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Mad Max vs. Neucimarvel (Parte 3)

Confira a coluna Praça Oito desta sexta-feira, 28 de outubro


No debate da TV Gazeta entre Max Filho e Neucimar Fraga, transmitido no último sábado, o segundo bloco foi reservado para perguntas feitas pelos candidatos sobre temas sorteados na hora. O último tema a sair foi exatamente a corrupção. Teria sido a deixa perfeita para os dois trocarem acusações e se atacarem duramente, se estivessem dispostos a isso. Mas, com o espírito desarmado no sábado, ambos preferiram deixar passar a chance. Como está claro agora, estavam é guardando os últimos cartuchos para queimar no debate final CBN/A GAZETA promovido nesta quinta-feira– a última oportunidade para os dois se enfrentarem e se apresentarem a uma grande audiência.

As denúncias não chegaram a predominar no confronto, que ficou longe daquela selvageria protagonizada pelos dois no debate final dos mesmos veículos no dia 28 de setembro, fim do 1º turno. Mas a última parte desta trilogia de debates foi marcada por alguns picos de tensão entre os dois, sobretudo quando Neucimar perguntou a Max sobre as suspeitas de nepotismo e de favorecimento a uma empreiteira pertencente a um dos tios do ex-prefeito, em contratos emergenciais firmados por outro tio de Max como secretário municipal de Obras.

Visivelmente abalado com a pergunta sobre a “União dos Mauro”, Max ergueu a voz e, como fizera no debate do 1º turno, o dedo em direção a Neucimar, exigindo respeito e mandando-o lavar a boca com sabão. Sereno no restante do debate, Max passou do tom nesse momento, mas a verdade é que não respondeu à pergunta da qual sempre foge como um gato da água. Ponto para Neucimar, que conseguiu ali desestabilizar o oponente, mas não soube tirar o melhor proveito da oportunidade. Aliás, não soube ou não quis aprofundar o ataque. Até porque Neucimar pode até ser “o prefeito do concreto” – alcunha que Max lhe deu e que ele mesmo adotou –, mas o seu telhado político também não tem exatamente a mesma resistência.

Como mostrou no debate do 1º turno, Max, se quisesse, também teria munição de sobra para gastar contra o oponente. Desta vez, porém, não surgiram nem Júlio Camargo, nem o “próspero empresário do ramo imobiliário”, nem muito menos os tais “cinco dedos”. Como sutil ameaça, limitou-se a dizer que não responde a ação de improbidade nem tem bens bloqueados pela Justiça (implicitamente, como os tem Neucimar, no caso dos uniformes). No direito de resposta, Neucimar recolheu-se, e os ataques morreram ali.

No cômputo geral, Max adotou postura mais leve e um pouco mais propositiva, tentando deslocar o foco do passado para o futuro. O tucano foi para o debate com uma pastinha amarela a tiracolo. Dentro dela, as páginas brancas continham as perguntas mais light, sobre temas da cidade; as azuis traziam aquelas sob medida para atingir Neucimar, para serem usadas só em último caso. Max não julgou estas necessárias e ateve-se às páginas brancas, fazendo perguntas sobre lixo, educação, crise hídrica etc.

À frente na última pesquisa Futura, Max entrou em campo ontem para administrar o resultado e evitou correr riscos. Assim, coube a Neucimar a iniciativa de ir para o ataque e de sublinhar a todo instante a “comparação de modelos” – ele, supostamente, mais empreendedor, em face da lentidão atribuída a Max. Neucimar exagerou, porém, em se reportar aos feitos do passado, dedicando pouca atenção ao que pretende fazer no futuro. Também pecou em pregar o isolacionismo ao criticar Max por propor a integração com outros prefeitos para enfrentar questões metropolitanas. Por sinal, o herdeiro de Max Mauro voltou a se exibir como detentor das melhores parcerias nos planos estadual e federal e do “projeto mais articulado para a cidade”.

No fim das contas, o que pesou ontem, assim como na campanha inteira, foi mesmo a comparação dos resultados administrativos e das derrapadas éticas no passado – no pior estilo “o sujo falando do mal lavado”. A disputa eleitoral foi subvertida em outra, particular, para se provar quem tem a ficha mais manchada. O eleitor de Vila Velha merece mais e, finda esta trilogia de debates, é bom que o eleito no domingo, seja ele quem for, se recorde de outra trilogia bem melhor que esta e passe a dirigir o seu olhar de volta para o futuro. De Vila Velha.

Um TAG para a toga

Ainda sobre o projeto do TCES que pode abrir caminho para a celebração de um Termo de Ajustamento de Gestão com o TJES, o presidente da Associação dos Magistrados do Espírito Santo, Ezequiel Turíbio, opina o seguinte: “É uma alternativa. A depender dos termos a serem acordados com o TCES, o TAG é uma boa saída para resolver os problemas e dar tranquilidade aos gestores e servidores, já que a Justiça é um serviço essencial e não podemos fechar as portas do TJES.”

Te ensinei “certin”

Como parte da preparação para os debates, Amaro Neto tem feito simulações, nas quais o vereador Max da Mata, alçado a braço direito do candidato, interpreta o papel de Luciano Rezende.

Perdeu em casa

Por falar nisso, o desempenho de Amaro no debate da TV Vitória na noite de quarta foi bastante negativo. Sem o nervosismo do debate da CBN, Luciano insistiu em perguntas técnicas, mas básicas para quem quer ser prefeito. E provou que Amaro não sabe o que é o Programa Saúde da Família, tampouco a cobrança do laudêmio, não sabe explicar um currículo escolar e, pecado mortal para um candidato, desconhece a divisão administrativa do município por regionais.

Colnago, o curandeiro

Médico por ofício, o vice-governador César Colnago, segundo Max Filho, foi quem “curou” a relação entre ele mesmo e o governador Paulo Hartung.

A norma

A “norma” de Neucimar no debate de ontem foi sublinhar e criticar alianças de Max Filho, sobretudo a “República de Cachoeiro”: Magno Malta, Theodorico Ferraço, seu filho e sua mulher (que pode chegar à Câmara na vaga de Max).

Vem cá

E o caso do possível atentado a Marcelo Santos, deu em quê? E, já que o assunto é polícia, lobista da PM na Assembleia agora virou “embaixador” da corporação?

Cena política

No início de cada bloco do debate, o jornalista Fábio Botacin, mediador junto com Fernanda Queiroz, fazia o sorteio de quem começaria perguntando. Nos três primeiros blocos, saiu o nome de Max. “Que pena que o Fábio não vota em Vila Velha”, lamentou o tucano, aliviando a tensão no estúdio. Já no início do último bloco, Neucimar enfim foi sorteado e, como sempre, não perdeu a piada: “O importante é ganhar uma, pelo menos no final”.

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