Daniele Dias Santos, de 28 anos, está desempregada, grávida de cinco meses e acordou no sábado (18) boiando com o filho e o marido dentro de casa, em Jardim Marilândia, bairro de Vila Velha. Os dois colchões de solteiro improvisados em que ela dormia já eram doados desde a última enchente que carregou tudo do imóvel, em 2018, e por mais um ano ela lamentou o fogão, geladeira, armários e pertences pessoais indo por água abaixo. Ela, que teve que se mudar para um apartamento provisório alugado, é só uma das centenas de pessoas que foram direta e indiretamente afetadas - mais um vez - pelas fortes chuvas que atingiram a Grande Vitória no último fim de
Nos últimos anos, de acordo com ela, o volume de água que entra dentro de casa só vem aumentando e dessa vez, para Daniele, foi o pior ano. "Eu e meu esposo ficamos acordados até umas três da manhã, da sexta para o sábado, para ver como ia se comportar a chuva. Quando decidimos que poderíamos dormir nem no nosso quintal tinha água acumulada ainda. Eu acordei às cinco da madrugada, com o meu filho e meu marido no colchão, boiando dentro do quarto. Não deu para salvar nada, igual à última enchente, um ano atrás", fala.
Desde as últimas chuvas, Daniele relata que nem conseguiu comprar tudo de novo e estava priorizando as coisas do quarto do filho, para dividir os móveis com o bebê que vem aí. "Comprei o guarda-roupas novo e estava prestes a comprar o berço e outros móveis para o neném. Ainda bem que não comprei... Mas mesmo assim estou muito triste, todos os anos a mesma coisa", lamenta. Ela diz que os colchões de solteiro improvisados como cama de casal e alguns outros móveis menores dos quartos foram doados por vizinhos e conhecidos na última ocasião em que perdeu tudo.
"Já tinha perdido cama, colchão... Uma situação muito complicada. Já não tenho mais armários, estantes, móveis de sala e quarto, banheiro", conta.
MUDANÇA
Na noite desta segunda-feira (20), a casa da Daniele e a rua em que ela mora, a Travessa Tabuleiro II, em Jardim Marilândia, ainda estavam alagadas e, por isso, ela não podia voltar para casa com o marido. Antes de voltar para o local, ela terá que arranjar gente para ajudá-la a limpar tudo e ver o que dá para salvar do que ficou no imóvel. Por enquanto, ela se mudou com a família para o apartamento de um conhecido na região, que fica no mesmo bairro.
"Meu filho também está sem aula, ele estuda aqui no bairro, mas não sabemos quando vamos voltar. Meu marido é garçom, trabalha, e eu não estou conseguindo fazer muito esforço por causa da gravidez, então vou depender dos amigos e família para ajudar a limpar tudo lá", afirma, indicando que o local ficou com água barrenta até mais da metade da parede.
Daniele detalha que nesse apartamento provisório está morando com o esposo, o filho, uma sobrinha e a sogra, que também foram afetados. "O dono do bar alugou para a gente, mas também não sei quanto vai custar. Porque não sei quanto ficaremos e não sei quanto custa, mas foi o jeito que encontramos", continua. A mulher ainda terá que fazer alguns exames por conta do bebê. "Tive contato com a água suja e tenho medo de que possa ter contraído alguma doença", finaliza.
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