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Atrás da Mesa Diretora

Confira a coluna Praça Oito desta quarta-feira, 7 de dezembro


O governador Paulo Hartung e Theodorico Ferraço andam precisando muito um do outro neste encerramento de ano legislativo. Decisivos para ambos, esses próximos quinze dias terão como pano de fundo a eleição da Mesa Diretora na volta aos trabalhos, em fevereiro.

Trata-se de um momento delicado para o governo, no qual o Orçamento de 2017 ainda depende de aprovação, bem como outros possíveis projetos de interesse do Executivo. Por isso, Hartung precisa de um plenário amistoso – logo, de um Theodorico afável. Como afirmamos na última segunda, a relação do Palácio com o plenário não passa por seu melhor momento, resultado da soma de insatisfações pontuais com a frustração geral causada pelo corte na execução de emendas este ano. “O resto é que deputado sobrevive de toma-lá-dá-cá. E ninguém quer ficar muito ao lado de governo que só fica alegando crise”, constata experiente observador da cena legislativa. A Casa chegou a ameaçar entrar em Operação Corpo Mole.

Por isso, o governo vem operando para reconstruir a relação com a base. Trabalho para o chefe da Casa Civil, Zé Carlinhos da Fonseca Junior, cuja atuação, de modo geral, é vista por deputados como um salto evolutivo em relação ao antecessor no cargo, Paulo Roberto.

Não sem motivo, ante os primeiros sinais de brasa espalhada, o governo se apressou a recuar na decisão de fixar em R$ 1 milhão o valor das emendas de cada deputado na peça orçamentária que tramita para o ano que vem. Repôs o valor em R$ 1,2 milhão. O efeito político disso? Praticamente nulo. Escaldados, deputados perceberam o movimento como um sopro do governo após a mordida nas emendas previstas para o atual exercício, só para ficar bem com o plenário. Sabem que, como no atual exercício, não há garantia real de que o governo cumprirá a palavra empenhada, e a história poderá se repetir.

Para superar a atual turbulência e garantir um voo com o mínimo desconforto nos próximos dois anos, o Palácio poderia até estar disposto a apoiar a candidatura de Theodorico à presidência, desde que conseguisse garantir, como contrapartida, dois grandes hartunguistas ombreando o presidente, nos cargos de 1º e 2º secretários da Mesa. Seria uma forma de manter Theodorico sob controle e sob constante vigilância, contendo eventuais arroubos e contrabalançando seus poderes.

Nesse arranjo, alguns nomes que podem vir a compor chapa com Theodorico são aqueles mesmos hoje ventilados como possíveis candidatos governistas ao comando da Mesa: Erick Musso, Dary Pagung e Rodrigo Coelho. Os três negam pré-candidatura e qualquer interesse em debater o tema agora.

Quanto a Theodorico, seguindo o seu padrão, não admite interesse pessoal na disputa. Mas dificilmente estará disposto a abrir mão do status do cargo. Ao contrário, para nele se manter, usará a seu favor todas as armas que estiverem a seu alcance. Se puder ser reeleito com as bênçãos do Palácio renovadas, bem. Contudo, calejado como é, viria colocando em prática uma outra estratégia para garantir os 15 votos necessários à sua recondução: busca atrair também a simpatia de deputados menos vinculados a Hartung e mais ligados a Renato Casagrande, com uma série de acenos.

O mais recente deles é a disposição em não retardar nem um pouco a votação das contas do ex-governador no plenário, com parecer pela aprovação já carimbado pela Comissão de Finanças. Se conseguir os votos dos não tão hartunguistas e os de pelo menos metade da base, a reeleição está no papo.

Contas de Casagrande

O presidente da Assembleia, Theodorico Ferraço, garantiu à coluna: assim que o parecer de Euclério Sampaio, relator das contas de 2014 de Renato Casagrande na Comissão de Finanças, chegar à Mesa Diretora, ele vai pautar o parecer imediatamente para ser votado em plenário.

Tramitação

Aprovado na última segunda pela Comissão de Finanças, o parecer de Euclério, pela aprovação das contas de Casagrande, agora precisa ser encaminhado à Mesa pelo presidente da comissão, Dary Pagung. Regimentalmente, Dary não tem prazo para fazer isso. Uma vez na Mesa, o parecer é pautado por Theodorico, lido em sessão e pode ser apreciado em até duas sessões após a leitura.

Enivaldo: só Ferraço

Segundo o 1º secretário da Mesa, Enivaldo dos Anjos, ninguém na Assembleia conhece nenhuma candidatura à presidência da Mesa a não ser a do atual presidente. “Não conheço nenhuma candidatura que tenha sido colocada além da do Ferraço. Se outros movimentos existem, existem individualmente.”

Asa de águia

Sem interesse em permanecer na Mesa em outro cargo, Enivaldo diz apoiar a reeleição de Theodorico. “Sou da opinião de que, pelo trabalho que tem feito, ele merece ser reeleito.”

Homenagem a Sergito

O governador Paulo Hartung e a secretária de Estado de Comunicação, Andréia Lopes, fizeram falas em tributo ao jornalista Sérgio Egito, durante solenidade realizada na tarde de ontem para homenagear repórteres da RTV vencedores do Prêmio Findes de Jornalismo. Sepultado na última segunda-feira, Egito chegou a dirigir a RTV.

Cena política

Theodorico Ferraço segue sem pôr a cabeça para fora da porta. Mas, com estilo bem mais retilíneo, Enivaldo dos Anjos prefere chegar arrombando a mesma. Indagado se Theodorico estaria se articulando, responde o 1º secretário da Mesa: “Está se articulando, não. Ele é candidato! Pode até estar despistando que não é, mas é. A emenda da reeleição foi feita só para ele. Foi direcionada para a candidatura dele, dizendo que só ele poderia se reeleger. A emenda não tratou de reeleição. Tratou da reeleição de Ferraço”.

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