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Ferraço na eleição do PSDB-ES

Confira a coluna Praça Oito desta sexta-feira, 20 de outubro


Foto: Amarildo

Dentro do ninho tucano no Espírito Santo, uma das leituras correntes para a surpreendente decisão do senador Ricardo Ferraço (PSDB) de se licenciar do mandato é que ele tem total interesse em se jogar de cabeça no processo que culminará com a eleição da nova Executiva estadual do partido no próximo dia 11.

Embora não o diga de público, Ferraço não teria o menor interesse em ver o partido nas mãos de Paulo Hartung em 2018 – algo que pode se confirmar, dependendo da decisão no dia 11, especialmente se o presidente eleito for o vice-governador César Colnago. Vacinado após ter sido rifado por Hartung no “abril sangrento” de 2010, o senador, melhor do que ninguém, deve saber os riscos que isso pode representar até para ele mesmo e para sua candidatura ao Senado.

A aposta é que, livre de Brasília, Ferraço se dedique à formação de uma chapa no PSDB. Chapa essa que pode até ser encabeçada pelo senador. Ele, inclusive, já colocou o nome à disposição para isso, caso não haja consenso entre Colnago e o prefeito de Vila Velha, Max Filho, postulantes à presidência estadual.

Tucanos avaliam que tanto Colnago como Max podem encontrar resistências no processo: Colnago por parte dos “tucanos independentes”, que não querem nem ouvir falar em manter a sigla atrelada a PH em 2018. Max, pelo contrário, por parte da ala hartunguista do PSDB. Nesse caso, Ferraço admite lançar candidatura, para ser justamente esse nome capaz de produzir a unidade interna:

“Já me coloquei à disposição. Se meu nome for o nome de consenso, estou à disposição do partido. Se não, vou gastar toda a energia que possa para a gente continuar trabalhando dentro de uma possibilidade de entendimento.”

Ferraço prefere, no entanto, minimizar a possibilidade de guinada para um lado ou para o outro, a depender da definição do próximo presidente. “O PSDB estará muito bem servido tanto com Max como com César. Ambos são muito bons. Não muda muito porque, na prática, as decisões sobre alianças não serão individuais. Serão coletivas e compartilhadas.”

Dificilmente haverá consenso nessa disputa. Ainda menos provável é que as decisões a partir dela sejam mesmo “coletivas”. O PSDB hoje é uma sigla rachada de cima a baixo em todas as instâncias: da nacional à municipal de Vitória. Basta ver a guerra aberta no partido por causa da filiação de Octaciano Neto.

ESTATUTO DO PSDB

O argumento jurídico que embasou a decisão do presidente tucano na Capital, Élcio Amorim, de anular a primeira votação da Executiva do PSDB de Vitória sobre a filiação de Octaciano, foi fornecido por dois advogados: Ricardo Wagner, membro da Executiva estadual e especialista em Direito Eleitoral; e Disney Dourado, advogada da vereadora Neuzinha de Oliveira. Ao contrário de Neuzinha, Disney participou da segunda reunião, que virou as coisas a favor de Octaciano, na noite de quarta-feira.

O argumento para refazer a votação foi encontrado no parágrafo 8º do artigo 7º do Estatuto do PSDB. Em síntese, o Estatuto, nesse trecho, obriga o órgão executivo municipal ou estadual a comunicar à Executiva nacional a existência de proposta de filiação de “pessoa de notória expressão pública”, cinco dias antes da apreciação da proposta pelo respectivo órgão. Isso não foi observado.

Ricardo Wagner confirma ter sido consultado por Élcio e ter-lhe dado essa orientação jurídica: “Ele me pediu ajuda no que fosse necessário, mas a decisão foi dele. Concordo com a posição de que houve um descumprimento do parágrafo 8º do artigo 7º do Estatuto do PSDB”.

Amaro x Jefinho

O deputado Amaro Neto (SDD) e a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa estão num cabo de guerra por causa do secretário de Comunicação da Casa, Jefinho Ferreira. Ele era aliado de Amaro, mas os dois romperam. Hoje, Jefinho é considerado da “cota” do presidente da Casa, Erick Musso (PMDB). A coluna apurou que, insatisfeito com a manutenção de Jefinho no cargo, Amaro pediu a Erick a cabeça do ex-aliado.

Boicote e autogestão

Como Erick não cedeu, Amaro “puxou” para o seu gabinete outros quatro comissionados indicados por ele e lotados na Comunicação, inclusive supervisores e o coordenador de Rádio e TV. Por dois dias, eles simplesmente não apareceram para trabalhar no setor, desfalcando a equipe de jornalistas. Jefinho está de férias. A redação da Assembleia ficou praticamente em regime de autogestão.

Mudança de setores

Questionado pela coluna, Amaro pôs panos quentes: “Não pedi nada disso. O secretário de Comunicação da Casa é escolha do presidente. (Quanto aos demais), apenas pedi a mudança de setores. Alguns devem ficar na Comunicação. Outros devem sair por iniciativa própria”.

Novo nome é da Mesa

A dança das cadeiras já começou. O coordenador de RTV, Emerson Ferreira, foi exonerado. Em seu lugar, assume José Caldas da Costa. Indicação do 2º secretário da Mesa, Enivaldo dos Anjos (PSD), Caldas estava lotado na Coordenadoria Especial de Relações Institucionais, setor subordinado à 2ª Secretaria.

Tempestade perfeita

Assim um dirigente estadual do PSDB define o atual momento passado pela sigla no país, no Estado e em Vitória.

CENA POLÍTICA

A licença de Ricardo Ferraço deixou o universo político capixaba chocado. Dentre as muitas especulações sobre as razões do senador, uma raposa política arriscou: “Acho que ele quer se passar por um ‘outsider’ da política, mas de um tipo diferente: não aquele que vem de fora da política, mas aquele que estava dentro e decidiu sair para mostrar que não está dentro”.

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