A CPI do Pó (de Mico) Preto

No Cordel do Severino da semana, os questionamentos que cercam a CPI do Pó Preto na Assembleia.


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Ele está por toda parte

Nas varandas, nos armários

Quem em Vitória nasce

Conhece-o desde o berçário

A sua casa ele invade

Como se fosse um corsário

Você limpa em vão: à tarde

Ele volta, “amigo” diário

Ele está nos arrabaldes

Nas areias do balneário

Invasor que não vem de Marte

Estão perto os “emissários”

Estou falando, é evidente,

Do famoso pó de minério

Esse pó onipresente

Cuja origem não é mistério

Pó que nos dão de presente

(Um belo presente de grego)

Conhecido vulgarmente

Como o famoso “pó preto”

Que afeta a nossa gente

Deixa a todos no aperto

E precisa, urgentemente,

Diminuir, isto é certo,

Eis que, recentemente,

Da Assembleia veio um acerto:

Não é que, logo ali,

Casa de grande marasmo

Para coletivo pasmo

Instalaram uma CPI!!!

Voltada a investigar

As causas da poluição

E quem sabe mitigar

Um pouco essa maldição

Obrigando os responsáveis

À adoção de medidas

Para a emissão ser reduzida

A níveis mais aceitáveis

O problema todo, no caso,

É que a CPI, desta feita,

Nasce sob a suspeita

De que fará algo raso

Não se tem grande certeza

De que vai querer fustigar

Algumas das grandes empresas

Que precisa investigar

O caso é que a sanha

Do grupo investigador

Pode esbarrar num fator:

As doações de campanha

O grupo nasce viciado

Pois membros do colegiado

Foram em parte financiados 

Por possíveis indiciados

Será que o investigador

Vai mesmo querer pôr a lupa

Ou quem sabe até a culpa

Sobre o próprio doador?

Além disso a indicação

Dos membros foi incoerente

Todos vindos da Comissão

Permanente do Meio Ambiente

Todos muito governistas

Todos muito afinados

Copiando o ditado

E seguindo tudo à risca

O presidente, Favatto,

Garante: “Não tem nada disso!

A CPI, de fato,

Cumprirá o seu compromisso

Todos vocês vão ver:

Faremos o nosso dever”

Vamos ver se, realmente,

A CPI se alavanca

Ou então se, tão-somente,

Se provará chapa-branca

Temos que ver para crer

Na esperança de predominar

O “doa a quem doer”

Sobre o “doe a quem doar”

Na esperança então eu fico

De que a CPI do Pó Preto

Não vire um arremedo

A “CPI do Pó de Mico”

 

 

Em 2015, todas as quartas-feiras, confira aqui um novo Cordel do Severino.