> >
Mais mulheres acusam médico de abuso em Vila Velha

Mais mulheres acusam médico de abuso em Vila Velha

Os abusos teriam acontecido no mesmo hospital onde caso foi relatado no último fim de semana

Publicado em 28 de maio de 2019 às 18:45

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
(Reprodução | Internet)

Durante mais de seis anos, uma mulher, que hoje tem 59 anos, escondeu de todos uma angústia, que agora foi revelada para a família e denunciada à polícia. Ela é mais uma vítima que acusa um médico de um hospital particular de Vila Velha de abuso e assédio. O mesmo profissional tentou beijar uma jovem à força no último fim de semana, foi preso e depois solto. Além da mulher, há outro caso de 2017 que foi denunciado. 

Os abusos teriam acontecido no mesmo hospital onde caso foi relatado no último fim de semana. A filha da vítima de 2012, que tem 18 anos, conversou com a reportagem da TV Gazeta. Com medo, a mulher que acusa o profissional prefere não falar. Hoje ela ainda faz terapia e tratamentos psicológicos decorrentes da situação. O médico é cardiologista e tem 54 anos de idade.

Na última semana, a filha convenceu a vítima a denunciar toda a situação contra ele. O boletim foi registrado na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). “Foi depois dessa notícia da TV que ela teve mais segurança de fazer o boletim de ocorrência e o registro. Não queria fazer antes por medo e também por ameaças que o médico fez contra ela”, declarou.

O CASO

De acordo com a jovem, a mãe dela estava com suspeita de dengue em 2012, com muita febre e hemorragias. Como estava na menopausa já, ela suspeitou que pudesse ser dengue hemorrágica e procurou o hospital particular. “Ela contou que quando foi atendida pelo médico, ele tirou o absorvente dela, agarrando por trás. Ele disse que estava sangrando e pediu que ela colocasse novamente e fosse para o soro”, declarou.

No dia, uma secretaria testemunhou a situação, segundo relatos da vítima para a filha. “A assistente viu isso e saiu do escritório meio assustada, mas eles continuaram no consultório. Nesse momento, ele começou a forçar um beijo, que não é um carinho de profissão. Ele apertou e molestou a minha mãe… Não quero nem falar para não reviver isso. É como se fosse comigo”, declarou.

Houve uma outra situação em que a vítima precisou encontrar o médico e também houve os abusos. Nessa situação, a mãe ainda falou que gritaria para que alguém salvasse ela. “Minha mãe falou ‘meu marido está lá fora’ e ele dizia que era a palavra dele, de um médico, contra a dela, e que era poderoso”, lembrou.

MUDANÇA DE PERSONALIDADE

A família só ficou sabendo de tudo o que estava acontecendo recentemente. De acordo com a jovem, que tem 18 anos, a mãe teve mudanças bruscas de comportamento após suspeitas de abusos contra o médium João de Deus, que repercutiu recentemente em todo o país

“Ela não saía de casa e o casamento intimamente não tinha mais contato. Ela não queria participar de festas que a gente fazia, de família. Ela mudou e não se cuidava. Levava ela ao médico, não localizava o problema. Até que ela começou a participar de terapia e criou coragem para me contar. Foi um período longo até chegar esse momento”, declarou a jovem.

Segundo a filha da vítima, foi uma coincidência outra pessoa denunciar o médico, como aconteceu no fim de semana. “A primeira pessoa sempre vai tomar ‘pedrada’, mas incentiva outras pessoas. Tenho certeza que existem outras mulheres, que não tiveram coragem de denunciar”, pontuou.

ACUSAÇÃO DE ESTUPRO

Pelos relatos da mãe, a filha acredita que o médico deveria voltar para a cadeia e que com a mãe ele tenha cometido um abuso sexual mais grave. “Estupro não é só conjunção ou violência sexual, mas envolve ameaça também, como ele fez. Ele não vai parar. O que aconteceu com minha mãe foi em 2012, teve outro caso que surgiu agora, de 2015 e em 2019 agora. Na própria delegacia falaram que tinha mais gente denunciando”, pontuou.

JUSTIÇA

Agora com o caso da jovem que o médico tentou beijar à força, a filha da vítima que hoje está com 59 anos espera que a Justiça seja feita, mas que a sociedade também para de culpar a vítima.

“Nos comentários em redes sociais vi muita gente defendendo, dizendo que ele é carinhoso e dá beijos no rosto, mas nenhum assediador é um cara mal. Ele escolhe a pessoa mais vulnerável. Esperamos que as pessoas parem de culpar a vítima, porque é muito doloroso”, pontuo.

OUTRO CASO

A reportagem da TV Gazeta também contou o caso de uma empresária de 42 que acusa o médico de tentativa de assédio em 2017. Na época ela foi ao hospital porque o médico é conhecido da família e quando foi se despedir dele no consultório foi empurrada contra a parede, quando ela foi assediada.

Segundo os relatos, na época ninguém da família acreditou nela. No entanto no último domingo (26), o próprio marido viu a reportagem do Gazeta Online, se assustou e contou para a esposa, incentivando ela a prestar queixa contra o profissional.

POSICIONAMENTOS

Para a TV Gazeta, o Hospital São Luiz, onde o médico atua, afirmou que irá apurar o caso e aguardar a investigação da Polícia para qualquer medida administrativa. Ressaltou, ainda, que repudia veementemente qualquer ato que coloque em risco a integridade física e psicológica dos pacientes.

O Conselho Regional de Medicina (CRM-ES) disse que a denúncia de assédio noticiada na imprensa local será apurada e que já está tentando reunir informações suficientes para dar início a uma Sindicância.

Este vídeo pode te interessar

Já a Polícia Civil informou que investiga todos os casos formalizados nas delegacias, e orienta que as vítimas desse tipo de caso registrem a ocorrência em qualquer delegacia, munidas de todo material que comprove o crime e que auxilie a polícia no trabalho de investigação. Denúncias podem ser feitas por meio do Disque-Denúncia 181 ou pelo disquedenuncia181.es.gov.br, onde é possível a pessoa anexar imagens e vídeos de ações criminosas.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais