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Rose cresce no páreo

A seu favor, Rose é venerada pela citada tropa de prefeitos que a têm como madrinha política e benemérita


Praça Oito
Praça Oito
Foto: Amarildo

Com incomparável influência sobre um exército de prefeitos no Estado e um enraizamento no interior que não pode ser subestimado, a senadora Rose de Freitas (PMDB) prepara o projeto eleitoral mais ousado de sua carreira: nos bastidores da política capixaba, Rose é considerada candidatíssima ao governo do Estado em 2018 para assumir a cadeira hoje ocupada por Paulo Hartung (PMDB). Uma sondagem junto a agentes políticos dos mais variados matizes sobre os cenários para 2018 é reveladora: de modo geral, as fontes ouvidas compõem um mosaico de dúvidas sobre os planos de Hartung, incertezas sobre Casagrande (PSB), interrogações quanto a Ricardo Ferraço (PSDB) e outros mais. Já quando indagados sobre Rose, a resposta de todos converge: “Essa com certeza é candidata”.

E, afinal, por que não seria? Contra Rose, pesam a inexperiência em cargos de liderança no Poder Executivo, contrastante com os longos fios brancos, tingidos de preto (sua marca) e cultivados ao longo de sua história no Congresso, e o fato de ela ter se especializado em trabalhar garimpando recursos no varejo – enquanto um governador precisa pensar sempre no “macro”. A seu favor, Rose é venerada pela citada tropa de prefeitos que a têm como madrinha política e benemérita. Leva na bolsa, portanto, dezenas de líderes regionais que se consideram “devedores” da senadora e de bom grado trabalhariam como cabos eleitorais em seu favor.

Além disso, Rose tem o conhecimento dos atalhos em Brasília e o bom trânsito nos ministérios que de fato lhe permitem destrancar portas para repasses e investimentos nos municípios capixabas. Acima de tudo, tem a tranquilidade de quem, basicamente, não tem nada a perder: ao contrário de prefeitos como Audifax Barcelos (Rede), Rose, para disputar o governo, não precisa renunciar ao mandato. Se perder, tem mais quatro anos de Senado. “Ela tem um colchão”, confirma aliado de longa data da senadora.

A própria Rose, é óbvio, recusa-se a tocar no assunto, com a cautela ditada pela experiência de quem sabe que, se queimar a largada, pode não ver a linha de chegada. Enquanto isso, segundo relatos, está ouvindo muita gente e “fazendo o que sempre fez”: recebendo os pleitos de prefeitos e parlamentares e trabalhando com afinco em Brasília para dar respostas “eficazes” (leia-se recursos). É precisamente esse trabalho o que pode credenciá-la ao governo, avalia fonte próxima à senadora.

No tabuleiro estadual, Rose hoje ocupa lugar estratégico em um polo político formado ainda por líderes como Casagrande, Luciano Rezende (PPS), Audifax e Luiz Paulo (PSDB). Os próprios participantes, ou aliados dos mesmos, apontam a senadora como peça importante desse embrionário projeto alternativo ao liderado por Hartung. Se Casagrande não for candidato ao Palácio encabeçando esse bloco de oposição – muitos governistas apostam que ele não topará novo confronto direto com Hartung –, Rose pode vingar como alternativa para encabeçar a chapa, abrigando as candidaturas de Casagrande e de um segundo aliado ao Senado, para medir forças com a chapa majoritária hartunguista.

Tudo lógico, não fosse por um enorme detalhe: como a senadora será candidata pelo PMDB, partido também de Hartung, caso este queira buscar a reeleição pela sigla? Desde 2005, os dois se acotovelam dentro do partido. Aliás, há quem avalie que a ameaça da candidatura de Rose é mais um motivo que pode levar PH a recuar dos recentes impulsos de desfiliação e, ao contrário, fincar bem o pé no PMDB e voltar a se afundar em seu assento (tanto na sigla como no Palácio).

Rose circula melhor junto à cúpula nacional do PMDB, mas a preferência de candidatura é, naturalmente, de quem já está na cadeira. Sem Hartung no PMDB, Rose trabalhará para ser a candidata. Mas o governador com certeza não deseja ver isso – basta recordar o arranca-rabo na eleição da Amunes. Por outro lado, se PH for candidato à reeleição, Rose não teria como disputar o governo. Pelo menos não pelo PMDB. E aí já tem gente apostando que ela estaria disposta até a contornar esse entrave. Como? Migrando ela própria para outra sigla, no estilo “se ele não sai, saio eu”. O PSDB, por onde Rose já passou, é uma hipótese.

“A senadora manda”

A janela para troca de partidos se aproximava em fevereiro de 2016 quando um experiente político da Região Serrana, que então se preparava para tentar voltar à prefeitura de sua cidade, contou à coluna que decidira trocar o partido A pelo B. Perguntamos o porquê. A resposta: “A senadora me orientou a fazer isso”. A “senadora”, por evidente, era Rose de Freitas (PMDB). Ou seja, ela falou, tá falado. Em tempo: o fiel discípulo “da senadora” se elegeu.

Rose na Grande Vitória

Além da influência no interior, Rose tem estreitado uma parceria com prefeitos da Grande Vitória – sobretudo os não palacianos – e se empenhado em destravar recursos para os respectivos municípios. Um exemplo são os US$ 100 milhões para a Prefeitura de Vitória, em linha de financiamento do BID para o Programa Cidades Emergentes e Sustentáveis. Esta semana, a assessora de Rose divulgou que a senadora “garantiu” R$ 11,5 milhões para a Rede Cegonha do Hospital Jayme Santos Neves, na Serra, e que ela “liberou”, junto ao governo federal, R$ 10 milhões para pavimentação e drenagem de 27 ruas de 11 bairros em Cariacica.

“Parceira nossa”

O presidente estadual da Rede, Gustavo de Biase, reforça a aliança: “Estamos num bom diálogo com Rose. Ela é uma parceira nossa, tem ajudado Audifax na Serra. O debate (eleitoral) passa por um diálogo também com a senadora”.

Leilão por Evair

Em grupo no WhatsApp com a presença de deputados federais capixabas, um participante soltou que Evair de Melo pode sair já do PV. Presidente estadual do SDD, Carlos Manato apressou-se: “O Solidariedade está de portas abertas”. Mas Neucimar Fraga também foi ligeiro e dobrou a oferta: “PSD entrega até a presidência”. Manato não deixou por menos: “Para de show, Neucimar, vocês têm que pedir autorização a PH”. Ao que Neucimar respondeu: “Ele já autorizou, rsrs. Você acha que eu falaria isso sem autorização?”

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