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Majeski candidato?

Wesley Goggi é postulante declarado à vaga abandonada por Luiz Paulo, mas poderia enfrentar resistência junto a parte dessa velha guarda.


"Houve um erro por parte da Assembleia de não ter comunicado e de não ter averiguado se a informação constava no documento". Sergio Majeski (PSDB), deputado estadual
"Houve um erro por parte da Assembleia de não ter comunicado e de não ter averiguado se a informação constava no documento". Sergio Majeski (PSDB), deputado estadual
Foto: Reinaldo Carvalho/Ales

A solução sem dúvida agrada ao vice-governador César Colnago, e também contaria com o apreço do ex-presidente municipal do PSDB, o médico Emílio Mameri – justamente o candidato da “velha guarda” que amargou a inesperada derrota imposta pelo grupo de Wesley Goggi na polêmica eleição interna em 2015.

Goggi é postulante declarado à vaga abandonada por Luiz Paulo, mas poderia enfrentar resistência junto a parte dessa velha guarda. Mameri teria sido inclusive um dos primeiros a ventilar o nome de Majeski internamente. Por que Majeski?

A favor do deputado, os mesmos fatores que também podem pesar contra ele no processo: na Assembleia Legislativa há menos de dois anos, exerce o primeiro mandato e tem experiência zero no Executivo; mas sua falta de experiência poderia ser compensada precisamente pelo fato de ser considerado “sangue novo”, livre de vícios e contaminações políticas.

A baixíssima rodagem de Majeski, assim, possui um sinal ambivalente neste caso: a princípio o sinal é negativo, mas pode ser invertido e encarado de forma positiva, sobretudo considerando o outro candidato que desponta como novidade no processo eleitoral em Vitória: o apresentador Amaro Neto (SDD), também deputado estadual e também em pleno exercício do primeiro mandato eletivo.

Para derrotá-lo, o PSDB apresentaria ao eleitor um candidato com o mesmo currículo em termos de experiência como mandatário, mas perfil absolutamente oposto. Seria duelo interessantíssimo: o apresentador da buzina que reivindica “DNA do Palácio” contra o professor que não para de “cornetar” o governo de PH do alto da tribuna da Assembleia.

A combatividade de Majeski em plenário, sua independência em relação ao governo estadual e sua boa aceitação junto ao público são outros prós, é claro.

Há poucos dias, Majeski teria sido incentivado até por quem abriu a vacância na chapa tucana, o ex-prefeito e agora ex-candidato Luiz Paulo. Faz sentido. Majeski não é nome que desperte propriamente simpatia no Palácio Anchieta. Muito pelo contrário: não se define como deputado oposicionista, mas após um ano apertando bem o dedo em feridas expostas do Executivo, o professor de Geografia consolidou-se como voz mais crítica ao governo Paulo Hartung. Talvez a única voz, como se evidenciou na última prestação de contas de Hartung na Casa.

Ora, se a intenção de Luiz Paulo é mesmo deslocar-se para uma frente de forças independentes ao governo – como indicou pretender ao reaproximar-se de Luciano Rezende –, nada mais natural para ele do que incentivar o lançamento de um candidato tucano que seria um calo potencial para o governo estadual com seu estilo anti-establishment.

Por tudo isso, o nome de Majeski pode “colar” e quem sabe decolar.

Por outro lado, após dois anos batendo quase em monocórdio na tecla da Educação, estaria ele em condições de ir além da pauta monotemática do mandato para fazer discussão ampla da cidade e se provar capaz de liderar a complexa gestão de Vitória, mais ainda na atual crise de arrecadação? Bom lembrar, também, que há poucos meses Majeski não andava lá muito satisfeito com o PSDB e chegou a ameaçar migrar para a Rede durante a janela para trocas, em março.

Será que o professor de Geografia estará disposto a ser tragado pela geopolítica estadual e assumir esse papel?

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