Cinema e medo: Halloween ajuda a divulgar o gênero
Aproveitamos o Halloween (ou Dia das Bruxas, se preferir) para falar sobre o cinema de terror, um dos gêneros mais consumidos pelo público brasileiro
É Halloween (ou Dia das Bruxas, se preferir)! E Mesmo que o Brasil tenha importado a tradição cultural dos americanos, a data ainda é uma bela desculpa para falarmos sobre obras de medo, terror e suspense.
O professor de Cinema e Audiovisual da Ufes Marcelo Castanheira destaca que a data é uma interessante ferramenta para divulgar o cinema de gênero, que por muito tempo foi visto como renegado.
“Por conta das maratonas que muitos canais da TV a cabo promovem, o terror ganha mais visibilidade. O que é muito bom, porque mantém o interesse do público cativo e atrai pessoas mais jovens”, conta.
O designer e roteirista Gil Marcel Cordeiro é um grande fã de filmes de terror. Ele conta que desde muito jovem assiste a filmes do gênero – foi essa afinidade, inclusive, que fez com que ele se apaixonasse por cinema em geral.
“Essa vontade de ver terror nunca diminuiu. O bom terror faz uso do drama, do suspense ou da comédia. ‘Pânico’ para mim é um desses filmes, que te fazem rir de nervoso”, pondera.
Para ele, o fã de terror é muito estigmatizado. “ Você não precisa gostar de ver tragédia, sangue, pra gostar de terror”, fala. Ele completa dizendo que o mais importante em um bom filme, é manter a atmosfera o tempo inteiro. “É difícil fazer o espectador sentir medo por 90 minutos. O interessante do terror é a experiência de vivenciar alguns dos seus medos, e, ao mesmo tempo, estar seguro no conforto do seu sofá”, destaca.
Castanheira ressalta que o cinema de terror é uma referência iconográfica cultural importante. “Os personagens entram para cultura popular. Até hoje as pessoas lembram de personagens icônicos como Jason, Freddy Krueger e Michael Myers”, frisa.
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Ele lembra, ainda, que o reconhecimento do terror como um gênero comercial veio por conta de filmes e séries internacionais, o que também contribuiu para estimular a nossa produção.
“O terror normalmente tem muitos efeitos visuais, por isso as pessoas tendem a achar que é mais complicado fazer. Mas a gente já tem grandes técnicos e diretores, como o Rodrigo Aragão (de Guarapari), por exemplo, mostrando que é possível criar esse tipo de filme com baixo orçamento”, explica.
O Brasil é um dos maiores consumidores de filmes de terror do mundo, mas a maior parte do público consome cinema estrangeiro.
“O cinema nacional passa por um processo de amadurecimento linear. Primeiro tivemos a explosão daqueles filmes que retratavam a realidade das favelas, paralelo a isso, veio a comédia nacional. Depois, muitos filmes biográficos. Agora é que o brasileiro está começando a se voltar para o suspense e terror, estamos encontrando uma veia narrativa”, comenta Gil, para quem somente o espaço para o gênero pode ajudar a diminuir o preconceito.
“O público aceita bem quando vem de fora, mas é muito conservador em relação ao que se produz aqui. A gente precisa incentivar a discussão e exercitar essa memória. Em festivais de cinema no Brasil, por exemplo, é raro encontrar exemplares. A gente precisa de mais espaços”, conclui.