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Racha é isto, Austrália!

Se entrar na disputa em Vitória, Ricardo Ferraço pode tirar votos de Luciano logo onde o prefeito é mais forte: classe A/B. Na cédula com o senador, Luciano tem seu pior índice em tal segmento: 28%.


Há exatos nove dias, a chapa do PSDB à Prefeitura de Vitória, com Luiz Paulo carregando a bandeira do partido na eleição, parecia só necessitar de acabamento. Hoje a fiação está toda exposta; a descarga dos problemas não funciona; da torneira, não jorra água quente para abafar os conflitos internos.

O vice-governador César Colnago, o senador Ricardo Ferraço e o presidente dos tucanos em Vitória, Wesley Goggi, voltaram da reunião de ontem em Brasília com o tucano-mor, Aécio Neves, sem a menor definição no horizonte. Longe de trazer certezas, o encontro com o presidente nacional parece ter grifado as dúvidas sobre o rumo da sigla em Vitória.

Entre tantas incertezas, fica claro que o PSDB hoje está mais rachado que as paredes dos apartamentos da Vila Olímpica. Mesmo sem nem sequer pontuar na pesquisa Futura publicada por A GAZETA, Goggi segue nitidamente trabalhando para emplacar o próprio nome. Já Ferraço, ninguém sabe bem o que quer além de ganhar tempo; mas, nos bastidores, fala-se que o senador viria tentando indicar um vice de sua confiança na chapa de Luciano Rezende ou até de Lelo Coimbra para ter alguma influência na Capital visando às eleições de 2018.

Quanto a Colnago, ele mesmo não descarta nenhuma hipótese. Aproximou-se de Goggi e pode até bancar a candidatura do voluntarioso dirigente, mas não será surpresa se levar o PSDB para o lado de Lelo, criando um cenário mais favorável a si mesmo em 2018. Sobre o vice-governador, certos mesmos no momento só dois pontos:

1. Com a desistência de Luiz Paulo e o passo deste em direção a Luciano, o “chefe da comitiva” perdeu o controle do processo. Eventual coligação com Luciano/Casagrande, mediada pela direção nacional, não seria conveniente aos planos eleitorais do vice-governador em 2018. Candidatável à sucessão de Hartung como o nome com o selo do Palácio Anchieta, Colnago veria seu PSDB escorrer pelos dedos justamente em direção aos maiores adversários do governo hoje em dia, e na maior vitrine política do Estado;

2. Ao contrário do que se especulou no início (a coluna, inclusive), Colnago não tinha o menor interesse no possível lançamento da candidatura de Sergio Majeski, deputado que se consolidou como pedra mais pontiaguda no sapato de Hartung. A aproximação dele com Goggi nos últimos dias pode ser lida como um sinal de neon da estratégia de sabotar Majeski, indo contra a vontade da maioria dos caciques que integram a direção estadual. Um dos mais experientes deles, o advogado Michel Minassa, entrega sem meias palavras: aliando-se a Goggi, Colnago operou para desidratar por dentro a possível consolidação de Majeski.

“O César declarou que não quer o Majeski. Mas não quer por quê? Ele é do partido ou é o vice-governador? E foi ele mesmo quem lançou Majeski! Estávamos fazendo uma construção, mas houve um ruído interno. Queríamos fazer uma candidatura que garantisse a chapa de vereadores. Eu e a maior parte da executiva estadual defendíamos e apoiávamos a candidatura de Majeski. Não faz sentido (um boicote por parte de Colnago e Goggi), pois a executiva estadual estava com Majeski e nós íamos trabalhar isso com Aécio. Só César e Wesley defendem interesses diferentes”, afirma Minassa.

Por que Colnago e Goggi não convergiram com o resto da cúpula estadual? “O César deve ser pelos ‘motivos palacianos’, imagino eu. A candidatura de Majeski não interessa ao Palácio. Já o Wesley não queria Majeski porque quer ser candidato. Agora, fazer uma construção como se tivesse um embate e deixar um dos três pré-candidatos de fora... Dizer que não reconhece... Isso é brincadeira!”, diz o experiente tucano, em referência a declarações de Goggi, em nome da executiva municipal, de que Majeski não era pré-candidato.

“Agora a construção dessa aliança vai ser capitaneada pela nacional, não vai ser pela municipal, pela estadual, por Wesley, por César, por mim. O que não pode é ficar fazendo confronto lateral. Temos chances remotas de ganhar a eleição com essa história toda”, desabafa Minassa.

Como se nota, se vissem as rachaduras na parede do PSDB, os australianos pensariam duas vezes antes de se queixarem de seus alojamentos olímpicos.

Let the games continue

De Ricardo Ferraço, às 14:50 de ontem, logo após a reunião com Aécio: “O jogo não tá jogado. Estamos jogando ainda. Vamos ter outras reuniões ainda. O indicativo que posso te passar é esse”.

Mas, se não der jogo...

César Colnago foi vago sobre o saldo da conversa com Aécio. “Viemos afinar nossas avaliações. Vamos continuar conversando com nossos aliados nacionais: PPS (Luciano), PMDB (Lelo), PTB (Serjão), SDD (Amaro)... Vamos ouvir as propostas, conversar e avaliar (possível aliança). E vamos manter a candidatura do Wesley. De repente, se não der jogo...”

Ideia indigesta

Outra hipótese ventilada é o PSDB apoiar Luciano (PPS/PSB) em Vitória em troca do apoio do PPS ao candidato tucano no Rio. A proposta parece não agradar a Colnago. “Não comento.”

“Lelo, nem pensar”

Para Michel Minassa, membro titular da executiva estadual do PSDB, lançar Wesley Goggi é “hipótese absurda”, e não faz sentido aliar-se a Lelo. “Ficar com o Palácio, que desidratou Luiz Paulo? Não vou fazer aliança com quem ajudou a destruir a minha candidatura.”

“Caminho natural”

Para o orgânico dirigente tucano, o “caminho natural” para o PSDB em Vitória é uma composição com o PPS, costurada pelo comando nacional. “O que ainda pode nos dar alguma densidade política é uma aliança por cima com o PPS.”

Serjão de olho no rebote

Tentando lucrar com a situação do PSDB, Serjão (PTB) ofereceu a vice em sua chapa à vereadora Neuzinha de Oliveira (PSDB). Ontem ele também se reuniu com o pessoal de Amaro Neto (SDD). O vereador insiste na candidatura e diz que pode ir para a disputa até sozinho. Apoio a Lelo só no 2º turno.

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