• Últimas da coluna

Em nome do Filho

Confira a coluna Praça Oito desta segunda-feira (26)


Eternamente desconfiado do governador Paulo Hartung, Max Mauro engoliu o orgulho, rendeu-se à vontade do filho e hoje, a seis dias do 1º turno, admite: “Vou me conformar”. O ex-governador se refere à decisão do deputado federal Max Filho de se lançar novamente candidato a prefeito de Vila Velha, indo contra a opinião expressa do pai, e mais que isso: tendo Hartung como um “entusiasta”.

Em abril, Max Mauro deu à coluna uma entrevista em que deixou clara a sua posição contrária à candidatura: “Só peço a ele que não venha candidato a prefeito. Max Filho deve olhar para a frente, para o futuro. Deve pensar o projeto político dele”. Um dos motivos que o deixava ressabiado quanto a essa candidatura era justamente a participação de Hartung como novo “incentivador” de Max Filho.

Embora não verbalizada, a preocupação do velho Max era clara: ele temia que o “incentivo” de Hartung no fundo não passasse de jogada do governador para remover o filho do tabuleiro eleitoral em 2018. Em recente entrevista à CBN, Max Filho chegou a afirmar que só decidiu ser candidato porque foi encorajado por Hartung: “Ele fez festa, ficou exultante com essa possibilidade”. A coluna voltou a entrevistar Max Mauro e perguntou se por acaso ele teme que o herdeiro possa se desapontar com PH, caso eleito.

“O município vai certamente merecer atenção por parte do governo do Estado. É o que esperamos. Não vai ocorrer o que ocorreu quando ele foi prefeito por oito anos e ficou marginalizado. Vou me conformar. Temos que esquecer isso e pensar no futuro. Acresce que o vice-governador (César Colnago), que é do PSDB e é parceiro do governo do Estado, pode dar essa contribuição a Vila Velha, com Max Filho chegando à prefeitura”, disse o velho Max, agora com novo discurso.

A respeito da sua opinião expressa na entrevista anterior – e da necessidade de agora esquecê-la –, Max Mauro a atribuiu justamente à sua idade avançada e ao sonho de um velho pai. “Estou caminhando para os meus 80 anos. Talvez eu tenha dito aquilo expressando meu desejo de que ele ascendesse, com o objetivo de um dia chegar ao governo do Estado. Mas ele é um homem adulto, independente e um político que respeito, além de amá-lo como pai. E escolheu a trajetória melhor para si. Mas espero que essa trajetória o leve futuramente ao governo. Ele pode ganhar força política para daqui a alguns anos. É novo, tem tempo, pode esperar mais um pouco. Mas é um sonho meu, como o de muitos companheiros.”

É fato que, se eleito, Max Filho fica totalmente fora do jogo sucessório de Hartung em 2018. Se derrotado, vale o mesmo: perde capital político e chega sem força para aspirar a algo mais que a reeleição na Câmara daqui a dois anos. Ou seja, no momento em que entrou nesta disputa, o deputado renunciou a qualquer ambição maior para 2018.

Também é fato que, antes de pensar em governo, o herdeiro político dos Mauro tem de garantir seu ingresso para o 2º turno e vencer a eleição municipal. Além disso, se eleito, não poderá governar a cidade já com a mente no Palácio Anchieta – caso em que estaria condenado ao fracasso administrativo. Mas o velho Max pode ter lá a sua razão: dando um passo para trás, Max Filho pode talvez se projetar alguns à frente, pensando em 2022 ou 2026. Isso, é claro, se eleito.

Para isso, tem contado com a presença do próprio pai com ele nas ruas. “É claro (que estou na campanha), como não fazia há muito tempo por ninguém. Estou caminhando, fazendo corpo a corpo. Estou presente em todos os momentos.”

Cena política

De uma forma bem gozada, durante evento em apoio à candidatura de Max Filho em Vila Velha, Magno Malta orientou os apoiadores de Max sobre qual não deve ser o mote da campanha (implicitamente, para enfrentar o prefeito Rodney Miranda): “Nada de ficar nesse negócio de dizer que não conhece os bairros pelo nome, que não sabe o nome das ruas. Eu mesmo, hoje, só consegui chegar neste lugar com a ajuda do GPS. E olha que moro aqui há muitos anos”. O local realmente era escondido: a sede do Sindipães, no bairro Novo México.

Os PTs de Marcos Bruno

No início da campanha, o deputado estadual Marcos Bruno (Rede) esperava obter declaração de apoio de Helder Salomão (PT) à sua candidatura a prefeito de Cariacica. Esta não veio e dificilmente virá, pois o grupo de Helder defendia candidatura própria, mas perdeu a disputa interna no PT. Segundo João Roberto Dudé, do PT de Cariacica, Helder só tem andado com os candidatos a vereador pelo PT na coligação com a Rede.

Os PTs de Marcos Bruno 2

Em compensação, o redista está contando com grande ajuda do grupo do deputado José Carlos Nunes (CNB, ligado à CUT). Decisiva em levar o PT de Cariacica a apoiá-lo, a corrente de Nunes, segundo Marcos Bruno, tem grande capilaridade na cidade. O grupo de João Coser também está com o deputado. O ex-prefeito de Vitória esteve no lançamento da candidatura dele a prefeito.

O plano de Rodney

Na última semana de campanha, o prefeito de Vila Velha, Rodney Miranda (DEM), vai se concentrar em atividades nas regionais 1 (Centro) e 2 (Araçás, Guaranhuns, Jockey etc.) pela manhã inteira e à noite. Juntas elas representam mais de 50% do eleitorado da cidade. “Meu sentimento é de que ainda temos bastante espaço para crescer aqui.” Rodney não se licenciará do cargo e continuará despachando no gabinete à tarde.

Relembrando fatos

Rodney diz que irá ao debate da CBN na próxima quarta com o espírito de discutir propostas, mas também de “relembrar alguns fatos do passado que reafirmam a importância de continuar nosso trabalho”. “Vamos comparar gestões. Mostrar o que eu fiz e mostrar o que eles diziam que iam fazer e não fizeram. Estou tranquilo e pronto para responder a provocações.”

Ver comentários