Luzes, palco, ação. De fora, tudo parece glorioso: as roupas, o dinheiro e toda a grandiosidade do show business parece algo desejável e cativante. Mas enquanto tudo parece lindo sob os holofotes, nos bastidores acontece o drama real e o peso de todo esse espetáculo.
É a dualidade do homem que é a personificação viva do glamour artístico que Rocketman expõe nos cinemas. Mostrando a vida e carreira de Elton John, ou Reginald Dwight, seu nome verdadeiro, o filme fala sobre as duas metades do cantor que saiu de Londres e se tornou um dos maiores artistas vivos hoje. De um lado, todo o sucesso, o encanto e o espetáculo que cercava sua vida pública. Do outro, fracassos, vícios e problemas que rodeavam a vida particular do músico.
Toda essa contraposição é incorporada por Taron Egerton da melhor maneira possível. Sua atuação demonstra que, ao mesmo tempo em que seu personagem é extremamente talentoso, ele consegue se afundar em diversos vícios. Vale pontuar que ele também canta e dança em cena, mostrando enorme comprometimento não visto, por exemplo, no Freddie Mercury de Rami Malek em Bohemian Rhapsody.
DIREÇÃO
Outro ponto positivo é a abordagem do lado obscuro da vida do compositor britânico: o diretor Dexter Fletcher nunca suaviza a conturbada vida de Elton com drogas, álcool e sexo. O próprio cantor negou que o estúdio abrandasse a história. Ele chegou a afirmar ao jornal The Guardian que como não viveu uma vida com classificação para menores, não queria isso em sua cinebiografia.
Eu não queria um filme recheado de drogas e sexo, mas, igualmente, todos sabem que tive bastante dos dois durante os anos 1970 e 1980, então não fazia muito sentido produzir um longa que mostrasse que, depois de cada show, eu voltava para o meu quarto de hotel com apenas um copo de leite quente e uma Bíblia dada por um Gideão como companhia.
Esse lado mais pesado da história é muitas vezes reforçado pela abordagem musical dada à produção, permitindo que o texto tome diversas liberdades poéticas e altere alguns acontecimentos históricos. O gênero também faz fluir melhor as passagens de tempo, deixando o filme dinâmico e versátil.
O lado musical também exalta as mais famosas canções compostas por Elton John e seu compositor e amigo, Bernie Taupin (Jamie Bell). A amizade dos dois também é um arco importante da trama. A química entre os atores é inegável e o filme ganha muito quando o diretor resolve mostrar a reação de Bernie diante dos excessos do amigo, preferindo muitas vezes se ausentar ao vê-lo sofrer.
Outra relação que marca a obra é a do cantor com o gerente musical John Reid (Richard Madden). Vale pontuar que o filme faz história mostrando uma das cenas de sexo gay mais realistas do cinema.
Mesmo com ótimas atuações, o longa peca na representação da personagem Sheila (Bryce Dallas Howard), mãe de Elton John. Ela está na trama basicamente para falar coisas ruins, não há um arco palpável para a personagem.
EXTRAVAGÂNCIA
O figurino também é um dos pontos altos do longa, mostrando que as roupas espalhafatosas começaram como atributos para os shows e passaram a ser parte vital do personagem que Elton representava sob os holofotes. Esse elemento foi usado até de forma metafórica pelo filme: quanto menos fantasias seu protagonista usa, mais intimista a obra fica.
No fim, Rocketman é um estudo sobre a fama e o peso que ela impõe, de maneira que consegue ser realista ao mesmo tempo que é fantasioso. Mesmo com alguns problemas, é um filme que merece ser visto pelos fãs do cantor, por fãs de musical e por aqueles que gostaram de Bohemian Rhapsody, para verem como se faz uma boa biografia de maneira inventiva e criativa.
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