Gabriel Tebaldi

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Temor ao povo

Veja os destaques da coluna publicada neste sábado (7)


“Um povo só se deixa guiar quando lhe apontam um futuro”, dizia o general Napoleão Bonaparte. O governo legítimo atua como porta-voz dos anseios populares e, sobretudo, da luta por dias melhores. A verdade é simples: “O líder é um negociante de esperanças”.

A grande lição que abre a histórica semana que virá é a de que não se pode jogar com a crença de toda a população. Independentemente do debate jurídico, partidário ou oportunista, o raciocínio popular é categórico: o governo Dilma mentiu, corrompeu-se, mergulhou em crise econômica e hoje segue sem rumo.

Seu fim não será tão somente pela Responsabilidade Fiscal, mas também pela incapacidade de guiar-nos ao futuro. Para amenizar sua culpa e misturar os vilões, o PT vinha disparando contra Cunha ataques variados, como se dois ou três dias de sua possível presidência fossem mais graves que 13 anos de desmandos petistas.

A militância se esqueceu que Cunha assumiu a presidência e seus poderes com o aval do governo, sendo companheiro do Planalto enquanto lhe foi conveniente. Seus crimes da Lava Jato, inclusive, se deram na gestão Lula sob o aval do ex-presidente.

Num país dividido, Cunha unificou o ódio nacional. Porém, ainda basta ver se a seleta insatisfação militante também recaíra sobre o vice da Casa, Waldir Maranhão, alvo da Operação Lava Jato. Diferente do ex-amigo, Waldir votou “contra o golpe” e, embora seja da mesma escória política de Cunha, atende à agenda governista e anda sem ataques.

Enquanto o Congresso monta o jogo final, fica claro que tais mudanças são consequência da voz das ruas. Esta, por sua vez, não pertence a um grupo social ou a determinada ideologia. Também não carrega bandidos de estimação, não defende canalhas nem idolatra presidiários.

A queda de Eduardo Cunha e a semana que agora se inicia é mais uma vitória popular que reverbera na Justiça e marca a nova história na qual ninguém está acima da lei. Cada vez mais nosso povo perde o medo de seu governo; e, em verdade, a cada dia o governo teme mais seu povo.

Gabriel Tebaldi é graduado em História pela Ufes

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