Performático, fashionista, multimídia, exímio pianista, ativista na luta contra a Aids (já declarou ser sortudo por não ter adquirido a doença), influenciador de várias gerações de cantores ... Nem é preciso dizer que é praticamente impossível definir em poucas palavras a importância do britânico Reginald Kenneth Dwight (72), "vulgo" Elton John, para a cultura pop e o mundo do entretenimento. Podemos dizer sem medo de errar: um "mito" de verdade.
Aproveitando a estreia da cinebiografia do astro, "Rocketman", nos cinemas do Estado, o Gazeta Online conversou com especialistas em música para saber a importância e a influência de Elton John para suas carreiras. Todos são unânimes em um ponto: trata-se de um dos mais talentosos e completos artistas de todos os tempos.
Integrante das bandas Evidence e Los Penetras, e conhecida pelo bom humor e irreverência cativantes, Graciela D' Ferraz - que também é investigadora de polícia - diz que se espelha na mise-en-scène de Elton John para compor as coreografias de seus shows. Além disso, a cantora destaca o guarda-roupa extravagante e colorido, a marca registrada do britânico, como sendo influência para ícones pop de hoje, como Lady Gaga e Katy Perry.
"Ele é de vanguarda. Nos anos 1970, inovou ao fazer apresentações icônicas e performáticas, dançando sobre o piano e incendiando a plateia. Adoro essa comunicação física com o público e me espelho nisso, usando brilhos, paetês e óculos coloridos, garante, dizendo que a música "Nikita" marcou a sua infância nos anos 1980.
"Lembro quando era criança e cantávamos a música dentro do ônibus, indo para o colégio. Eram bons tempos, quando se faziam ícones de verdade, com músicas engajadas socialmente e que marcavam uma geração", relembra, listando outras músicas favoritas do cantor: "Blue Eyes", "Daniel" e "Rocketman".
NASCIDO PARA BRILHAR
A trajetória de Elton John começou nos anos 1960, quando o tímido e complexado "garoto" gordinho, de óculos e de grande força vocal, ingressou na banda Bluesology. Seu nome artístico? Foi inspirado em cantores que serviram de base para a formação como músico: o saxofonista Elton Dean e o vocalista Long John Baldry.
A carreira de popstar nasceu meio que "por acaso" (se é possível dizer isso do astro sem cometer uma heresia). Para ganhar dinheiro, tentou vender músicas para cantores famosos, mas não encontrou interessados. Até que, em 1967, resolveu atender a um anúncio de jornal do compositor Bernie Taupin, que pedia um músico para interpretar suas letras.
Juntos, John e Taupin foram a parceria mais criativa da história da indústria fonográfica, produzindo dezenas de sucessos como "Skyline Pigeon", "Sacrifice", "Nikita", "Daniel", "Your Song", "Candle in the Wind" e "Goodbye Yellow Brick Road".
O cantor Amaro Lima credita o sucesso do astro britânico por sua capacidade de transitar por vários ritmos com perfeição. "É um intérprete de muitas camadas, um camaleão, pois passeia entre o rock e a música pop sem perder o ritmo. O feito é fruto de uma parceria certeira com Bernie Taupin", avalia, dizendo que assistir a um show ao vivo de Elton John é uma experiência quase sensorial. "É como uma hipnose. Você fica fascinado com a sua extravagância de cores, roupas, e melodias musicais".
VERSATILIDADE ÚNICA
Com o compositor Tim Rice, Elton John venceu o tão cobiçado Oscar: fez a trilha sonora do clássico "O Rei Leão" (1994) - cuja desnecessária refilmagem estreia em julho - e criou uma de suas faixas mais amadas pelo grande público, "Can You Fell the Love Toinght?".
Maestro e fundador da Orquestra Camerata Sesi-ES, Leonardo David também se diz um grande fã do ícone pop. O músico destaca o talento do britânico tanto como cantor, compositor e produtor. "Ele tem a genialidade de fazer canções intuitivas, em que o público ouve uma única vez e consegue gravar facilmente a melodia. Só artistas que têm identidade própria conseguem esse feito", elogia, destacando suas faixas preferidas, "Can You Fell the Love Toinght?" e as canções da trilha sonora do musical "Billy Elliot", atualmente em cartaz em São Paulo.
Leonardo David também não esquece de destacar o lado humanitário do britânico, conhecido por causas sociais e críticas contra governos totalitários. "Ele é um ativista do bem, É louvável o seu trabalho com a fundação que promove a prevenção da Aids", acredita. Vale destacar que, somente em 2018, a Elton John Aids Foundation (EJAF) arrecadou mais de US$ 300 milhões para investir em pesquisas que buscam a cura da doença.
Lutas à parte, o inglês teve que vencer muitos fantasmas na vida pessoal, principalmente nos anos 1970 e 1980. O cantor foi dependente de drogas (pesadas), viciado em sexo e tentou o suicídio algumas vezes. Sua redenção parece ter vindo apenas após o casamento com o cineasta David Furnish, em 2005.
Para os fãs que vão conferir "Rocketman" nos cinemas, um aviso: não esperem ver um longa linear e que tenta "higienizar" a carreira do astro para agradar o grande público (como fez o decepcionante "Bohemian Rhapsody"). Produtor do longa, Elton fez questão de fazer uma cinebiografia sem tabus ou preconceitos, mostrando cenas de sexo gay, uso de drogas e músicas lisérgicas, em passagens coloridas e bem humoradas. Como Reginald Kenneth Dwight sempre foi na vida real, sem máscaras.
Abaixo, veja o vídeo do cantor, ao lado do ator Taron Egerton (que o interpreta nas telas) dando um show ao entoar "Rocketman" durante o lançamento do filme no Festival de Cannes 2019, há uma semana.
E aqui, confira o trailer de "Rocketman"
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