O mundo de olho nas terras capixabas
Espírito Santo atrai investimentos de multinacionais
Espírito Santo atrai investimentos de multinacionais
O Espírito Santo possui uma área de 46.905,5 km². Aos olhos do mundo, o território capixaba é gigante, capaz de atrair investimentos de várias partes do mundo: Itália, China, Holanda, Alemanha, Japão. Não importa a nacionalidade. A cada ano aumenta a quantidade de empresas multinacionais em atividade no Estado.
Entre elas estão o Porto de Roterdã e a TPK Logística, investidores holandeses responsáveis pela construção do Porto Central, em Presidente Kennedy, no Litoral Sul do Espírito Santo. Com uma área de 20 km² - equivalente ao parque industrial de Tubarão, em Vitória e na Serra -, esse complexo portuário multiuso vai funcionar sob regime condominial, sendo de águas profundas e de classe mundial, com infraestrutura para atender empresas industriais e de serviços que dão suporte ao setor de petróleo e, também, para a operação de contêineres, granéis sólidos e líquidos, carga geral e veículos.
Com investimento previsto de R$ 5 bilhões, a empresa obteve, em março, autorizações do governo federal para iniciar a construção do porto. Para o empreendimento começar a sair do papel, falta ainda a Licença de Instalação, a ser liberada pelo Ibama. A expectativa é que as obras comecem no início de 2018, abrindo 4,7 mil postos de trabalho, gerando emprego e renda na região. Já as operações no complexo devem iniciar entre 2019 e 2020.
Enquanto a construção não começa, representantes do Porto Central negociam com empresas interessadas em se instalarem na área do complexo, o que aumenta a perspectiva da chegada de outras multinacionais ao Espírito Santo.
“Não temos uma limitação para o número de empresas que possam atuar no complexo. Mas, para começar o empreendimento, imaginamos contar com uma faixa de cinco companhias já instaladas”, projeta o diretor-presidente do Porto Central, José Maria Vieira Moraes, relatando negociações com empresas de petróleo, de gás, de movimentação de cargas de contêineres, de energia e térmicas. “Há clientes do Porto de Roterdã, que ainda não atuam no Brasil, que estamos bem dispostos a trazê-los para cá”.
Para atrair esses novos parceiros, Moraes aposta nos mesmos fatores que fizeram o Porto de Roterdã e a TPK investirem no Estado: a boa localização, o mercado promissor e o equilíbrio político do Espírito Santo.
“O principal, para o Porto de Roterdã, foi a boa localização do Espírito Santo em relação à atividade portuária. Também há a percepção de que este é um bom local para investir, com segurança política e econômica. O Estado construiu um bom ambiente de negócios, que nem sempre encontramos em outros Estados”, observa o gestor. “Além disso, os gargalos do aeroporto e das rodovias estão sendo resolvidos. Resta agora a conexão ferroviária, que também está próxima de ter uma solução”.
José Maria se refere à ampliação da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM) até o Sul do Espírito Santo, por parte da Vale. A construção de um novo trecho ferroviário garantirá a conexão do Complexo de Tubarão ao futuro terminal portuário de Presidente Kennedy. Posteriormente, essa malha ainda poderá ser estendida até o Rio de Janeiro.
“Quando a Vale anuncia o interesse em construir essa ferrovia, abre uma série de possibilidades de negócios para os capixabas. A partir dessa conexão, poderemos passar a transportar outros tipos de cargas que hoje temos dificuldade. Porque o transporte rodoviário fica inviável para grandes volumes e caro demais para os pequenos. Com a ferrovia, amplia-se a oferta de serviços, a preços mais competitivos”, analisa o diretor-presidente do Porto Central.
Além dos holandeses, os italianos também estão investindo no Espírito Santo. O Geofin, grupo formado por nove grandes empresas, vai implantar na Serra uma planta industrial destinada à fabricação de resinas de especialidade. Com investimento de R$ 50 milhões, a unidade deve ficar pronta em 18 meses.
A intenção da empresa é produzir, por ano, cerca de 15 mil toneladas de resinas, que vão abastecer mercados da América do Sul e América do Norte. O material químico é utilizado na confecção de produtos como barcos, motores e tinta.
Com a nova fábrica, a Geofin ainda pretende aumentar seu faturamento anual em R$ 400 milhões, nos próximos 10 anos. Ao mesmo tempo, a partir do início das atividades na Serra, será desacelerada a produção na unidade de Verona, na Itália, que ficará destinada apenas a pesquisas.
Investir no Espírito Santo não é novidade para o Geofin, que já conta com outros dois negócios aqui: a Nebrax, que importa produtos da indústria química para abastecer diversos segmentos; e a Madeiras Ecológicas, importadora e distribuidora de madeira sintética para todo o país.
Essas duas empresas empregam 32 funcionários, fora os postos de trabalho indiretos. A nova planta industrial vai empregar diretamente 50 pessoas, com potencial para gerar 80 vagas quando estiver funcionando com a capacidade plena. Serão contratados técnicos em química, químicos, funcionários administrativos e de outras áreas.
“É um Estado onde a comunicação flui e onde a gente se sente seguro para investir. As negociações com a alfândega também têm funcionado dentro das expectativas. Temos um porto que nos atende bem e estamos perto de outros centros consumidores”, justificou o presidente do grupo, Dino Sprea.
Petróleo
O anúncio do governo federal de que serão leiloadas 34 áreas exploratórias de petróleo e gás no Espírito Santo, sendo 22 delas em terra (onshore) e 12 em mar (offshore), abre a perspectiva de chegada de novas multinacionais ao Estado.
Como não estão inseridas no polígono do pré-sal, essas áreas podem ser leiloadas sob o regime de concessão e não de partilha, o que atende às reivindicações das empresas petroleiras. O edital do leilão deve ser publicado ainda no primeiro semestre deste ano.
Mas outras empresas estrangeiras já estão apostando na oportunidade gerada pelo petróleo e pelo gás no Espírito Santo. A norueguesa Statoil e a anglo-holandesa Shell fazem investimentos no Norte e no Sul do litoral capixaba, respectivamente.
A Statoil já tem em seu portfólio oito blocos no offshore da Bacia do Espírito Santo, e planeja para este ano dar a partida na fase de perfuração. A Shell, por sua vez, já fez investimentos de US$ 2,5 bilhões no Parque das Conchas, onde concentra a sua produção no Estado.