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Livres não se arrepende de ter deixado Bolsonaro

Livres não se arrepende de ter deixado Bolsonaro

Em visita a Vitória, líder de movimento afirma que parte do governo é um desastre gerencial

Publicado em 28 de junho de 2019 às 10:54

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Eles eram o PSL, partido do atual presidente. Controlavam 12 diretórios estaduais e planejavam comandar nacionalmente a sigla. Já defendiam o liberalismo na economia e nos costumes. Mas aí a agremiação decidiu, em janeiro de 2018, dar acolhimento, apoio e estrutura para que o então deputado federal Jair Bolsonaro (ex-PSC) concorresse à Presidência da República. Como consequência, os membros do movimento Livres, até então figuras seletas e repletas de poderes decisórios, decidiram deixar o partido.

Presidente nacional do movimento, Paulo Gontijo afirma que os seis meses de governo não trouxeram nenhuma sombra de arrependimento na decisão de não se atrelar ao deputado que venceria a eleição. Pelo contrário. Apenas confirmaram que a saída foi a melhor escolha.

O Livres define-se como um movimento suprapartidário que se dedica à formação de novas lideranças. Gontijo é filiado ao PPS e disputou a eleição para deputado estadual no Rio de Janeiro em 2018.

Ele estará em Vitória hoje para debater “Renovação Política e Gestão Eficiente”, em evento da Comissão de Desburocratização e Empreendedorismo da Câmara de Vitória, colegiado presidido pelo vereador Mazinho dos Anjos (PSD).

O senhor vem a Vitória falar de renovação política. Qual o impacto na vida pública, na sua visão, da mudança de nomes no Congresso na eleição de outubro?

Vimos a criação de bancadas até então inexistentes – a principal delas, a do PSL – e a diminuição de algumas, até então tradicionais. Isso gerou, visivelmente, novas práticas. Algumas boas e outras ruins. Estrutura de gabinetes e corte de custos estão na pauta. Tem também uma hiperexposição. Parte dos eleitos é celebridade na internet. E existe uma coisa de discursos histriônicos. O excesso de exposição tem o efeito colateral de fazer o debate ser um pouco mais superficial.

E qual o balanço? As mudanças são mais positivas do que negativas?

Ainda é difícil saber. Temos a metade do primeiro ano. Vai depender do que vai ser aprovado na legislatura. Temos um período de curva de aprendizado.

O que tem achado do debate em torno da Reforma da Previdência? Às vezes, ela é colocada como salvação da lavoura.

O clima para a aprovação nunca foi tão favorável. Nunca se debateu tanto, e com razão. O tema é urgente. Ela é a mãe de todas as reformas. Definirá solvência ou insolvência do governo, espaço para investimentos e poderá ser ruptura com o corporativismo, ao menos parcialmente.

Acredita que tudo isso será alcançado pela reforma que passará?

Na questão fiscal, sim. Vai abrir espaço, mas não resolve tudo. É a mãe de todas as reformas, mas não resolve tudo. Tem que passar reforma tributária, a MP da liberdade econômica e reformas estruturantes.

Como avalia o esforço, por parte até de políticos tradicionais, para que a política seja feita desprendida de partidos?

É mais um sintoma de duas coisas: uma é a falência dos partidos como organizações. São lentos para se adaptarem. Todos tem regras pouco claras, são poucos transparentes. Outra coisa é que ninguém fala de reforma política. Temos 35 cartórios que monopolizam a vida política do país. O cidadão comum fica no modo de “tanto faz”, vota no personalismo.

O sistema político e eleitoral tem muitos vícios. É mesmo possível formar novas lideranças?

Movimentos políticos, e falando aqui da cadeira de um deles, tornam-se alternativas para isso. São forma de pressionar partidos de fora para dentro. No Livres, temos preocupação de formar, sim, novas lideranças. E não só eleitorais, mas intelectuais, de associações de bairro, que ajudem o debate público.

E dá resultado, de fato?

Temos casos de sucesso. Ganhamos a eleição suplementar da Prefeitura de Teresópolis (RJ). A eleição tinha um mês. Nosso candidato, que nunca tinha disputado nada, saiu de 0,7% para ganhar por dois votos de diferença. Existe demanda por político qualificado.

Mas como o cidadão pode diferençar a figura que quer entrar na política para fazer diferença do aventureiro?

O tempo vai mostrar. O politico qualificado tem que mostrar que é. A política são pessoas capazes de comunicar com o eleitorado, para dizer que não basta só cortar gastos.

O objetivo é formar líderes que passam longe do populismo.

Quando o Livres decidiu se afastar do PSL por causa do Bolsonaro, não acreditavam que ele seria liberal nem na economia. Mantém a opinião?

A análise foi muito acertada. Bolsonaro continua não sendo liberal na economia nem nos costumes. Ele tem uma equipe econômica liberal e qualificada que faz um bom trabalho, apesar do Bolsonaro. Boa parte do governo é um desastre gerencial.

Quais as pretensões do Livres?

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Não vai virar um partido, vai ser um movimento suprapartidário. Nossa atuação ajuda a melhorar os partidos. Em 2020, a gente pretende eleger em torno de sete prefeitos e 20 vereadores no país.

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