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Zé Carlinhos promovido

Confira a coluna Praça Oito desta quarta-feira, 24 de agosto


No mesmo pacote que incluiu a nomeação do ex-chefe da Casa Civil Paulo Roberto Ferreira (PMDB) como novo secretário da Fazenda, o Diário Oficial do Estado trouxe outra surpresa na última segunda-feira: no lugar de Paulo Roberto, quem assume o comando da Casa Civil é o diplomata cedido ao Estado e ex-deputado federal José Carlos da Fonseca Júnior (PSD). Zé Carlinhos, como é mais conhecido, teve papel destacado como secretário da Fazenda durante o governo de José Ignácio Ferreira (1999-2002), marcado por denúncias de desvio de dinheiro público. Depois de 2006, sumiu do mapa. Aliás, foi para Mianmar.

Içado de volta à cena política capixaba pelas mãos do governador Paulo Hartung, o diplomata já vinha atuando em cargo comissionado ligado à Secretaria de Desenvolvimento e fazendo política partidária intensamente, de dentro do atual governo. Durante as articulações da pré-campanha, recuperou algum protagonismo, conduzindo negociações exitosas em vários municípios em favor do PSD, partido presidido por ele no Estado.

Com a nomeação para a Casa Civil, Zé Carlinhos sobe alguns degraus de um pulo só na hierarquia palaciana e continuará fazendo política, mas agora no 1º escalão e na antessala do gabinete de PH.

Respondendo à repórter Letícia Gonçalves sobre o perfil que pretende imprimir à Casa Civil, o embaixador afirma que o governador pediu a ele para agregar as tarefas de articulação econômica à atribuição clássica do cargo, de articulação política com deputados e prefeitos. Indicou que pretende acumular a atuação à frente da Casa Civil com as articulações em benefício do PSD, o que poderá ser problemático. “Será um desafio. Vamos ver se sou bom diplomata (risos)”.

Mesmo licenciado da presidência do PSD, como exige o Conselho Estadual de Ética, é provável que ele permaneça como referência maior da legenda no Estado. Tendo que lidar diariamente com pleitos de toda a base aliada, é difícil crer que essa sobreposição de funções não vá gerar arestas com outros partidos da base.

Mas a maior preocupação é a aresta ética. Zé Carlinhos já sofreu ao menos duas condenações judiciais. A primeira, por improbidade administrativa, remete à sua atuação como deputado federal (foi eleito em 1998 e reeleito em 2002) e resulta de denúncia do MPF contra ele no caso da Máfia dos Sanguessugas. Desbaratado pela Polícia Federal, o esquema consistia em aprovação de emendas parlamentares no Orçamento da União para a compra de ambulâncias superfaturadas em municípios pequenos. Em 2010, Zé Carlinhos foi condenado em 1ª instância a devolver R$ 189 mil aos cofres públicos.

Bem mais recente, a segunda condenação é por peculato – desvio de dinheiro público por parte de um servidor – e remete à sua atuação como secretário da Fazenda de José Ignácio entre 1999 e 2000. Em decisão de 1ª instância, datada de 24 de junho passado, o juiz substituto da 1ª Vara Federal Criminal condena Zé Carlinhos a cinco anos e nove meses de prisão em regime semiaberto e à perda do cargo de embaixador – mas só após esgotadas as possibilidades de recurso.

Para o MPF, também autor desta denúncia, Zé Carlinhos cooperou com esquema de transferências ilegais de crédito de ICMS para alimentar caixa dois de campanha de aliados de Ignácio no ano 2000. Na sentença, o juiz afirma que o novo secretário “não tem condições de permanecer no exercício de qualquer cargo público”. Em dura nota, a ONG Transparência Capixaba condena a nomeação do diplomata para a Casa Civil.

Zé Carlinhos não atendeu os telefonemas da coluna ontem. À reportagem de A GAZETA, declarou, na última segunda, que recorre das sentenças contra ele, as quais considera “fruto da disputa política ferrenha”. Acontece que agora, mais que nos últimos tempos, o currículo do diplomata ficará à mercê da política.

“Tata” tá com Amaro

Depois de Rodrigo Coelho (PDT), o secretário estadual de Agricultura, Octaciano Neto, é o segundo integrante do primeiro escalão do governo Paulo Hartung a declarar apoio à candidatura de Amaro Neto a prefeito de Vitória. Em sua página no Facebook, Amaro agradece o apoio de “Tata”, como ele chama Octaciano. Já o secretário destaca “a importância de formar novas lideranças”.

Tentáculos

Com isso, Octaciano Octopus (“polvo” em inglês) estende o tentáculo que faltava em municípios da Região Metropolitana. Em Vila Velha, está com Neucimar; na Serra, com Vidigal; e em Cariacica, com Marcelo Santos.

Subsecretário exonerado

O auditor do Estado Marcelo Altoé foi exonerado do cargo de subsecretário de Estado de Integridade Governamental e Empresarial, vinculado à Secretaria de Estado de Controle e Transparência (Secont), conforme publicado nesta terça-feira no Diário Oficial do Estado. Segundo a publicação, a exoneração se deu “a pedido” de Altoé. Mas, pelo que a coluna apurou, tudo indica que não foi bem assim...

Atuação na Secont

Atuando sob o comando do ex-secretário Marcelo Zenkner, Altoé foi corresponsável pela implementação da Lei Estadual de Combate à Corrupção.

Momento intrigante

Pode ser coincidência, mas a exoneração foi publicada um dia após a nomeação de José Carlos da Fonseca Júnior como chefe da Casa Civil e no momento em que a Secont acusa empresa de telecomunicações contratada pela Secretaria de Saúde de ter fraudado atestado de capacidade técnica para vencer a licitação.

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