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'Tragédia em Linhares' entra na lista de crimes bárbaros do ES

"Tragédia em Linhares" entra na lista de crimes bárbaros do ES

Criminosos deixaram rastro de medo por conta das barbáries dos crimes cometidos; relembre

Publicado em 23 de maio de 2018 às 19:39

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A confirmação da polícia de que o pastor George Alves Gonçalves, de 36 anos, estuprou, agrediu e ateou fogo no filho e no enteado, em Linhares, chocou o Espírito Santo nesta quarta-feira (23). O caso entra para a lista de crimes que chocaram os capixabas com assassinatos marcados por toques de crueldade. Nessa lista já estão crimes bem conhecidos como o "Caso Itiberê", pai que matou e concretou os filhos, e o "Crime da Ilha", quando uma empregada doméstica e uma dona de casa foram brutalmente mortas.

TRAGÉDIA EM LINHARES

No dia 21 de abril deste ano, os irmãos Joaquim Alves Salles, de 3 anos, e Kauã Salles Butkovsky, de 6, foram encontrados mortos carbonizados em Linhares. No início das investigações, o pastor George Alves Gonçalves, que estava sozinho em casa com o filho Joaquim e o enteado Kauã, informou para a polícia que um incêndio havia acontecido na residência da família e que apenas o quarto dos meninos foi atingido pelas chamas. Contudo, segundo peritos, o relato de George não combinava com as provas colhidas na cena do acontecimento.

Os irmãos Kauã, de 6 anos, e Joaquim, 3, foram enterrados no dia 10 de maio no Cemitério Municipal de São José, em Linhares. (Carlos Alberto Silva )

A reviravolta veio sete dias após o ocorrido, no dia 28 de abril, quando a Justiça aprovou o pedido de prisão preventiva de George Alves com a alegação de que o pastor estaria atrapalhando as investigações da polícia. O suspeito teria mudado objetos de posição na residência.

Pastor Georgeval Alves Gonçalves, conhecido como George Alves, segue preso. (Brunela Alves | Gazeta Online)

Nesta quarta-feira (23), porém, o jornal A Gazeta estampou em sua capa, em primeira mão, que George Alves Gonçalves era o responsável por matar Joaquim e Kauã. Em entrevista coletiva nesta manhã, Romel Pio Junior, um dos delegados que está à frente do caso, confirmou as informações obtidas com exclusividade pelo jornal A Gazeta.

Jornal A Gazeta desta quarta-feira, dia 23 de maio de 2018. (Jornal A Gazeta)

O acusado segue preso e foi indiciado por duplo homicídio triplamente qualificado e duplo estupro de vulneráveis. A soma máxima das penas pode chegar a 126 anos de detenção. A polícia disse que o inquérito vai ser encaminhado à Justiça na próxima semana. 

CASO ITIBERÊ

No dia 14 de maio de 2000 outro crime envolvendo a morte de duas crianças chocou o Estado. O comerciante Marcos Itiberê Rodrigues de Castro Caiado, na época com 36 anos, matou os dois filhos, Marcos Itiberê Rodrigues de Castro Caiado Filho, de 9 anos, e Gabriela Colnago de Castro Caiado, de 7.

Os irmãos foram sequestrados pelo pai no dia 3 de maio daquele ano e levadas para o apartamento dele, em Vila Velha. Dias depois foram espancadas e mortas à tiros por Itiberê, que enrolou os corpos em um cobertor, colocou dentro de um closet e lacrou o local com cimento.

Crime chocou o Espírito Santo. (Acervo Pessoal)

Cerca de onze dias depois, o Procurador de Justiça Carlos Itiberê de Castro Caiado, pai do acusado, desconfiado do desaparecimento dos netos, decidiu ir até o apartamento onde o filho morava. Lá encontrou os corpos, que estavam em avançado estado de decomposição. Os vizinhos já haviam informado à polícia sobre o mau cheiro vindo do apartamento.

Marcos e Gabriela moravam com a mãe, de quem o comerciante estava separado há um ano. Itiberê também foi acusado de matar o ex-marido de Jânia Colnago, Marco Antônio Pedrini, que tentou impedir que ela fosse agredida. O crime aconteceu em 15 de outubro de 1999. 

O QUE ACONTECEU COM O ACUSADO?

Marcos Itiberê Rodrigues de Castro Caiado confessou o crime. Em 17 de outubro de 2003 foi condenado a 43 anos e seis meses de prisão. Por já ter cumprido 18 anos de prisão, Itiberê tentou o regime semiaberto em dezembro de 2017, mas a juíza da 2ª Vara Criminal de Viana, Cristiania Lavínia Mayer, negou a progressão de regime. A data provável para o término da pena é 22 de setembro de 2049. Atualmente, Itiberê cumpre pena na Penitenciária de Segurança Média I, em Viana.

CRIME DA ILHA

Em 2003, a Ilha do Frade foi cenário de uma tragédia. A dona de casa Cláudia Soneghete Donati, de 28 anos, e a empregada doméstica Mauricéia Rodrigues, de 20 anos, foram assassinadas dentro da mansão de Cláudia, em um dos bairros mais nobres da capital capixaba. Cláudia morava com o marido, o empresário Jorge Duffles Andrade Donati, e com o filho de 5 anos.

Segundos os autos, na tarde de 15 de janeiro de 2003, o caseiro da residência, Cristiano dos Santos Rodrigues, teria imobilizado, torturado e asfixiado até à morte as vítimas. Em seguida, com a ajuda do irmão, Renato dos Santos Rodrigues, teria enrolado os corpos em tapetes, cobertores e ateado fogo.

