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Ataque na Arábia Saudita pode aumentar preço da gasolina no ES

Ataque na Arábia Saudita pode aumentar preço da gasolina no ES

Queda na produção de petróleo saudita por conta de ataques terroristas fez o preço do barril de petróleo disparar nas bolsas internacionais. Combustíveis automotivos podem ficar até 10% mais caro nas refinarias

Publicado em 16 de setembro de 2019 às 19:12

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Plataforma de exploração de Petróleo. (Helmut Otto | Divulgação)

Uma crise do petróleo na Arábia Saudita, após ataque de drones no final de semana, pode aumentar o preço dos combustíveis no Espírito Santo. O motivo é a disparada no preço do barril de petróleo na cotação internacional, nesta segunda-feira (16). Os impactos podem ser de 8% a 10% no valor de venda nas refinarias.

No fim de semana, instalações da petroleira saudita Aramco foram alvo de drones, o que fez com que a produção do país caísse pela metade. Tal redução representa 5% de todo o petróleo que é produzido em todo o mundo. Assim, o preço do barril de petróleo passou a ser comercializado a US$ 72 na bolsa de Londres - uma alta de 20% - e seguiu variando durante toda a manhã.

Alguns analistas dizem que o custo da commodity pode chegar a US$ 100 dólares no comércio exterior. Em entrevista à Rádio CBN, a jornalista Míriam Leitão disse que o atentado terá reflexos imediatos no Brasil e será, de certa maneira, uma forma de dar clareza a atual política de preços da Petrobras.

Para o especialista em energia Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura, os ataques com drones trarão como resultado aumento de 8% a 10% nas refinarias brasileiras. A expectativa é que isso ocorra até o final da semana. 

Ele diz que ainda não é possível medir o tamanho do problema. "Sabemos que o ataque reduziu pela metade a capacidade de produção da Arábia Saudita, que responde por 10% da produção mundial de petróleo. Agora vamos ter de esperar para ver em quanto tempo a Arábia Saudita retoma sua produção, se os Estados Unidos vão usar seu estoque estratégico para o mercado, qual o tamanho desses estoques no mundo", explica.

Especialistas acreditam que o impacto será imediato no preço da gasolina e do diesel. A alta deve acarretar, também, o aumento da inflação. Tanto o gasto dos consumidores comuns com abastecimento e a elevação do frete - que repercute no preço das mercadorias - devem pressionar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

"Os dois maiores componentes na formação da gasolina são o preço do dólar e do barril de petróleo. O dólar já está alto por conta do cenário internacional, que está conturbado. Agora, esse ataque também deve aumentar o preço do barril. Logicamente, essas altas vão ser refletidas para os consumidores se a situação não for brevemente contornada", avalia o economista Mário Vasconcelos.

"Esse aumento pode ser refletido tanto no gasto com transporte quanto no aumento da inflação. A Petrobras vai ter que repassar o aumento para as refinarias e, consequentemente para os clientes. Não tem como a empresa subsidiar, se não pode acabar quebrando", acrescenta.

Uma das possibilidades é que o aumento da inflação acarrete, também, numa suspensão do preço de redução dos juros (elemento utilizado para controlar a inflação). 

Havia a expectativa de que a taxa Selic, hoje em 6%, fosse diminuída na próxima reunião do Copom. Porém, com a incerteza sobre o mercado de petróleo, a taxa pode permanecer estável, ou até subir.

"A possibilidade (de subir) existe, mas sou um pouco cético quanto a isso. A gente não sabe quanto tempo essa crise vai durar para que a Selic seja aumentada. Além disso, a inflação que se espera não é por conta da demanda nacional seja superior à oferta. Dessa forma, alterar os juros não deve ser um mecanismo eficaz", comenta o economista e professor da Ufes Fernando Bissoli.

A doutora em Contabilidade e Administração Neyla Tardin, professora da Fucape, destaca a dependência da nossa economia pelo petróleo. "Existem determinados produtos que quando você aumenta o preço as pessoas fogem deles, o consumo cai. No caso do combustível a demanda é inelástica. As pessoas não fogem tanto porque a dependência é muito alta. As pessoas não têm como ficar sem se locomover", pondera.

Para Bissoli, essa alta dependência vai fazer com que as pessoas reduzam as compras de produtos menos essenciais. "As pessoas vão se ajustando e, possivelmente, devem compensar essa alta do combustível deixando de comprar alguns produtos que não sejam de extrema necessidade", conclui. (Com informações da Agência Estado)

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