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'Minha vida mudou quando percebi meus privilégios', diz Fernanda Lima

"Minha vida mudou quando percebi meus privilégios", diz Fernanda Lima

Sou branca, sulista, heterossexual... São muitos lugares de privilégio", afirmou Fernanda, lembrando, na entrevista, o episódio em que foi chamada de racista por postar uma foto de suas babás, dizendo que não as obrigava a vestir branco

Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 13:26

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(Raquel Cunha/Globo)

A apresentadora Fernanda Lima, de 41 anos, é capa da revista Trip de dezembro. Entrevistada por Milly Lacombe, sua colega de produção do programa Amor & Sexo (Globo), Fernanda desabafa sobre os ataques que vem sofrendo e porque vale a pena enfrentá-los. Ela afirma que nasceu cheia de privilégios, mas que isso não tira o seu direito e dever de lutar por um país melhor.

"Minha vida mudou quando me dei conta dos meus privilégios, e nem sempre isso foi óbvio. Sou branca, sulista, heterossexual... São muitos lugares de privilégio", afirmou Fernanda, lembrando, na entrevista, o episódio em que foi chamada de racista por postar uma foto de suas babás, dizendo que não as obrigava a vestir branco. "Dói crescer porque a gente confronta pensamentos interiorizados que nem a gente sabia que tinha. "

Ela conta como aprendeu a se posicionar e ver o mundo com olhos mais atentos. "Guria, eu poderia ter sido uma Barbie. Sou uma mulher dentro dos padrões, tenho um maridão, dois filhos, vivo bem e, se seguisse o recado do mundo, estaria bem quietinha comprando uma casa em Portugal e ninguém me esculhambando nas redes sociais. Mas eu disse para o mundo que não vou por aí", afirma a apresentadora.

Fernanda, que vive com a família nos Estados Unidos, afirma que escolheu sair do país para viver no anonimato, mas que nunca deixará de ser uma cidadã brasileira. "Morar fora não me tira o direito de participar das lutas em que acredito para construir um país melhor. Minha casa sempre foi e vai ser o Brasil. Trabalho no Brasil, pagos meus impostos no Brasil. O pior seria se eu morasse fora e ficasse calada, não?"

Como modelo, Fernanda viajou o mundo ainda bastante jovem, mas ela diz que a maior aprendizado veio com Amor & Sexo, que ela não imaginava que seria tão importante. "De repente fui vendo o frentista me pedindo para abrir o vidro do carro para me contar que a mulher dele não gostava de sexo, o porteiro me chamar pra dizer que tinha desejo em homem e que não sabia como lidar... Aí eu falei: 'Meu Deus, que missão eu tenho aqui!'".

Em meio a um furacão de críticas, Fernanda se mantém firme com os seus discursos contra o racismo, contra o machismo e contra a homofobia, seja na TV ou nas redes sociais. "Às vezes pergunto: "Você é contra gays?". E elas: "Não". "É racista?" "Não." "É contra justiça social?" "Não." "Mas então por que tu tá criticando?" Nunca ouvi uma resposta que me convencesse", diz a apresentadora.

Por comentários críticos e até ofensivos, Fernanda Lima chegou a bloquear comentários em suas redes sociais e até processou o cantor Eduardo Costa, que a xingou de "imbecil".

Para ela só há uma explicação: "Só posso pensar que essas estruturas de poder estão internalizadas a ponto de causar uma espécie de confusão entre o sentir e o dizer, uma confusão que fantasia que feminismo é contra o homem, que justiça social é pauta de determinado partido".

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Fonte: Folhapress. 

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