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Em Cachoeiro, todos são "a novidade"

Confira a coluna Praça Oito deste sábado, 27 de agosto


Entre as maiores cidades capixabas, a eleição em Cachoeiro é a que nasce com contornos menos definidos e desfecho menos previsível. Há muitos candidatos a prefeito, oito no total, e todos se assemelham muito em detalhe de elevada importância: a baixa estatura política.

Em cenário tão embolado, é possível deduzir uma tendência: a preferência dos eleitores deve ficar muito pulverizada entre os candidatos, e o vencedor pode ser eleito com votação pouco expressiva: pelas contas dos próprios concorrentes, com pequenas oscilações para mais ou para menos, um deles poderá ganhar a eleição com cerca de 30 mil votos – em um universo com cerca de 100 mil votos válidos, também segundo os cálculos dos postulantes ao cargo.

A única certeza que se destaca deste emaranhado eleitoral é a seguinte: como nenhum deles já governou a cidade, Cachoeiro terá um prefeito inédito a partir de 2017, o que dá aos moradores a esperança de viverem o início de novo ciclo político, após a histórica polarização entre as duas oligarquias políticas persistentes no município – as de Theodorico Ferraço e Roberto Valadão – e após a grande expectativa, em grande parte frustrada, de renovação com a chegada de Carlos Casteglione (PT) ao poder em 2008.

Atentos a esse detalhe, todos os oito, em menor ou maior grau, se apresentam como candidato da renovação política. A metade nunca exerceu mandato, mas até quem ocupa ou já ocupou cargo eletivo reivindica para si o rótulo de “novidade” – casos de Jathir Moreira (SDD), Marcos Mansur (PSDB), Pastor Braz (PT) e Júlio Ferrari (PMDB).

É possível apontar certa vantagem na largada para Jathir e Mansur, em virtude do recall político. Mas concorrentes relativizam. “Estão na frente nas primeiras pesquisas, mas enfrentam alta rejeição”, pondera Lázaro Costalonga (PSL). “No meio político, existe a sensação de que são mais fortes. Agora, uma coisa é o que o meio político fala. Outra é o que o povo fala”, opina Professor Jonathan (Rede).

Com a maior coligação (oito partidos), Jathir não refuta o favoritismo, atribuído ao maior tempo de TV e a aliados de peso no cenário local, principalmente Theodorico, de quem foi vice-prefeito de 2001 a 2004. “Conseguimos agregar apoio político. Meus dois principais aliados são Ferraço e (Carlos) Manato. Zé Carlos da Fonseca Junior (PSD) também. Temos uma boa chapa de vereadores. Isso de certa forma nos dá uma expectativa de que podemos vencer a eleição. Hoje, o grande apoio político que todo candidato quer ter é o de Ferraço. A população precisa de alguém com experiência e determinação. Não é hora de aventuras em Cachoeiro.”

Curiosamente, apesar da aliança com políticos tão tradicionais, até Jathir busca embarcar na onda da renovação. “Estou afastado da política há 12 anos. De certa forma não tenho uma carreira política.” Chamado a destacar seus principais adversários, ele diz estar atento aos passos do “candidato da máquina” (Pastor Braz) e do “deputado concorrendo” (Mansur).

Com a segunda maior coligação (cinco siglas), Mansur por sua vez diz “estar mais atento” às candidaturas de Jathir, Braz e Victor Coelho (PSB). Apesar de ter mandato na Assembleia, também evoca para si o “selo renovação”. “Também sou o novo em Cachoeiro. Faço parte desse grupo dos que nunca foram prefeitos. E não tenho nenhum padrinho antigo na política. Não sou referendado por nenhum velho cacique. Então, sou renovação sim”, afirma o tucano, alfinetando Jathir.

Usando expressões como “novo perfil”, “nova visão” e “um novo tempo de mudança”, o ex-vice-prefeito e ex-secretário de Obras de Casteglione, Braz Barros (PT), diz que também se considera o novo. “É preciso mudar alguma coisa e começar um novo ciclo. A população sempre tem aquele olhar para o novo. Estou colocando o meu nome para prefeito pela primeira vez.”

Como se vê, em Cachoeiro todos querem encarnar o novo, e o resultado vai depender muito de quem vai conseguir vender melhor essa ideia na campanha. Com a palavra, o eleitor de Cachoeiro.

Lázaro Costalonga (PSL)

Contra os “políticos profissionais”, o empresário aposta em seu perfil empreendedor e apresenta-se como “candidato do novo jeito de fazer política, tratando a prefeitura como uma empresa, com serviço técnico e qualificado”.

Júlio Ferrari (PMDB)

Presidente da Câmara pelo 3º biênio, promete transparência, ética e uma gestão enxuta. Também se lança como novidade no processo por ter experiência circunscrita aos dois mandatos no Legislativo. “Sou renovação no Poder Executivo.”

Victor Coelho (PSB)

Com quatro siglas na coligação, o empresário tem em Renato Casagrande o principal aliado e na imagem do irmão Glauber Coelho, morto em 2014, um reforço de peso. “É a primeira vez que disputo. Mas sempre acompanhei o Glauber. Vamos empunhar a bandeira da renovação política, mas com qualificação.”

Romário Correa (PV)

Também do meio empresarial, foi candidato a vereador em 2012 e secretário de Serviços Urbanos e de Transportes na gestão de Casteglione. Nunca exerceu mandato, mas avisa: “Não sou aventureiro na política. O eleitor hoje quer votar na pessoa que pode fazer com que a cidade cresça, sem fazer um milagre”.

Prof. Jonathan (Rede)

Com 35 anos, é o mais jovem dos candidatos em Cachoeiro e se apresenta “sim, como terceira via e candidato da renovação política”. Buscará atrair votos da juventude, com propostas específicas.

Estreia na TV

Na primeira propaganda eleitoral na TV, Lelo Coimbra comparou pesquisas feitas por institutos diferentes (Futura e Ibope) para convencer que está crescendo. Já Amaro criticou a classe política (“só conversa fiada”), mas ignorou que ele faz parte da classe – apresentou-se como jornalista, omitindo que é deputado.

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