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Filme vai contar a história dos primeiros infectados com AIDS em Vitória

Filme vai contar a história dos primeiros infectados com AIDS em Vitória

Produzido por Vitor Graize e Rodrigo de Oliveira, "Os Primeiros Soldados" começa a ser gravado em setembro

Publicado em 30 de agosto de 2019 às 19:26

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Gravações de "Os Primeiros Soldados" começam em setembro. (Rafael Segatto)

A história dos primeiros infectados com a AIDS em Vitória será contada no longa-metragem “Os Primeiros Soldados”. Com roteiro original e direção de Rodrigo de Oliveira, da produtora e distribuidora capixaba Pique-Bandeira, o filme será rodado no início de setembro na Capital, Serra e em Domingos Martins.

O elenco é liderado por Johnny Massaro, Renata Carvalho e Clara Choveaux, e conta ainda com os capixabas Alex Bonini e Vitor Camilo.

Mais de 20 atores e atrizes locais também compõem a relação de profissionais que entrarão no set. Ambientando entre os Reveillóns de 1982 e 1983, “Os Primeiros Soldados” conta a história de Suzano (Johnny Massaro), um biólogo que mora na França e volta ao Brasil para passar férias com a irmã mais velha, a enfermeira Maura (Clara Choveaux) e o sobrinho, em Vitória.

“O Suzano sabe que há algo de muito errado com o corpo dele. Ele se prepara para poder se tratar por conta própria até que a medicina entenda o que está acontecendo e para que tenha mais informações. Chegando aqui, percebe que existem outros da comunidade LGBT em Vitória que podem estar com a mesma coisa que ele”, explica Rodrigo.

A história mostra Rose (Renata Carvalho) e o Humberto (Vitor Camilo) se aproximando de Suzano e, assim como ele, entendendo como lidar com a novidade da doença e os sintomas que ela provoca no organismo.

O trio se une à enfermeira Maura. “A Rose é uma espécie de líder emocional da comunidade. Ela é uma travesti que se apresenta em uma boate gay clandestina nos porões de Vitória. O filme conta a saga desses primeiros infectados e de todos os outros que estavam no entorno deles: a família, os membros da comunidade LGBT e a comunidade médica”, detalha Oliveira.

ELO MÉDICO

Mãe e enfermeira no longa, Clara Choveaux acredita que o filme deve provocar um importante movimento de discussão acerca do tema da AIDS. “Trata-se de um projeto corajoso que chega em um momento político crucial, principalmente, com os dados que indicam que a contaminação está aumentando”, analisa.

Clara Choveuax será Maura em "Os Primeiros Soldados". (Rafael Segatto)

“A Maura é uma mulher corajosa, feminista, à frente do seu tempo. Ela é mãe, solteira, e é completamente ativa como profissional. É independente, cria o filho sozinha, ou seja, é o típico perfil de várias mulheres que eu conheço: tem ética e dá conta da vida dela”, apresenta.

PESQUISA

Até a concepção do roteiro, Rodrigo de Oliveira desenvolveu um ano de pesquisa para identificar dados estatísticos, apurar histórias e construir a narrativa adotada no longa que será gravado no estado no início do próximo mês. Para ele, o papel da arte é dar voz a corpos silenciados pela doença e pela história. O filme conta com o apoio do Funcultura-ES.

“Toda vez que a gente tentava chegar em nomes, a gente esbarrava nessa coisa de estatística. O máximo que a gente conseguia enxergar eram números, a gente não tinha acesso a nomes porque até mesmo os médicos que atendiam naquela época, que ainda estão na ativa, muitas vezes, só lembravam do primeiro nome dos pacientes”, revela.

Artistas ensaiam leitura de texto em "Os Primeiros Soldados". (Rafael Segatto)

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Na avaliação de Rodrigo, a AIDS é um assunto invisível no cinema. “Vamos contar histórias que a maioria nunca ouviu, de quem estava na linha de frente da chegada da epidemia em Vitória. Desses, a gente não sabe o nome, não sabe a história, não sabe em que condições morreram, nem sabe se eles sequer sabiam do que morreram. O filme nasce muito disso”, explica.

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