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Medo e populismo pós-moderno

Confira a coluna Praça Oito deste sábado, 25 de junho


Uma das grandes questões que norteariam o debate sobre o Brexit seriam as minguadas contrapartidas oferecidas pela União Europeia ao Reino Unido, que oferece ao bloco econômico muito mais do que recebe de volta. Contudo, a onda conservadora que varre a Europa por causa da crise imigratória fez do plebiscito um mecanismo desesperado para fechar as portas a poloneses, sírios, tchecos e companhia.

Entre os 51,9% de britânicos favoráveis à saída da União Europeia estão os melhores exemplares de políticos conservadores e xenófobos da Inglaterra, interessados em mandar os “invasores” do terreno inglês de volta aos seus devidos rincões.

Definido como exótico pela imprensa internacional – que por fineza não o adjetiva de tresloucado –, o ex-prefeito de Londres Boris Johnson viu no resultado uma “oportunidade gloriosa”. Declaradamente anti-imigração, o Ukip foi um dos principais partidos patrocinadores da saída. Diz que a UE cresce em detrimento da soberania britânica e que as políticas europeias pró-imigrantes prejudicam a economia do Reino Unido. Para eles, uma das regiões mais cosmopolitas do planeta deve permanecer alheia aos problemas do mundo.

A maioria pela saída foi um fôlego e tanto para os partidos de extrema-direita. Segundo especialistas, foi a exploração do ambiente de tensão e medo no qual estão inseridos os europeus que lideranças com esse perfil conseguiram sacramentar a pequena diferença de 1,2 milhão de votos a favor do fechamento das fronteiras.

“O mundo mudou muito depois do 11 de setembro”, diz o professor de Relações Internacionais da PUC-MG Ricardo Ghizi. “Geralmente, em épocas de guerra, esse discurso de direita, militarista, tende a conseguir mais votos, mais adesão junto à população”, complementa.

Marine Le Pen, na França, e Matteo Salvini, na Itália, saudaram os britânicos que quiseram ser “donos do próprio país” e “das próprias fronteiras”. No meio político internacional, ambos são considerados parâmetros em xenofobia. Nas Américas, Donald Trump, a antítese da harmonia entre os povos, atrelou o plebiscito à própria campanha. Para ele, os britânicos “retomaram seu país” e, em novembro, os norte-americanos terão chance de “redeclarar a independência”.

O Brexit é complexo, mas pode ser medido pela régua que mede seus apoiadores. “É o populismo pós-moderno. Alguns políticos oportunistas usaram essa agenda para convencer os insatisfeitos. Fechar as fronteiras não vai solucionar o problema inglês. A Inglaterra vai pagar caro por isso”, afirmou Christian Lohbauer, do Núcleo de Estudos Comparados e Internacionais da USP.

O Brexit não tomará noites de sono de nenhum brasileiro médio, mas os contornos do debate nos alertam para uma onda política que, vez ou outra, encontra terreno fértil a florescer por aqui.

Casagrande prefeito

Casagrande é pré-candidato a prefeito de Castelo, sua cidade natal. Mas calma, não é o ex-governador! Trata-se de César Casagrande, vereador do município e, como o irmão, Renato, membro do PSB.

Brasília

De acordo com os bastidores da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão retirou a consulta feita à Comissão de Justiça que poderia beneficiar Eduardo Cunha no processo de cassação simplesmente porque não conseguiu emplacar seu indicado na presidência da CPI do DPVAT.

Capixaba

Maranhão apoiava Luís Tibet (PTdoB-MG), mas o escolhido para comandar a CPI foi o capixaba Marcus Vicente (PP), apontado como o nome apoiado pelo grupo que defende Eduardo Cunha no Legislativo nacional.

Local de trabalho

Em Presidente Kennedy, Amanda Quinta voltou a dar expediente na sede da prefeitura. Ela despachava na Secretaria de Cultura, enquanto o companheiro dela, José Augusto Paiva, trabalhava na sede do executivo municipal. Paiva, 40, é chefe de gabinete de Amanda e apontado como o maior influenciador da gestão da namorada, de 27 anos.

Falando nisso...

A filiação da prefeita de Presidente Kennedy, Amanda Quinta, ao PSDB não foi pacífica, em virtude dos processos aos quais ela responde. Com medo de arranhar a imagem, os tucanos prometeram debater a situação dele em reunião da executiva. Mas ficou por isso mesmo.

Cena política

O prefeito de Cariacica, Juninho, acredita que o município é preterido, alvo de preconceito das pessoas, e ninguém parece capaz de convencê-lo do contrário. Ao discursar na solenidade de assinatura do convênio com a Emescam para disponibilizar médicos ao PA do Trevo, o prefeito afirmou: “Quando Paul McCartney veio fazer show aqui no Kleber Andrade, falavam que o show era em Vitória. Se alguém tivesse sido assassinada no show, aí diriam que foi em Cariacica”.

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