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Casal capixaba colocou lanchas e imóveis em nome de laranjas, diz PF

Casal capixaba colocou lanchas e imóveis em nome de laranjas, diz PF

O patrimônio oculto dos empresários, que supera os R$ 40 milhões, teria sido obtido por meio de fraude contratos de câmbio. Os dois são alvo da Operação Masqué, da Polícia Federal

Publicado em 20 de agosto de 2019 às 23:49

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Sede da Polícia Federal em Vila Velha. (Fernando Madeira)

As investigações da Polícia Federal e da Receita Federal apontam que o casal de empresários capixabas alvo da Operação Masqué, deflagrada nesta terça-feira (20), ocultou do patrimônio, além de duas lanchas, 76 imóveis, a maior parte deles em Vila Velha. São salas comerciais, casas e apartamentos, alguns deles de luxo. Os bens eram colocados em nome de laranjas. 

O patrimônio oculto, que supera os R$ 40 milhões, teria sido obtido através da prática de evasão de divisas por meio de empresas constituídas pelo casal para fraudar contratos de câmbio. Os dois são investigados por lavagem de dinheiro

O casal, que atua no ramo de comércio exterior, era usado como intermediário de empresas de São Paulo que queriam desviar recursos para fora do país. Os capixabas, pelo serviço, recebiam uma comissão, cujo valor não foi revelado pela Receita.

DOCUMENTOS FALSOS

Eles utilizavam uma documentação forjada, como conhecimentos de transporte marítimo, e do auxílio de funcionários de uma corretora de valores, para a celebração de contratos de câmbio, enviando dinheiro irregularmente ao exterior. O grupo repetia as mesmas declarações de importação (documentos relativos ao processo de importação de bens e mercadores junto à Receita) em vários contratos de câmbios diferentes.

Dessa forma, usando uma mesma Declaração de Importação em vários contratos de câmbio, os investigados simulavam diversas importações usando a documentação referente a apenas uma operação regular. Os pagamentos repetidos serviam, na verdade, para mandar dinheiro ilegalmente para fora do país. Na época, auditores da Receita autuaram os envolvidos em R$ 894 milhões (montante inscrito em dívida ativa).

R$ 1 BILHÃO

Mesmo com essa investigação em curso, o casal teria continuado a praticar crimes até 2017. Por isso, o delegado-adjunto da Receita Federal no Espírito Santo, Ivon Pontes Schayder, aponta que a movimentação de recursos irregulares pode ser ainda maior.

"Estima-se em um apanhado, levando-se em conta o período anterior a 2009 e posterior a 2010, que tenha sido remetido por esse casal um valor ilegal da ordem de R$ 1 bilhão", lembra o delegado-adjunto.

Na idioma francês, Masqué significa mascarado. O nome escolhido pela equipe da operação se deve ao fato do casal ter supostamente escondido esse patrimônio com o auxílio de laranjas que estão sendo identificados pela Polícia.

Além dos empresários capixabas, um advogado que atua em São Paulo também é investigado. Informações preliminares da Polícia apontam que ele foi contratado para tentar proteger os suspeitos contra a atuação de órgãos como a Receita Federal e a Polícia Federal.

Esse mesmo advogado, segundo a Polícia Federal, já tinha sido preso em 2017 por fatos parecidos aos apurados na Operação Masqué. A ação desta terça-feira é um desdobramento de uma investigação da Receita Federal que identificou a prática de evasão de divisas entre os anos de 2009 e 2010, num total de cerca de U$ 100 milhões em 1178 contratos de câmbio fraudulentos. Esses recursos eram enviados, em sua maioria, para Hong Kong e para a China.

SIGILO

A investigação dos crimes de lavagem de dinheiro corre sob sigilo e por isso os nomes dos envolvidos não foram divulgados pela Polícia Federal. A PF, porém, acredita que a compra dos imóveis e da lancha sequestrados pela Justiça Federal foram feitas com esses recursos irregulares, colocando os bens no nome de laranjas.

"Basicamente a interposição de terceiros na qualidade de proprietários dos imóveis que foram adquiridos pelo casal com os recursos ilícitos oriundos dessas condutas mencionadas. É um volume considerável de imóveis", comenta Pancho Rivas Gomes, delegado da Polícia Federal.

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A operação contou com a participação de 22 policiais federais e membros da Receita Federal, que cumpriram quatro mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais ligados aos investigados, em Vila Velha, e em São Paulo.

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