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Deputados estaduais querem mais dinheiro

Confira a coluna Praça Oito desta terça-feira, 19 de julho


Praça Oito
Praça Oito
Foto: Amarildo

Nova onda de insatisfação gerada no plenário da Assembleia explodiu aos pés de secretários estaduais na última semana, ao mesmo tempo em que deputados intensificam a pressão pelo aumento da cota individual de emendas parlamentares a que cada um terá direito no orçamento de 2018 – no atual, o valor é de R$ 1,2 milhão. Os dois fatos estão interligados e têm como pano de fundo o aumento da tensão que antecede a eleição parlamentar de 2018.

Na base de Paulo Hartung, uma queixa e uma preocupação se encontram: enquanto o governador potencializa a pré-candidatura de secretários de Estado que têm cada vez mais entregas a fazer (logo, muito a mostrar ao eleitorado), os próprios deputados não têm nem sequer a garantia de execução de suas emendas (logo, nada a mostrar a suas bases).

O sentimento médio é o de que está faltando reciprocidade por parte do governo na relação com a base: os deputados têm votado fielmente nos projetos do governo, até nos mais impopulares enviados na esteira do ajuste fiscal, e arcado sozinhos com o ônus da lealdade, sem obter nenhuma “retribuição”. No plenário, é comum a queixa velada de que os bônus têm ficado apenas com os secretários, potenciais adversários eleitorais abrigados na equipe de governo, que protagonizam as entregas e representam ameaças à reeleição dos parlamentares com mandato.

Por isso, cansados de ficar à míngua, os descontentes querem mais do que R$ 1,2 milhão no orçamento do ano eleitoral, o qual deve ser enviado pelo governo à Casa até o próximo dia 30. A peça deve chegar prevendo para cada deputado a mesma cota de R$ 1,2 milhão em emendas, e o Palácio Anchieta dificilmente vai ceder e ampliar esse valor, até porque a estimativa de aumento da receita total do Estado em 2018 é tímida, de 4,48%. Nesse caso, os deputados exigem no mínimo a garantia de ver cumpridas na íntegra suas emendas pendentes de execução no orçamento deste ano e aquelas que ainda incluirão no orçamento do ano que vem. Em dois anos, seriam R$ 2,4 milhões em benesses para as suas bases.

Sob anonimato, um deputado verbaliza a insatisfação coletiva: “A verdade é que não estão executando nada desde o início deste governo. Em vez de ampliar, eu preferia que o governo cumprisse a execução total do R$ 1,2 milhão. Já me daria por muito satisfeito”.

Vice-líder do governo, Jamir Malini (PP) reconhece a situação. “Alguns colegas têm reclamado, sim, de algumas questões no cumprimento das emendas. Existe uma insatisfação da oposição, existe alguma insatisfação da base. Sabemos que tem algumas emendas que não estão sendo cumpridas, mas o governo tem trabalhado para que isso aconteça. Alguns colegas reclamam que não foram cumpridos nem 30% das emendas já empenhadas. Mas acho que em 2018 serão cumpridas todas as emendas que estão pendentes, juntamente com aquelas que serão incluídas no próximo orçamento, também no valor de R$ 1,2 milhão.”

O percentual de 30% informado por colegas ao vice-líder não bate com o informado pelo presidente da Casa, Erick Musso (PMDB), e pelo presidente da Comissão de Finanças, Dary Pagung (PRP). “Alguma informação não bate. A previsão que eu tenho é que o governo vai chegar a executar 70% das emendas parlamentares este ano”, diz Dary, para quem o valor individual vai mesmo ser mantido em R$ 1,2 milhão no orçamento de 2018.

“A informação que tenho é que já estão executadas de 70% a 80% das emendas até agora. Entendo os colegas e estou aqui para defender os deputados, mas esse debate tem que ser equilibrado”, afirma Musso. Já o líder do governo, Rodrigo Coelho (PDT), dá uma perspectiva otimista aos pares: “O que o governo me passa é que este ano a execução está maior do que em 2016. E o governo vai trabalhar para cumprir todas as emendas até o fim do ano”.

Esta base é mais instável do que as de mandatos anteriores de Hartung, e a proximidade do ano eleitoral deve aumentar o preço pelo apoio político na barganha com o Executivo. Se não tiver cautela e habilidade para emendar essa relação a tempo, o Palácio pode conviver com dificuldades indesejadas.

Marcha da insensatez?

Francamente, não dá para levar a sério a informação de que o governador Paulo Hartung pode se candidatar ao governo do Rio de Janeiro em 2018, publicada no domingo pelo jornal O Globo. Como a temporada de insanidades está mesmo aberta há algum tempo, a coluna acha mais fácil acreditar que Minas Gerais terá a saída para o mar “prometida” por Bolsonaro aos mineiros na semana passada.

Rendeu deboche

A nota da coluna Lauro Jardim repercutiu muito mal no plenário da Assembleia Legislativa nesta segunda-feira (18) (e não só ali). Deputados de oposição não perdoaram. Euclério Sampaio (PDT) lançou a campanha “Vai logo, PH”. “Vai pro Rio, pro Amapá, pra Bogotá, pra Venezuela, mas vai embora daqui”, conclamou o deputado. Josias da Vitória (PDT) fez eco: “Parece que o governador quer ser tudo: ministro, vice de Joaquim Barbosa e agora governador do Rio. Que vá mesmo embora, mas o Rio não merece isso”, debochou.

Inversão de papéis

O momento é tão de vaca não reconhecer bezerro que, na mesma sessão, Da Vitória fez algo raro: um elogio à gestão de Hartung, pela inauguração da Rede Cuidar, em Nova Venécia. Logo depois, o deputado Hércules Silveira (PMDB), hartunguista inveterado, fez questão de ressaltar que foi a gestão de Renato Casagrande que iniciou o processo de interiorização da saúde pública estadual.

Plantando para colher

Falando em papéis trocados, por que o secretário de Agricultura, Octaciano Neto, tem sido sempre escalado para comentar informações sobre a movimentação política de PH? Parece que Seag virou sigla de “Secretaria Especial de Assessoria Governamental”. Ou de “Assuntos Gerais”.

Pré-campanha

E por falar em “interiorização”, o deputado Amaro Neto (SDD), pré-candidato ao Senado, intensifica as andanças para aumentar sua projeção no interior do Estado. No próximo fim de semana, planeja ir a Itarana, Iúna e Ibitirama.

CENA POLÍTICA

O deputado estadual Euclério Sampaio (PDT) não costuma perder a piada nem quando o alvo é ele mesmo. Na sessão ordinária de ontem, ele e Da Vitória (PDT) vestiram uma camiseta estampada com o slogan da campanha “Duplique Já (a BR 101)”. Na saída do plenário, ele posou para algumas fotos. Enquanto era fotografado, não resistiu ao comentário: “Tenho que falar com o Da Vitória. Ele me trouxe uma camisa baby look”. 

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