O desastre do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em Minas Gerais, no dia 25 de janeiro, também afetou em cheio o Espírito Santo. No mês de fevereiro, a produção industrial capixaba registrou a maior queda em todo Brasil, com uma retração de 9,7% das atividades em relação a janeiro.
Já na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda na indústria foi ainda maior, de 11,7%, sendo que a maior redução de atividades se deu justamente na indústria extrativa, com retração de 21%, segundo dados divulgados nesta terça-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo pesquisadores do Instituto, esse resultado foi pressionado pela queda na produção de minério de ferro, já que além da mina do Córrego Feijão, em Brumadinho, a Vale paralisou atividades em outros 19 minas que possuíam barragens a montante em Minas Gerais. Boa parte dessa produção era escoada pelo Espírito Santo.
O economista Eduardo Araújo ressaltou que além da diminuição das atividades da Vale, o desastre impactou ainda várias outras empresas capixabas que fazem parte da cadeia de fornecedores ou que são abastecidas pela mineradora. Prova disso é a queda também no segmento de metalurgia, que apresentou retração de 4,5% no Estado em fevereiro.
Nessa cadeia estão empresas como a ArcelorMittal e também companhias menores, como a CBF Indústria de Gusa, em João Neiva, que precisou desligar um dos seus alto-fornos de produção de ferro-gusa e demitir funcionários, conforme a colunista Beatriz Seixas noticiou em primeira mão no Gazeta Online.
"A indústria extrativa tem uma participação muito grande na atividade econômica capixaba e também engloba outras empresas que, em boa parte, já estavam sacrificadas em função da paralisação da Samarco, desde 2015. Então esse foi um novo golpe. Vale lembrar que a empresa chegou a relativizar e dizer que não haveriam reflexos no Espírito Santo, mas não é o que se vê", afirmou Eduardo.
Risco
Para o economista, o resultado acende um alerta para toda a economia capixaba. "Isso pode colocar em risco o desempenho econômico do Estado em 2019, no PIB, já que a queda foi tão grande. Além disso, as indústrias do Espírito Santo ainda não vem sentindo nenhum efeito de recuperação, nem acompanhando a elevação de expectativas dos empresários".
No Estado, a queda da produção industrial foi maior inclusive que a de Minas Gerais, que protagonizou o desastre, onde a retração foi de 4,7%. "A dependência do Espírito Santo da atividade extrativa é muito maior do que a de Minas. Isso traz uma reflexão da necessidade que o Estado tem de diversificar de forma urgente a atividade econômica em outras frentes, já que a atividade extrativa tem esses riscos e é finita", comentou Eduardo, que completou:
"É preciso adotar medidas que possam favorecer o ambiente de negócios e desenvolver outras atividades que ajudem a diversificar a nossa matriz econômica, preferencialmente fazendo a transição para uma indústria limpa", disse o economista.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta