Severino est Charlie: o Fuzil versus a Caneta

Depois do atentado de 7 de janeiro ao semanário Charlie Hebdo, uma emissora francesa promoveu um debate entre o Fuzil e a Caneta. Confira os melhores trechos:


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Quando me têm em punho Tudo se cria e transforma Os homens fazem milagres Em uma folha de rascunho FUZIL: Quando me têm em punho Tudo se perde e deforma Não há o que não se apague Em um fim triste e soturno CANETA: Quando eles me têm em mãos Ganha vida o talento Toma forma a liberdade Vive a arte e a criação FUZIL: Quando eles me têm em mãos Ganha corpo o sofrimento À barbárie e à crueldade Trato de dar expressão CANETA: Sou aquilo de que um Wolinski Um Cabu, Tignous ou Charb Utiliza-se para deixar Sua marca no que rabisque FUZIL: Pois eu, diante de um Wolinski, De um Cabu, Tignous ou Charb Procuro bem quieto o deixar A fim de que bem calado fique CANETA: Sou aquilo de que um Wolinski Um Cabu, Tignous ou Charb Vale-se para debochar Da estupidez que persiste FUZIL: Já eu, ao deparar com um Wolinski Um Cabu, um Tignous ou um Charb Busco o ameaçar e o vexar Que com a estupidez não mais implique! CANETA: Eu, bem, sou aquilo que um Wolinski Um Cabu, Tignous ou Charb Utiliza para golpes desfechar Em toda ignorância e burrice FUZIL: Pois eu, ao lidar com um Wolinski Um Cabu, um Tignous ou um Charb Procuro a sua voz de vez fechar Para que não mais se multiplique! CANETA: Sou a arma, a dizê-lo me arrisco, Usada pelo Charlie Hebdo E por qualquer contestador Que provoca o riso com um risco FUZIL: Sou a arma de verdade, nisso insisto, Que atacou o Charlie Hebdo Sou o verdadeiro risco, sou a dor Sou eu que do mapa o riso risco CANETA: “Verdadeira arma”, camarada? Pois eu, mais poderosa, sou a caneta Muito mais forte que a espada Pois criar, não destruir, é minha meta FUZIL: Eu é que sou muito mais forte! Sou da liberdade a homicida Sou eu quem dá vida à morte E, assim, imponho a morte à vida CANETA: Haha, pois não passa é de um fracote! Não vê que sua causa é perdida? Faça quantos cortes, quantas mortes Voltarei sempre fortalecida! Considerações finais: CANETA: Sou do homem a ferramenta Para a criação artística E a feitura jornalística O que a muitos atormenta Sou-lhes útil ferramenta Para a sátira política E a crítica humorística Que num riso se arrebenta Sou-lhes, pois, a ferramenta Para a reflexão crítica O que a mente paralítica Não tolera e não aguenta FUZIL: {{{Rá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá!!!}}}

 

 

* Em 2015, confira aqui um novo Cordel do Severino toda quarta-feira.