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Redes sociais têm poder de agravar transtornos alimentares

Redes sociais têm poder de agravar transtornos alimentares

Meninas adolescentes são as mais afetadas, segundo psicóloga

Publicado em 9 de janeiro de 2018 às 01:08

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Natasha mostra como é seu café da manhã: a jovem vem superando os transtornos alimentares. (Maurício Freire)

A universitária Natasha Villaschi, 19 anos, criou recentemente um perfil no Instagram para compartilhar como vem superando sérios transtornos alimentares. Em pouco tempo, ela conquistou mais de 13 mil seguidores, a maioria meninas que se espelham na experiência dela, relatada em uma entrevista para A GAZETA no último domingo.

Nesse ponto, Natasha, que se intitula na rede social como ex-anoréxica, ex-bulímica e ex-compulsiva, sabe o poder que tem de influenciar outras jovens. “Na fase de anorexia, muita gente elogiava. As pessoas acham maravilhoso ser esquelética”, comentou a universitária na entrevista.

Psicóloga clínica e pesquisadora de transtornos alimentares no Rio de Janeiro, Bruna Madureira afirma que as redes sociais têm o poder de potencializar esses transtornos da alimentação.

INSTAGRAM

“O universo midiático tem um papel muito grande nisso e pode agravar o transtorno alimentar. As pessoas passam a se relacionar atrás de telas, passam a mensurar o sucesso, a felicidade do outro através da imagem que aquela pessoa compartilha na rede social. O Instagram, sobretudo, é o grande palco onde tudo isso acontece”, comenta a psicóloga.

Segundo ela, as meninas adolescentes são o principal grupo de risco desse fenômeno. “Elas ainda estão em processo de construção da sua identidade e são bombardeadas por imagens a todo momento, no Instagram, no Youtube. Passam a tomar como exemplo mulheres extremamente magras, que viram sinônimo de felicidade, de bem-estar, de sucesso da vida. Isso passa a ser um modelo para a vida delas. E sabemos que há muitas famosas que não emagreceram de forma saudável ou que manipulam as imagens, usando aplicativos para parecem mais magras”, observa Bruna.

As redes sociais, diz a especialista, fornecem mais informações, mais subsídios para que essas meninas consigam fazer uso de ferramentas que conduzem ao transtorno alimentar. “Lá, elas encontram, por exemplo, estratégias de como deixar de comer. O mesmo vale para a bulimia. Há nas redes sociais ferramentas que ajudam as meninas a se manterem nesse quadro.”

TRATAMENTO

Para se livrar desses transtornos, afirma a psicóloga, é necessário, na maioria das vezes, um tratamento multidisciplinar. “Vemos que quanto mais aporte, melhor. Um psicólogo para a parte emocional, um psiquiatra que pode intervir com uma medicação e um nutricionista, para avaliar a qualidade nutricional que vai ser necessária. Às vezes, ocorre a internação, para que a pessoa não morra de inanição.”

ENTENDA OS PRINCIPAIS TRANSTORNOS ALIMENTARES

Anorexia

A pessoa enxerga o próprio corpo de maneira distorcida e segue dietas muito restritivas ou mesmo para de comer, abusa de exercícios físicos e até toma medicamentos para emagrecer. Mesmo emagrecendo muito, continua a se ver com excesso de peso. As consequências orgânicas são sérias: suspensão da menstruação, queda na pressão arterial, enfraquecimento físico, dor de cabeça, pensamento mais lento, perda de memória.

Bulimia

A pessoa come – até exageradamente, muitas vezes – mas induz o vômito para se livrar da comida e perder peso. Acaba virando algo incontrolável e muito frequente. Em casos mais graves, cada vez que ingere algo, a pessoa elimina pelo vômito.

Compulsão

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É um distúrbio no qual a pessoa sente necessidade de comer mesmo sem fome. Ela come em grandes quantidades e em pouco tempo.

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