Harry Potter comemora 20 anos do lançamento do primeiro livro

Clássico contemporâneo, a saga do bruxinho Harry Potter completou na última semana duas décadas de lançamento, com homenagens dos fãs

Publicado em 02/07/2017 às 07h49

Atualizado em 04/07/2017 às 10h24

Thiago Sobrinho

tsobrinho@redegazeta.com.br

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Há duas décadas, completadas no último dia 27 de junho, a escritora britânica J. K. Rowling estreava na literatura com “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, primeiro de sete livros da saga do famoso bruxinho. A história do “menino que sobreviveu” cativou fãs do mundo inteiro – além de ter sido, em diversos casos, responsável por fazer com que uma imensidão de jovens leitores se apaixonassem pela literatura.

O sucesso foi tanto que a série foi traduzida para 73 idiomas. Estima-se que meio bilhão de exemplares foram vendidos ao longo de todos esses anos. “Harry Potter” também virou franquia e foi parar no cinema. O primeiro filme foi lançado em 2001, e dirigido por Chris Columbus.

“Harry Potter e a Pedra Filosofal”: sucesso do livro também ganhou os cinemas
Foto: Divulgação

Se na literatura o universo criado por Rowling perpassou, como já dito anteriormente, sete volumes, nas telonas, a história de Potter virou oito filmes. Isso porque o último livro da série, “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, foi fracionado em dois filmes: o primeiro, lançado em 2010, e a segunda parte um ano depois.

Juntos, os oito filmes acumularam cerca de US$ 7,7 bilhões em bilheteria em todo o mundo. Na nossa moeda, essa quantia dá, nada mais, nada menos que R$ 25 bilhões.

Todo esse sucesso com certeza alegra J. K. Rowling. Tanto que, durante a última semana, ela comemorou a data numa postagem no Twitter.

“Há 20 anos o mundo que havia experimentado sozinha de repente se abriu para os outros. Foi maravilhoso. Obrigada”, escreveu a britânica.

Embora seja um sucesso de público, “Harry Potter e a Pedra Filosofal” foi rejeitado por algumas editoras até que fosse publicado pela editora britânica Bloomsbury. A tiragem inicial do primeiro livro tinha apenas 500 exemplares.

O pontapé para o sucesso se deu com as críticas positivas que a estreia recebeu na imprensa escocesa. Na ocasião, uma resenha dizia que o livro tinha “todos os ingredientes de um clássico”.

No “Guardian”, a pompa foi maior: J. K. Rowling foi comparada a Roald Dahl, escritor britânico de romances como “Matilda” e “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, por exemplo.

Elementos suficientes que tornaram a série o clássico contemporâneo que ela é. E a data não passará em branco: em outubro será lançado um livro de rascunhos e manuscritos de J. K. Rowling. A obra chegará com o título de “Harry Potter – A History of Magic” e em duas versões: capa dura e capa comum.

 

Análise:

"Harry Potter": um mundo de lições, por Natalia Bourguignon

Conheci Harry Potter no terceiro livro, “O Prisioneiro de Azkaban”, meu preferido até hoje. Ainda bem. Os primeiros volumes, bem infantis, não teriam me cativado.

Eu não vivia, é claro, em um mundo mágico escondido em plena Londres dos anos 90. Mas, no início da adolescência, os conflitos de Harry eram os meus, as perdas dele eram as minhas e as vitórias também.

Foram anos imersa no universo de magia, vivendo junto a luta contra a injustiça, personificada no bruxo maléfico das trevas que-não-pode-ser-nomeado.

Mesmo hoje, 20 anos depois, as marcas dessa batalha estão em mim e em uma legião de fãs. Ela formou o caráter e os valores de uma geração de leitores. As lições foram inúmeras: “Harry Potter” é sobre se sentir sozinho na multidão e não sucumbir ao desespero e às adversidades. É, sobre lutar pelo que é certo mesmo quando as chances não estão ao seu favor. É, sobre o poder de amizades sinceras e fiéis. É sobre lembrar que a esperança pode ser encontrada mesmo nos locais mais escuros, se você se lembrar de acender a luz.

