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Colnago discorda de Hartung

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O vice-governador César Colnago quebrou nesta sexta-feira (02) o silêncio sobre o processo sucessório de Paulo Hartung em 2018, antecipado pelo próprio governador. E, assim como o senador Ricardo Ferraço, Colnago não está lá muito satisfeito com o tiro precoce de largada disparado por seu superior na hierarquia do Palácio Anchieta. “O timing está inadequado. Acho que está muito antecipado.”

Em entrevista dada a A GAZETA em novembro, Hartung citou como seus potenciais sucessores, além do próprio Colnago, o senador Ricardo Ferraço (PSDB), a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, e “outros quatro membros do governo”. Ferraço, como a coluna antecipou no último dia 20, não escondeu a insatisfação com a inauguração prematura do debate. “Desejo que sejam felizes”, reiterou então.

Embora em fogo mais brando, o vice-governador também deixa claro: mesmo respeitando as razões que podem estar motivando Hartung, Colnago considera prematura e inoportuna a antecipação desta discussão por parte do governador, a dois anos do pleito estadual. “Acho que pode ser que ele (Hartung) não queira repetir coisas de um passado recente, em que essa definição ficou muito em cima da hora”, pondera Colnago, referindo-se à troca de Ferraço por Casagrande na cabeça da chapa governista, costurada por Hartung, em abril de 2010.

Ponderação feita, Colnago se inclina mais a concordar com Ferraço, para quem é até desrespeitoso fazer tal debate em meio a uma crise como a que hoje atravessa o país. “Está muito distante de qualquer movimento concreto, até porque são tantas as variáveis e a inconstância do processo político. Aí vou repetir uma coisa que Ricardo falou: estamos vivendo uma crise ética, financeira, institucional. Temos que ver o que vai acontecer no ano que vem. Então todas as possibilidades serão consideradas. Mas não dá para decidir nada agora. Acabamos de sair de uma eleição... Fica parecendo que político só pensa em poder e na sucessão. Então, este não é o momento. Por mais que essa decisão não possa se dar em cima da hora, e o governador tem isso na cabeça, tampouco pode ser tomada assim, com tanta antecedência. Não tem efeito prático.”

Questionado se puxar esse debate agora é algo precipitado, Colnago confirma: “Está muito antecipado. Não pode deixar para a undécima hora. Nisso o governador tem razão. Mas também não pode ser com tanta distância de 2018, com um cenário de 2016 ainda indefinido e ainda todo o ano de 2017 pela frente. Não pode ser nem na undécima hora nem com tanta antevéspera. Este não é o momento oportuno, com todo o respeito aos que acham que têm que discutir agora sucessão, inclusive o governador. Aqueles que quiserem, que discutam”.

Colnago, portanto, em raríssima discordância pública com Hartung, considera que ele está se precipitando um pouco em antecipar esse processo. “Agora, ele tem vivência, sabe o que está fazendo. Só que, na minha opinião, tem muitas coisas ainda por acontecer. E não dá para definir nada agora. Está muito cedo. Tem muita água para passar debaixo dessa ponte.”

Colnago, assim, tal como Ferraço, prefere não entrar na pilha e ganhar mais tempo para tomar sua decisão. Até porque, a propósito de pontes, em algum momento os dois tucanos sabem que terão que construir uma entre eles. Quanto ao projeto de chegar ao Palácio, só um dos dois poderá cruzar a ponte que leva até lá. Depois terá que queimá-la e não poderá voltar atrás.

Cena Política

Na sessão do Senado em que se discutia o fim da reeleição, a senadora Rose de Freitas ficou um tanto aborrecida porque o colega Jorge Viana (PT-AC), que conduzia a sessão, a fez esperar um pouco na fila dos inscritos para falar. Viana disse que se confundiu, e Rose não vacilou: “Meu nome parece com José, com Moisés. Mas não entendo por que, quando leem, não entendem Rose”. Aí, sucedendo a senadora, Flexa Ribeiro (PSDB-PA) chamou-a de Rose de Castro. É, tá mesmo difícil acertar esse nome.

Não é hora disso

Para o vice-governador César Colnago, o maior desafio dos governantes neste momento é enfrentar a crise com a atual dimensão, para se preservar o Estado de Direito e resolver problemas graves para a população, como a inflação e o desemprego. “Isso tudo é mais importante neste momento do que a eleição [de 2018], que está muito distante.”

Colnago e Ferraço

Colnago afirma que ele e o senador Ricardo Ferraço (PSDB, como o vice-governador) ainda não conversaram sobre candidatura em 2018. Se pretendem fazê-lo? “Sim. Vai chegar o momento.” Questionado se o governador Paulo Hartung pode ter inaugurado este debate para acelerar um entendimento entre os dois tucanos, Colnago opina: “Pode ser. Mas não posso falar pelo governador.”

Recados de Hartung

Na última terça-feira, na solenidade de lançamento da licitação para a segunda etapa da Leitão da Silva, o governador Paulo Hartung encerrou a sua fala com a seguinte mensagem: “Vamos nos manter unidos. Manter-nos unidos não significa ausência de divergências, mas unidos nas questões maiores”. Só para lembrar: o prefeito Luciano Rezende não estava presente. Já o deputado Amaro Neto, adversário eleitoral de Luciano, sentou-se quase ao lado de Hartung.

Recados de Hartung 2

Além de reforçar o discurso com ênfase no aperto financeiro – “Estamos, na linguagem popular, nos virando nos 30” –, Hartung mandou outro recado, talvez endereçado a Amaro, jovem aliado que, na campanha em Vitória, encarnou a antipolítica. “Temos que formar lideranças não só no país, mas também no Estado. Sem desqualificar a política” ressalvou.

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