a prefeito de Vitória, o deputado estadual Enivaldo dos Anjos deu prazo até o próximo dia 12 para o presidente estadual do PSD, José Carlos da Fonseca, decidir quem será o candidato: ou ele ou o vereador Max Da Mata, presidente municipal do partido.

Enivaldo no PCdoB?

Enivaldo conversou nesta quinta-feira (4) com o presidente da Câmara, Namy Chequer (PCdoB). Ele quer formar chapa proporcional e majoritária com PSD, PCdoB, PTdoB e PRTB. “Se o PSD não me der legenda, vou sair e aguardar ser chamado por um desses outros três partidos.”

Cena política

O deputado Erick Musso (PP), vice-líder do governo na Assembleia, participou da reunião do governador Paulo Hartung com o secretariado na última segunda-feira (1º) e chamou a atenção de todos por ter voltado muito mais magro do recesso parlamentar. “Ele com certeza aderiu ao Movimento 21 dias por uma vida saudável”, ouviu ele de Hartung.

Ver comentários