Curiosidades

Primeiro livro

“Harry Potter e a Pedra Filosofal”, primeiro livro da saga, foi publicado pela primeira vez no dia 26 de junho de 1997.

Cópias

Apenas 500 cópias foram impressas na primeira edição do livro de estreia do bruxinho. Hoje, a saga vendeu cerca de 500 milhões de exemplares.

Espera

Ao todo, os sete livros da saga foram lançados ao longo de uma década. O último deles saiu lá fora em julho de 2007; e em novembro do mesmo ano aqui no país.

Alter-ego

Sabe-se hoje em dia que a personagem de Hermione foi inspirada na prória autora em seus tempos de escola.

Personagem Gay

À época do lançamento do livro “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, J.K.Rowling revelou que Alvo Dumbledore, diretor de Hogwarts, era gay.

Dementadores

Esses seres lúgubres foram criados por Rowling para personificar a depressão, doença que a autora enfrentou em um período da vida.

King’s Cross

Na saga, a estação londrina é o local onde os bruxos pega o trem para Hogwarts. Na vida real, foi lá que os pais de Rowling se conheceram.

Fuén

Embora sucesso de público, as adaptações dos livros para o cinema nunca levaram um Oscar.

Fãs relatam a influência da saga “Harry Potter” em suas vidas

Foi ainda criança que Juane Vaillant, de 27 anos, ouviu falar pela primeira vez de “Harry Potter”. “Eu tinha 10 anos e um tio meu me falou sobre o livro. Na época eu já me interessava por obras que tivessem bruxas, fadas e afins. Ele me disse também que um filme seria lançado em breve”, conta a hoje escritora e produtora cultural.

Enquanto ouvia o resumo da história do mago, recorda-se ela, o que a cativou foi o fato dele morar dentro de um armário debaixo de uma escada. Contudo, quando passou a ler o livro, outra coisa chamou sua atenção. “Quando comecei a ler, o que me deixou mais apegada foi a infinidade de personagens maravilhosos”, explica a “pottermaníaca”.

Anos mais tarde, quem também teve contato com o universo mágico criado por J. K. Rowling foi o estudante Victor dos Santos, de 18 anos. Mas, diferente de Juane, Victor primeiro assistiu aos filmes da saga. “Conheci quando criança, com três ou quatro anos. Minha mãe alugou e eu vi”, relembra. “Só depois comecei a ler os livros. Isso em 2014, quando tinha 16 anos”, conta o fã recente, que nem havia nascido quando “Harry Potter e a Pedra Filosofal” foi lançado há 20 anos.

Magia real

Além dos personagens, a professora Ana Castro, 25 anos, destaca que, entremeada na narrativa da saga, Rowling incluiu em seus livros uma série de conceitos que estão em evidência nos dias atuais. “Tem a questão do bullying, que aparece bastante. Há alguns conceitos de feminismo, que estão representados na figura da Gina (Weasley)”, ressalta.

O casamento de Ana Castro teve o tema de "Harry Potter". Na imagem, ela "aplica" o feitiço de levitação Wingardium Leviosa em seu noivo, Álvaro Milanezi.
Foto: Rafael Mello

Ana resume bem o que foi crescer lendo “Harry Potter”: por anos, quando adolescente, manteve um blog sobre o bruxinho, assistia repetidamente aos filmes e, entre outras coisas, visitou King’s Cross, em Londres, onde, na história, fica localizada a plataforma 9 ¾.

Além disso, a professora também levou a magia para a vida real. No início deste ano, ela se casou e a festa da casamento foi temática: no lugar de flores, o buquê tinha páginas de livros.

“A gente fez a maior parte da decoração”, conta. “Fizemos pôsteres, aranhas voando. Fiz o convite no photoshop imitando o Mapa do Maroto. Os padrinhos entraram com varinhas e meu pai entrou vestido de Dumbledore”, relata.

Mas e os amigos e conhecidos? O que acharam quando souberam do tema do casamento? “As pessoas me achavam meio louca. Mas assim, de certa forma, muita gente achou diferente. Não foi um casamento religioso. Foi algo bem pequeno para as pessoas que estavam ali”, conta.

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