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Galeria de arte a céu aberto completa 6 anos em Santo Antônio

Galeria de arte a céu aberto completa 6 anos em Santo Antônio

Desde 2012, projeto Emparede sedia exposições de arte, cineclube e cultivo de abelhas sem ferrão

Publicado em 30 de julho de 2018 às 18:21

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Ivana Belchior na frente da galeria que funciona no muro de sua casa. (Carlos Alberto Silva)

Quem chega à casa número 41 da Rua Albuquerque Tovar, no bairro Santo Antônio, em Vitória, encontra, desde 2012, um lugar que une arte, cinema e criação de abelhas de espécies brasileiras. Lá, funciona o Emparede, como é chamado. O local, que oferece uma imersão cultural, já foi premiado por instituição internacional pelos projetos que executa e, mesmo seis anos depois de sua criação, segue cumprindo a missão de espalhar conhecimento e promover diálogos.

A ideia de uma galeria diferente veio da moradora da casa em que funciona o Emparede, a artista plástica Yvana Belchior. Quando terminou a faculdade, ela se viu sem espaços culturais para expor e decidiu ela mesma criar um local para mostrar suas obras. Naquele momento, ela pensou em começar a pendurar seus quadros e painéis do lado de fora do seu muro. "E é surpreendente, até para mim, mas eu nunca fui roubada e nunca tive obra danificada. Depois que comecei a pendurar as minhas coisas, amigos meus entraram em contato comigo para pendurarem também e assim estamos até hoje", detalha.

O Emparede, em Santo Antônio, é uma casa e também um espaço cultural. (Carlos Alberto Silva)

Ela destaca que, atualmente, consegue planejar exposições com outros artistas, até de fora do Estado e do País, e que recebe muitos alunos de escolas e faculdades da Grande Vitória para fazerem visitas guiadas. "Então, nós conseguimos aliar a arte, com as obras, o audiovisual, com o cineclube que temos aqui - inclusive com as cadeiras do antigo Glória -, e meio ambiente, com dezenas de colmeias que cultivamos de abelhas brasileiras, que não têm ferrão", explica.

As visitas no local acontecem todos os dias, já que Yvana se dedica ao espaço enquanto o marido ainda trabalha como professor de educação física. A artista plástica frisa que, quando são grupos que vão visitá-los, o ideal é só agendar um horário. "Mas nós, também, estamos tentando fazer algumas apresentações culturais fora daqui. Mesmo que todo mundo tenha curiosidade de conhecer e tenha vontade de ver como é a casa, estamos trabalhando oficinas com monitorias em escolas, por exemplo", conta ela, explicando que essas ações fazem parte do projeto total.

Para a artista, a comunidade também participa da programação da galeria: "Muita gente da cidade e até do entorno nos visita, também, porque sempre estamos com campanhas novas. Agora, por exemplo, estou com uma arrecadação de livros para doar".

O Emparede também possui um cineclube com cadeiras do antigo Cine Glória. (Carlos Alberto Silva)

LOJA

Além de todos esses ambientes, Yvana ainda tem uma loja anexa à sua casa que vende alguns itens de arte que ela e outros artistas produzem. Isso para que a renda seja convertida em recurso para manter o projeto, já que ela não conta com nenhum patrocinador ou mantenedor. "Também vendemos o mel que as abelhas produzem e temos uma produção de cerveja artesanal em casa. Tudo isso foi juntando para a gente tentar recolher o mínimo de recurso", reitera.

Para ela, 2018 foi de longe o pior ano para sustentar o Emparede. "O País inteiro está nessa situação complicada e, para nós, não foi diferente. Está sendo muito difícil... Até fizemos alguns cursos de capacitação para ver se conseguimos pensar mais como uma empresa para sobreviver", confidencia. Hoje, a fonte principal de recursos da família é o emprego do marido de Yvana. "Ele brinca que é o nosso principal patrocinador", revela.

ABELHAS SEM FERRÃO

Yvana afirma que as abelhas que possuem ferrão, geralmente, não são as espécies nativas do Brasil. "Nós cultivamos só espécies daqui, inclusive uma espécie capixaba de abelhas que não têm ferrão. Essas abelhas sem ferrão são muito confundidas com outros insetos e até moscas, porque elas não fazem nada, não são ariscas", aponta. Segundo a artista plástica, ter implantado essas colmeias no jardim acabou atraindo um público diferente para o espaço. Yvana afirma que essas espécies brasileiras podem ser criadas até em apartamento, justamente pelo comportamento que essas abelhas têm.

"Muita gente já nos visitava pelo fato do cineclube e da arte. Mas ter as abelhas nos fez receber muita gente mais ligada ao meio ambiente. Além disso, esse pessoal que, às vezes, vem ligado mais nas abelhas, acaba conhecendo as nossas instalações e adquire esse outro conhecimento. Bem como o contrário, também", conclui.

Ivana Belchior mostra sua criação de abelhas. (Carlos Alberto Silva)

SERVIÇO

Emparede Arte Contemporânea

Rua Albuquerque Tovar, 41, Santo Antônio, Vitória

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Mais informações: (27) 99983-3068

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