"Andando Sem Olhar pra Frente" dá o tom da obra, extremamente pessoal e que escancara as influências do músico, que vão de Elliott Smith a Sigur Rós

Publicado em 13/06/2016 às 17h58

Atualizado em 14/06/2016 às 16h39

Guilherme Lage

online@redegazeta.com.br

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"Rock Triste" é como ficou conhecido o estilo musical de alguns artistas da capital mineira. O caçula da cena é Fernando Motta, que lança nesta segunda-feira (13) o álbum "Andando Sem Olhar pra Frente". O nome do disco dá o tom da obra, extremamente pessoal e que escancara as influências do músico, que vão de Elliott Smith a Sigur Rós. Com dez faixas, sendo duas instrumentais, o álbum foi gravado em menos de três meses em um estúdio caseiro de Belo Horizonte.

Produzido por João Carvalho, que também gravou os baixos e guitarras adicionais no álbum, o nome do disco reflete, segundo o músico, a necessidade imposta pela vida em seguir em frente, mesmo sob a incerteza e o despreparo, permeado por letras impregnadas de nostalgia que tratam de perdas e conflitos existenciais.

Fernando, que é filhote desgarrado de outra banda mineira, a Young Lights, relata que o conteúdo particular do material foi um produto orgânico do processo de criação. "São autobiográficas. Já até tentei fugir disso, mas o resultado não me agradou muito, não me senti muito à vontade. Mas acho que isso não impede que as pessoas se identifiquem e tenham suas próprias interpretações das letras. Isso é o mais importante, eu diria".

"Andando Sem Olhar pra Frente" é o álbum de estreia de Fernando Motta
Foto: Divulgação

O tempo com sua ex banda, segundo ele, foi de grande importância para o amadurecimento musical e produção de um álbum solo "Mesmo antes da Young Lights, eu já experimentava compor algumas coisas. Mas acho que ter entrado pra banda foi essencial pra eu ter confiança pra fazer mais músicas e pra divulgá-las. Eu não saí da Young Lights já pronto pra lançar meu projeto solo, mas acabou que as coisas fluíram bastante. Comecei a compor muito e, quando vi, já tinha material suficiente e que eu gostava pra lançar um disco. Acho que nós temos influências parecidas, mas a sonoridade acaba sendo bem diferente." contou.

Fernando é membro do coletivo "Geração Perdida", conhecido por lançar bandas do denominado "rock triste" em BH. O termo, no entanto, não parece incomodar o cantor. A expressão foi cunhada pelos fãs de bandas que compartilham, na música, uma visão menos festiva das coisas, com letras de caráter existencial semelhantes as de "Andando Sem Olhar pra Frente".

O estilo (que não é bem um estilo) extrapola os limites de Minas Gerais. Selos como a Bichano Records, no Rio de Janeiro, a Transtorninho Records, em Recife e a Umbaduba Records, em Porto Alegre, são conhecidos por representar bandas que compõe cenas irmãs com Belo Horizonte. "Esse negócio de “rock triste” tira um sarro, mas é carinhoso ao mesmo tempo (risos)."

Em 23 de maio foi lançado o elogiado vídeo de "Céu", faixa que abre o disco. Com guitarras e vocais arrastados, momentos de calmaria e explosão, a canção dá uma síntese do álbum vindouro. O primeiro show do músico acontece no dia 24 de junho em Belo Horizonte.

Faixas:

1 – Céu

2 – Videokê

3 – Macaulay Culkin

4 – Com o Tempo

5 – Serenata (Instrumental)

6 – Sexto Sentido

7 – Erro Coerente

8 – Silêncio

9 – Fôlego (Instrumental)

10 – Paris, Texas

Local

Casa do Jornalista - Avenida Álvares Cabral, 400, Centro, Belo Horizonte

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