A casa onde os irmãos Kauã, de 6 anos, e Joaquim, de 3, foram mortos queimados pelo pastor George Alves, em Linhares, no Norte do Espírito Santo, foi devolvida ao dono nesta quinta-feira (17) após passar por perícia da Polícia Civil.
A casa estava interditada pela polícia desde o dia do crime, que ocorreu em 21 de abril de 2018. Na perícia, os peritos usaram luminol, substância para identificar sangue dentro do imóvel. Outros procedimentos também foram utilizados como uma maneira de colher provas.
O dono da propriedade esteve no local na manhã de quinta-feira (17) para fazer uma limpeza. Móveis e objetos queimados foram retirados da casa. O dono da residência não quis gravar entrevista, porém, informou que pretende vender "tudo".
O incêndio aconteceu no dia 21 de abril na casa alugada pela família. O pastor foi preso no sábado (28) e está preso no Centro de Detenção de Viana II. George era o único que estava na casa no momento do incêndio e disse à época ter tentado salvar as crianças.
Com informações de André Rodrigues do G1ES e Ariele Rui da TV Gazeta
O CRIME
Na madrugada do dia 21 de abril de 2018, os irmãos Kauã e Joaquim morreram carbonizados na casa onde moravam, em Linhares. O pastor Georgeval Alves, pai de Joaquim e padrastro de Kauã, estava sozinho na residência com as crianças.
No dia 28 do mesmo mês, o pastor foi preso após a Justiça expedir um mandado de prisão temporária por 30 dias porque o homem estava atrapalhando as investigações do incêndio que matou as crianças.
As declarações mentirosas e contraditórias dadas por George Alves levaram a Polícia Civil a desconfiar de que a morte dos irmãos Joaquim, de 3 anos, e Kauã, de 6 anos, não havia sido provocada por um incêndio acidental.
À imprensa, na porta do Departamento Médico Legal (DML), em Vitória, na tarde do dia 23 de abril, o pastor declarou que tentou salvar o filho e o enteado, mas não conseguiu por conta do fogo intenso. Na entrevista, ele ainda falou sobre fé e representou como teriam sido os últimos momentos de vida das crianças. Todas as declarações foram desmentidas posteriormente pela força-tarefa criada para investigar o caso.
SANGUE
O que concluiu a investigação
Vizinhos ouviram os gritos das crianças pouco tempo antes de elas serem mortas. Os irmãos foram estuprados, agredidos e depois queimados por George, segundo a polícia. Traços de sangue de Joaquim foram encontrados no box do banheiro social da casa e na escrivaninha do quarto das vítimas.
Perícia concluiu que Joaquim e Kauã estavam desacordados quando foram queimados vivos, portanto não gritaram. Imagens de câmeras de videomonitoramento próximas à casa mostram que o fogo começou às 2h20.
QUARTO FECHADO
O que concluiu a investigação
Porta e janela do quarto estavam fechadas. As crianças estavam desmaiadas e não gritaram pedindo ajuda. Portanto, Kauã não tentou salvar o irmão, segundo a perícia. O pastor também não chegou perto da cama enquanto ela queimava.
SEM QUEIMADURAS
O que concluiu a investigação
George não apresentava nenhuma lesão de queimadura no corpo que indicasse que ele tentou salvar os filhos. Os corpos estavam lado a lado na cama e ainda não se sabe se foram colocados desta forma por George ou se um caiu da parte de cima do beliche quando o móvel foi destruído. O pastor não gritou pedindo socorro no momento em que o fogo começou. Ele foi visto dando voltas na varanda da casa, de cueca, e só se manifestou quando vizinhos começaram a aparecer oferecendo ajuda.
FRIEZA
No mesmo dia em que matou o filho e o enteado, George Alves participou de um culto na Igreja Batista Vida e Paz de Linhares acompanhado da esposa Juliana Alves. Com os pés enfaixados, ele chorou muito e foi amparado por amigos e membros da congregação. No dia seguinte ao crime, o pastor comandou o culto e convocou os fiéis horas antes pela internet. #EU DISSE SIM VOU ATE O FIM# *estarei ministrando, espero vcs, publicou ele na ocasião.
Após um mês de investigação, a polícia divulgou nesta quarta-feira (23) que o pastor George Alves é acusado de estuprar, espancar e queimar vivos o filho, Joaquim, de 3 anos, e o enteado, Kauã, de 6 anos.
A CONCLUSÃO DO CRIME BÁRBARO
O pastor George estuprou o próprio filho, Joaquim, de 3 anos, e o enteado, Kauã, de 6, antes de atear fogo nas crianças ainda vivas. Os crimes ocorreram no dia 21 de abril, na casa onde a família morava, no Centro de Linhares, Região Norte do Espírito Santo.
As revelações sobre o caso que chocou o país e deixou uma cidade inteira de luto foram dadas pela força-tarefa da Polícia Civil, em entrevista coletiva à imprensa.
A substância PSA, presente no sêmen e produzida pela próstata, foi encontrada nos corpos dos meninos, o que comprova, segundo o delegado, que houve estupro. Jaretta reforçou que a polícia traçou uma concatenação de como ocorreram os fatos que chocaram a todos os envolvidos na investigação por tamanha crueldade do crime.
"Ele agrediu as crianças. Foi encontrado vestígio de sangue no box do banheiro, que um exame comprovou ser de Joaquim, seu filho biológico. Com as crianças vivas, porém desacordadas, ele as levou para a cama, utilizou um combustível derivado de petróleo e ateou fogo nelas e no local, fazendo com que elas fossem mortas pelo calor do fogo. Elas foram mortas pelo fogo. O exame comprova os meninos foram mortos carbonizados. Os dois tinham fuligem na traqueia, o que indica que eles respiravam a fumaça do incêndio", detalhou o delegado André Jaretta.
O pastor George ateou fogo nas crianças com o objetivo de ocultar os crimes de estupro. "Feito isso, o investigado (pastor George) foi para o ambiente externo da casa, sem abrir o portão, ficou andando de um lado para outro, até que transeuntes vissem o cenário, parassem e, por conta própria, prestassem auxílio, abrindo o portão, mas não tendo mais condições de prestar socorro às crianças", disse o delegado.
"Não bastasse esse ato, vimos que o investigado buscou se promover, tentando mostrar uma personalidade muito inversa do que sua conduta mostrou", afirmou.
SECRETÁRIO CHAMOU PASTOR DE 'MONSTRO' E CRITICOU LEGISLAÇÃO
O secretário estadual de Segurança Pública, coronel Nylton Rodrigues, afirmou em entrevista à TV Gazeta que o pastor Georgeval Alves, que estuprou e matou o próprio filho, Joaquim Alves Salles, de 3 anos, e o enteado, Kauã Salles Butkovsky, 6, não ficará muito tempo preso. George foi indicado como autor do crime, que aconteceu no dia 21 de abril em Linhares.
"Ele continua detido e, com certeza, será condenado. Aí vem a nossa legislação e ele não fica nem 30 anos na cadeia - porque tem a progressão da pena, abatimento da pena. É hora de o nosso legislador lá em Brasília ver isso", criticou.
O coronel informou, também, que o inquérito será encaminhado na semana que vem para a Justiça e para o Ministério Público. George foi indiciado por duplo homicídio triplamente qualificado e duplo estupro. Na soma total da pena, ele pegaria 126 anos de cadeia.
FRIO E CALCULISTA
Nylton Rodrigues ainda informou que o pastor teve comportamento frio e calculista e que em nenhum momento ele se emocionou ao saber das conclusões do caso.
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