Gabriel Tebaldi

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Empreender é lutar

Confira a coluna Outro Olhar deste sábado, 25 de junho


Era meu primeiro período de Ufes quando um professor disse em sala: “Os empresários são o símbolo do mal e da exploração”. Enquanto alguns colegas acompanhavam a doutrinação em êxtase, eu me chocava com tamanha canalhice intelectual. Há quem sonhe com um mundo repleto de cooperativas e operários que dão as mãos por um futuro melhor. Na vida real, porém, são as empresas que sustentam as relações econômicas da sociedade.

No pensamento dos corredores utópicos, o mundo ainda se divide entre trabalhadores oprimidos que enriquecem patrões injustos e perversos. Nesta semana, porém, uma cena chocou o país: após demitir 223 funcionários de sua fábrica em Rio Claro (SP), o empresário Luiz Scussolino suicidou-se enforcado no galpão da indústria.

Com 80% de queda nas vendas, Luiz negociou com os sindicatos para reduzir as jornadas e os salários de seus 870 funcionários a fim de evitar dispensas e não fechar as portas. Porém, a recusa do sindicato desencadeou a demissão em massa.

Luiz, então, sofreu um princípio de enfarto e o desespero o levou ao suicídio. Seu caso escancara a enorme responsabilidade que há por trás de líderes empresariais. Levar sobre os ombros a fonte de sustento de dezenas, centenas e às vezes milhares de famílias é um fardo que apenas o empreendedor sabe definir.

Que se caia o mito da exploração: no Brasil, as micro e pequenas empresas são responsáveis por 70% dos empregos formais no comércio e 44% em serviços. As pequenas indústrias correspondem a 22,5% do PIB do setor e em tais realidades pode-se ver a ascensão de empresários a partir de incansáveis anos de luta e dedicação.

Empreender no Brasil é lutar contra tudo e todos, desde o inicial descrédito popular até o constante caos econômico e tributário dos governos. Ao fim, políticos da pior espécie ainda atribuem aos seus governos a criação de empregos.

Num país que ainda enxerga geradores de renda e trabalho como exploradores, empreender é uma tarefa vocacional e, para o bem do Brasil, formada por homens e mulheres determinados a transformar realidades.

Gabriel Tebaldi é graduado em História pela Ufes

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