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Uma técnica (enfim) no comando da Setades

Veja os destaques da coluna publicada neste domingo (2) no jornal A Gazeta


Com a saída de Carlos Casteglione (PT) da Secretaria de Estado de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades), o governador Paulo Hartung nomeou Andrezza Rosalém, até então diretora-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves, para o comando da secretaria. Antes tarde do que nunca. Trata-se de uma aposta 100% técnica, em uma secretaria que, até agora, a três semestres do fim do governo, tem sido marcada por uma série de mudanças de secretários e pela prevalência da política (isto é, a acomodação de aliados) sobre a boa técnica como critério de nomeação.

Charge coluna Praça Oito
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Foto: Amarildo

Rosalém será, em cinco semestres, a quinta secretária a comandar a pasta. À exceção de Clarisse Imperial – interina por poucos meses na virada de 2016 para 2017 –, todos os antecessores, sem lhes negar capacidade técnica, tinham perfil político-partidário predominante: Sueli Vidigal (PDT), Rodrigo Coelho (PDT) e o próprio Casteglione. Com a nova secretária, dá-se o oposto.

Andrezza Rosalém é uma economista e pesquisadora, que nutre, como revela, grande afinidade com o campo de atuação da Setades. Ela se define, inclusive, como uma “economista social”, pois seu currículo, sua experiência profissional e suas linhas de pesquisa guardam estreita conexão com o desenvolvimento de políticas sociais. Participou, por exemplo, da equipe liderada pelo economista Ricardo Paes de Barros, que idealizou e ajudou a implantar o programa Bolsa-Família no início do governo Lula (PT) – não só a transferência a famílias de baixa renda, mas a rede de proteção social básica fortalecida desde então.

Agora, Rosalém assume a Setades com a missão, diretamente transmitida a ela pelo governador Paulo Hartung, de fazer deslancharem as políticas de trabalho e assistência social sob responsabilidade da Setades, principalmente, destaca ela, aquelas ligadas à qualificação profissional e à reinserção no mercado de trabalho. Isso em um momento no qual o Espírito Santo acumula a dramática marca de 294 mil desempregados, o equivalente a mais de 14% da população economicamente ativa do Estado – pior indicador da série histórica da Pnad, realizada desde 2012 –, em decorrência da crise econômica nacional.

Esse, aliás, foi um dos dados apresentados pela economista na última coletiva de imprensa concedida por ela como chefe do Instituto Jones, no dia 14 de junho. Espera-se que, em um futuro próximo, a nova integrante do primeiro escalão de Hartung possa dar melhores notícias aos capixabas já como secretária de Trabalho e Assistência Social.

Entrevista

"Temos o desafio de construir mesmo uma política de trabalho", disse a Secretária de Trabalho e Assistência Social Andrezza Rosalém

Recém-nomeada secretária estadual de Trabalho e Assistência Social, Andrezza Rosalém explica, nesta entrevista, quais serão suas prioridades à frente da pasta que concentra os programas voltados para a população de baixa renda e que mais sofre com a crise, principalmente seu efeito mais perverso: o desemprego.

Por que o governador convidou a senhora?

Não era algo que eu estava esperando, mas aceitei com muita honra até pela minha identificação com essa área de atuação profissional ligada a políticas sociais. Tenho um perfil mais técnico, voltado para construção e avaliação de políticas públicas. Então acho que agora vou, com toda essa experiência técnica, poder contribuir e levar isso para a Setades. Aceitei porque acho que é um desafio importante para minha carreira, de desenvolvimento pessoal e profissional, para desenvolver a habilidade política. Por outro lado, o convite do governador veio também nessa linha desse meu perfil mais técnico e minha experiência nessa área, para eu poder contribuir com tudo que já foi estruturado pelos meus antecessores. Foi feito todo um trabalho de reestruturação dessa secretaria. Então agora estamos num momento realmente de olhar para o que foi feito, analisar e dar um passo à frente.

Que passo é esse?

Temos o desafio de construir mesmo uma política de trabalho com foco em qualificação profissional, reinserção no mercado de trabalho e mais conectada ao setor produtivo. No Instituto Jones, estamos preparando o Mapa da Educação Profissional no Espírito Santo, que já está em fase de testes e deve ser lançado em breve, possivelmente em agosto. É uma parceria com todo o setor que oferta educação profissional, como o Ifes, o Sebrae, as escolas. Faremos um levantamento contínuo da demanda das empresas por profissionais onde há carência. Será uma ferramenta colaborativa pelo qual o governo vai conectar a rede de qualificação profissional com a rede de ofertas por parte dos empresários, em um banco de dados. Haverá uma plataforma específica no site do Instituto Jones, com mapa georreferenciado, para os empresários alimentarem o banco de vagas e para as pessoas que buscam vagas se informarem. Então, a nossa política de trabalho se pautará por essas necessidades do mercado de trabalho. Além disso, vamos fortalecer e reestruturar os Sines, conectando essas agências a essa questão da qualificação, pois ali é a porta de entrada para o mercado de trabalho.

O governador lhe fez o convite com essa missão específica?

Ele deu duas prioridades: dar continuidade e aprimorar as políticas de assistência social já consolidadas e fortalecer a reinserção e a qualificação profissional.

O Estado vive quadro dramático de desemprego. A priorização das políticas de trabalho parte dessa preocupação?

A atualidade traz esse tema à tona. Mas há uma preocupação de realmente preparar esse profissional para o mercado de trabalho e que ele tenha condições de conseguir ter autonomia pela via das políticas de assistência. Existe um trabalho contínuo que é claro que a crise agrava. Mas não é algo restrito dessa crise. Existe uma preocupação de atuarmos como Estado nessa questão da melhoria da produtividade, da qualificação e da reinserção profissional. Não adianta o Estado se desenvolver se a gente não conectar todo mundo no vagão do desenvolvimento econômico. E a forma de fazer isso é através das políticas públicas. A crise torna esse tema mais sensível, mas deve ser uma política estrutural e permanente.

Marcelo Santos

O vice-presidente da Assembleia, Marcelo Santos (PMDB), entrou em contato com a coluna para comentar a “Cena Política” da última sexta, em que atribuímos a ele a prática de “molecagens” enquanto conduz as sessões na Assembleia – em referência às gozações que o deputado vive fazendo com os colegas. “Faço questão de destacar que busco atender a todos os pedidos dos deputados quando presido a sessão. E que respeito rigorosamente o regimento interno. Se brinco e quando brinco, o faço dentro dos limites que considero éticos e amparado na liberdade e no clima cordial que tenho com meus pares no plenário.”

Depois que Magno Malta divulgou até vídeo marombando, parece que a moda pegou, e agora foi a vez de Sergio Majeski publicar fotos malhando. Politicamente bem distintos, encontraram um ponto em comum. Alguém aí consegue imaginar os dois formando dupla para puxar uns ferros
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Foto: Reprodução

Pastore sem rebanho

A candidatura de Rose de Freitas (PMDB) ao governo do ES em 2018 é considerada mais provável a cada dia no meio político. Além de interesse da senadora e do fato de ela não ter nada a perder, pesa outro motivo: seu suplente, Luiz Osvaldo Pastore (PMDB) – empresário do setor metalúrgico de São Paulo –, teria interesse no cargo. Ele doou quase metade dos R$ 4,9 milhões declarados pela campanha de Rose em 2014. E poderia chegar ao Senado sem “arrebanhar” nem um voto sequer.

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