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Senhor da história

Confira a coluna Outro Olhar deste sábado, 20 de agosto


Perdida pelo País das Maravilhas, Alice se deparou com injustiças e falsas interpretações da lei e da verdade. Inconformada, a menina exclamou: “Essas palavras não significam o que vocês estão dizendo”. De imediato, a dura realidade veio em resposta: “Não importa o que dizem as palavras, e sim quem é o senhor delas”.

Ser o senhor das palavras e da história: essa sempre foi a intenção petista. Para isso, o partido mentiu, manipulou dados e construiu uma falsa sensação de crescimento que quebrou o país.

Como donos da história, tentaram mudar o currículo escolar excluindo conteúdos como Grécia e Roma Antiga, e revoluções como a francesa e a industrial. No lugar, inseriram movimentos sociais, cultura indígena e diversas experiências socialistas.

Felizmente, tais planos ruíram com a queda de Dilma no Congresso, porém, engana-se quem pensa que o PT está morto. Assumindo a derrota no legislativo, o partido investe, agora, na composição da suposta versão oficial dos fatos.

Está em curso desde março a produção do documentário Impeachment, da diretora Petra Costa. Acompanhando os bastidores do poder, a equipe tem Lula e Dilma como protagonistas da epopeia.

Nas filmagens, deputados e senadores petistas gritam a tese do golpe, construindo no imaginário popular a tomada “ilegal” do poder pela conspiração de Temer.

Lula aparece em viagens pelo país abraçando crianças, caminhando com o MST e até ajudando camponeses a colher mandiocas. A superprodução tem até drones exclusivos para captar lindas imagens aéreas do milionário que se diz pai dos pobres.

Já Dilma posa de injustiçada e traída na missão de defender os trabalhadores. Os recursos levados à ONU e à OEA aparecem como um grito por justiça que beira ao ridículo. Já a militância compõe protestos épicos “em defesa da democracia”.

O PT tem em curso um amplo projeto de manipulação do imaginário popular. Para eles pouco importa o que dizem as palavras, os fatos, o Supremo, o Congresso ou o povo. Em verdade, porém, ao invés de senhores da história, o PT não passa de uma lamentável página a ser virada.

Gabriel Tebaldi é graduado em História pela Ufes

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