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Novo presidente deverá indicar regra de reajuste de salário em abril

Novo presidente deverá indicar regra de reajuste de salário em abril

Política atual prevê que aumento seja concedido de acordo com a inflação e o crescimento dos últimos dois anos, mas só vale até o ano que vem

Publicado em 9 de agosto de 2018 às 10:15

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O próximo presidente terá de definir já nos primeiros meses de governo se mantém ou se muda a regra atual de reajuste do salário mínimo. O tema é espinhoso porque tem impacto direto nas contas públicas. Em abril, o novo governo terá de indicar qual será o mecanismo de reajuste da principal referência para trabalhadores e aposentados, ao enviar ao Congresso o projeto de lei que dá as diretrizes do Orçamento do ano seguinte.

Criada no início da década, a atual regra do mínimo prevê que o salário deve ser reajustado de acordo com a inflação dos 12 meses anteriores acrescida do crescimento da economia de dois anos antes. Apesar da previsibilidade gerada pela regra, a principal preocupação dos economistas é o peso do mínimo nas contas públicas. Cálculo feito pela equipe econômica ao anunciar o reajuste de 2018 indicava que o aumento de R$ 1 no salário gerava incremento anual de R$ 301 milhões nas despesas do governo.

Entre os candidatos à presidência, alguns querem manter a regra atual. As campanhas de Marina Silva (Rede) e do Partido dos Trabalhadores informaram que pretendem manter a regra a partir de 2020. Ciro Gomes (PDT) ainda não definiu um modelo e economistas da campanha avaliam o espaço fiscal para determinar como tratar o tema. Uma opção seria dar aumentos reais levando em conta o crescimento médio de anos anteriores e não apenas um ano específico.

Álvaro Dias (Podemos) pretende adotar regra que ofereça reposição da inflação somada ao ganho de produtividade a ser calculada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os outros candidatos não responderam.

Embora reconheça a importância social da política de aumento do mínimo, o diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente, Felipe Salto, diz que a situação fiscal exigirá que o próximo presidente tenha de decidir rapidamente sobre o tema. “Caso o teto de gastos seja atingido, o que pode acontecer em 2019 ou 2020, deverão ser interrompidas medidas que gerem aumento de gasto, inclusive no mínimo”, diz.

A emenda constitucional que criou o teto de gastos (mecanismo que impede que o crescimento dos gastos seja superior à inflação) prevê que, em caso de descumprimento, o governo fica impedido de adotar medida que “implique reajuste de despesa obrigatória acima da variação da inflação”.

A economista-chefe da Rosenberg Associados, Thais Zara defende que, a partir de 2019, o Brasil volte a ter uma regra discricionária para o mínimo. Ou seja, que o governo anuncie todo ano o reajuste a partir da capacidade financeira daquele momento – sem uma regra fixa. “O governo verifica quanto será possível reajustar, pensando sempre na questão da Previdência, e anuncia”. Outros analistas do mercado financeiro compartilham dessa opinião.

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O diretor do Dieese, Clemente Ganz, classifica como “retrocesso” a possibilidade de voltar a ter uma política discricionária para o valor do mínimo. “A economia será tomada de surpresa a cada anúncio”, diz. Ganz reconhece a fragilidade das contas públicas, mas diz que o trabalhador não pode arcar com todo o ajuste fiscal. Por isso, propõe uma discussão e admite que poderia ser revisto, por exemplo, o ritmo de concessão dos reajustes.

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