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A cada cinco pessoas, duas faltam a consultas no ES

A cada cinco pessoas, duas faltam a consultas no ES

Em exames, ausências chegam a 35%. Faltas dão prejuízo

Publicado em 31 de julho de 2019 às 01:04

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Atendimento médico qualificado nas unidades de saúde evitaria encaminhamento a especialistas sem necessidade. (ARQUIVO)

A cada cinco pessoas que marcam consultas com médicos especialistas na rede pública de saúde do Estado, duas sequer comparecem ao atendimento. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a taxa de absenteísmo é de 39%. No caso dos exames, não é diferente: 35% de quem agenda não comparece.

A situação é considerada um problema para o Estado. Isso porque, além de onerar os cofres públicos - o Estado paga pelo exame ou pela consulta mesmo quando o paciente não comparece - os faltosos acabam ocupando um lugar na fila que poderia ser utilizado por pessoas que de fato precisam.

Segundo o subsecretário de Estado da Saúde Para Assuntos de Regulação e Organização da Atenção à Saúde, Tadeu Marino, para conseguir consultas em algumas especialidades médicas, a espera pode chegar a seis meses. No entanto, a média de tempo entre o pedido e a data da consulta é de 100 dias no Estado. “Há especialidades que têm mais carga represada, como a neurologia, psiquiatria e oftalmologia. Há ainda aquelas que, mesmo no privado, não são fáceis de encontrar, como reumatologia”, aponta.

A dona de casa Maria da Glória Silva dos Santos, de 59 anos, está tendo que esperar dez meses para a data da consulta com o cardiologista. A consulta marcada em outubro do ano passado só vai ser realizada na próxima sexta-feira (2). “Eu fazia tratamento com um cardiologista, mas só consegui o retorno com outro profissional depois de dez meses. O clínico geral já me passou a receita para comprar, por seis meses, os medicamentos para o coração”, pontua.

Já a estudante Júlia Marques, de 26 anos, cansou de esperar por uma vaga e precisou desembolsar R$ 250 por uma consulta com um endocrinologista. “Após o encaminhamento de um clínico geral eu tentei marcar consulta com um especialista, mas nunca obtive resposta. Acabei não indo atrás e paguei pela consulta. Eu não podia esperar um, dois, três meses. Era urgente”, conta.

CAUSA

Segundo Marino, o absenteísmo tem muitas causas. De um lado, há a questão do paciente que, por um motivo ou outro, não consegue ou desiste de comparecer. “Às vezes a pessoa estava se sentindo mal quando marcou, mas acha que já melhorou e acaba não comparecendo. Há ainda o vai-e-vem do interior: se um ônibus de prefeitura quebra e não sai, dezenas de pessoas perdem suas consultas e exames”. Ele cita ainda quem não tem dinheiro para arcar com o transporte até o local do exame, ou não pode faltar o trabalho naquele dia.

Por outro lado, ele diz que o alto índice de faltas a consultas e exames também é consequência de gestão pouco qualificada nas unidades de saúde dos municípios, que encaminham pacientes aos especialistas, às vezes, sem necessidade.

“Nos municípios onde há atenção básica qualificada, menos consultas são encaminhadas aos Centros de Especialidades. Se a gente qualifica e amplia a atenção primária os problemas são resolvidos na porta de entrada do sistema”, afirma.

Segundo Marino, nos países do mundo onde a atenção primária é valorizada, 85% dos problemas dos pacientes são resolvidos nas unidades básicas.

Sobre os exames, ele diz que muitos são pedidos sem necessidade, o que “incha” a fila e coloca lado-a-lado quem precisa daquele resultado e quem poderia ser diagnosticado de outra maneira. “Muita gente nem vai buscar o exame”, conta.

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