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Caso Aécio Neves: o Cordel do Mineirinho
O Senado dá mais uma demonstração de que hoje, infelizmente, o Congresso Nacional não pode ser levado a sério
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) acaba de ser salvo por seus pares no Senado. Por 44 votos a 26, os senadores rejeitaram a decisão da Primeira Turma do STF de afastar Aécio do mandato. Também revertem a decisão que impunha ao senador mineiro o recolhimento domiciliar noturno. Aécio, assim, pode voltar a frequentar o Senado. E as noites de Brasília, do Rio e de onde mais quiser.
Com essa decisão, o Senado dá mais uma demonstração de que hoje, infelizmente, o Congresso Nacional não pode ser levado a sério. Por isso, é com leveza e bom humor que a coluna Praça Oito escolhe hoje um jeito diferente de comentar o caso: por meio de um Cordel Político.
Ouça o Cordel do Mineirinho.
“Quem não conhece o esquema do Aécio?”
Perguntou Sérgio Machado a Jucá
Seria, no entanto, mais correto:
“Esquemas” no plural, não singular
Começou muito bonito este enredo:
De um grande estadista ele é neto
E foi como aprendiz do avô, Tancredo,
Que um destino glorioso foi-lhe aberto
Fez carreira em Brasília e Minas
Por um triz não alcançou o Planalto
Mas a sua história hoje termina
Em um deprimente último ato
Assim como o nome da sua terra
Armações do senador eram gerais:
Caixa dois maior do que o do Serra
E desmandos sobre órgãos federais
Aeroporto na cidade do tio
Indicações na Vale e em Furnas
Na sede do governo, mais desvios
Mas pose de honesto para as urnas
Assim como o rigor da Lava Jato
O grampo de Joesley é certeiro
E pegou o senador fazendo um trato
Combinando uma entrega de dinheiro
Dois milhões pede Aécio ao empresário
Pra pagar a sua defesa na ação
Ainda diz que mata o intermediário
Antes que ele possa fazer delação
O dinheiro de fato foi entregue
Porém nunca pagou a sua defesa
Enquanto a sua irmã, Andrea Neves,
Como cúmplice do esquema era presa
Fachin, o relator da Lava Jato,
Só não mandou o Aécio pro presídio
Por ausência de um flagrante no ato
Muito embora o achasse imprescindível
Até que uma turma do Supremo
Medida cautelar decide impor:
De noite, em casa, é recolhimento
E seja afastado o senador!
Os outros senadores protestaram
Unidos no espírito de corpo
Gritaram, chiaram e espernearam:
“Querem ver o Parlamento morto!”
Reforçaram o grito dessa turba
Até os senadores do PT
Disseram que o Supremo assim usurpa
Os poderes de outro Poder
O Supremo então foi revisar
Sua decisão e então ficou assim:
Qualquer cautelar contra o Aecim
Somente se o Senado autorizar
Porém, seja qual for a decisão,
O neto de Tancredo hoje definha
Aécio teve tudo em suas mãos
Mas muito cedo chega ao fim da linha