Após concluída as investigações, o Ministério Público apontou que Cristiano teria cometido o crime a mando de Jorge Donati, esposo da vítima. Donati estaria desconfiado da fidelidade da esposa e inconformado com o pedido de separação e partilha do patrimônio. Ele teria oferecido 15 mil ao caseiro para executar Cláudia Soneghete.

Jorge Duffles Andrade Donati, que sempre negou o crime, morreu em novembro do ano passado vítima de uma insuficiência cardíaca.


COMO ESTÃO OS ACUSADOS?

O jardineiro Cristiano dos Santos Rodrigues foi condenado a 38 anos e seis meses de prisão. A data prevista para o término da pena é 24 de março de 2051. Ele está preso na Penitenciária Semiaberta de Vila Velha. 

Renato dos Santos Rodrigues, irmão de Cristiano, foi absolvido do crime de homicídio e não foi condenado por receptação devido a prescrição da pretensão punitiva.

MONSTRO DA PONTE

O pedreiro Wilson Barbosa, de 37 anos, ficou conhecido como o "monstro da ponte" depois de jogar as suas duas filhas, Luciene da Conceição Barbosa, de 4 anos, e Luciana Dortes Barbosa, de 2, de cima da ponte que liga Nova Almeida, na Serra, a Fundão.

O crime aconteceu no dia 13 de abril de 2010. As meninas caíram no rio Reis Magos, foram arrastadas pela força da água e morreram afogadas. Os corpos foram encontrados pela equipe de resgate somente no outro dia.

O pedreiro confessou o assassinato e alegou que matou as crianças por não aceitar o fim do relacionamento com a mãe delas. Wilson foi agredido por populares que presenciaram o crime, mas foi levado pela polícia antes que fosse linchado.

COMO O "MONSTRO DA PONTE" ESTÁ HOJE?

O pedreiro foi condenado por crime hediondo a 36 anos de prisão, em regime fechado. A data provável para cumprir a pena em regime semiaberto é 3 de agosto de 2024, e aberto em 23 de março de 2033. A data prevista para término da pena é 10 de março de 2046. Wilson está recolhido na Penitenciária de Segurança Média I, em Viana. 

CASO BARBARA RICHARDELLE

No dia 17 de março de 2014, a frieza do eletricista Christian Braule Pinto Cunha, de 19 anos, ao confessar o assassinato da ex-namorada Bárbara Richardelle, 18, chocou a população capixaba. Bárbara e Christian namoraram por um ano e três meses e terminaram a relação devido ao vazamento de fotos nuas que a menina teria enviado para o namorado.

Mesmo com o fim do relacionamento, os dois continuavam se desentendendo. Por volta de 19 horas do dia 17, Bárbara, que era vendedora de uma loja de cosméticos na Praia da Costa, em Vila Velha, saiu do trabalho e foi se encontrar com o ex-namorado em uma obra sob responsabilidade da empresa do pai dele, no mesmo bairro.

Os dois discutiram mais um vez e Bárbara decidiu ir embora. Já de saída, Christian surpreendeu a menina, esganando-a. O rapaz permaneceu ao lado da moça acreditando que ela estava morta, até as 22 horas. Ele relatou à polícia que durante esse período saiu para comprar um churrasquinho e um refrigerante, que comeu ao lado dela. Ao perceber que a Bárbara se mexeu, o eletricista pegou uma cavadeira da obra e a golpeou na cabeça. Bárbara morreu na hora. Depois colocou o corpo da ex-namorada no porta-malas do seu carro e abandonou às margens da Rodovia Darly Santos.

A polícia encontrou o corpo de Bárbara Richardelle na manhã do dia 18 de março.

E QUANTO AO ACUSADO?

Após confessar o assassinado, Christian Cunha foi preso. Ele permaneceu detido até o final de maio e foi solto porque a Justiça entendeu que ele não representava risco à sociedade. O Ministério Público recorreu e no dia 2 de julho de 2014 e a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do ES decretou a prisão preventiva dele. Em junho de 2016, Christian foi julgado e condenado a cumprir 15 anos em regime fechado. O acusado está preso na Penitenciária Estadual de Vila Velha II, no complexo do Xuri.

GABRYELA BONFIM

Outro caso em 2014 sensibilizou a todos no Espírito Santo. No dia 23 de junho, Thiago Rosa do Sacramento, de 25 anos, foi acusado de matar a namorada Gabryella Oliveira Bonfim Sampaio, de 24. O casal estava junto há cerca de cinco meses e, segundo os familiares da vítima, a relação era conturbada.

Depois de saírem de uma casa shows em Vila Velha, Thiago e Gabryella seguiram para casa da avó do rapaz, acompanhados do jovem Lucas Manhães Brício, 19. Lá, os três teriam mantido relação sexual. Depois, Gabryella teria sido estuprada, torturada e degolada. Toda a ação foi filmada e enviada para o celular da mãe da vítima.

Para a polícia, a principal suspeita é de que o crime tenha sido cometido por motivo passional, tendo em vista o conteúdo do vídeo. Gabryella teve os cabelos cortados, o celular preso à boca e a faca utilizada para matá-la introduzida na vagina. Lucas e Thiago foram presos no dia seguinte.

Gabryella deixou 3 filhos, dois meninos de 9 e 5 anos e uma menina de 2.

SITUAÇÃO ATUAL DOS ACUSADOS

Thiago Rosa do Sacramento confessou o crime. Em julho do ano passado, o acusado foi a júri popular e acabou sendo condenado a 20 anos de prisão. Ele está preso na Penitenciária Estadual de Vila Velha II, no complexo do Xuri.

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Já Lucas Manhães Brício aguardava julgamento na Penitenciária Estadual de Vila Velha mas, por decisão da Justiça, foi liberado no dia 4 de setembro de 2014.

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