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'Ninguém escapa de pirar on-line de vez em quando', diz psicóloga

"Ninguém escapa de pirar on-line de vez em quando", diz psicóloga

Profissional lista alguns comportamentos típicos nas redes sociais

Publicado em 21 de abril de 2018 às 12:31

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O casal Luciana Wernersbach e Pedro Camargo: inseguranças no relacionamento que eram causadas pelas redes sociais foram superadas. (Fernando Madeira)

Um é removido do grupo no WhatsApp e se revolta. Já outro tenta sair e não consegue. Tem o engajado, o viciado em “likes” e o que só gosta de compartilhar notícia ruim nas redes sociais. Sem falar do brega, do assanhado, do ciumento... Conhece alguém assim?

O meio virtual é onde jogamos nossos melhores e também piores sentimentos, tudo publicado, curtido, criticado e compartilhado. Se você tem uma vida on-line – no Facebook, no Instagram, no WhatsApp... – certamente também já se deixou levar pelas emoções, paranoias e confusões desse universo.

“Ninguém escapa de pirar on-line de vez em quando”, dispara a psicóloga carioca Luisa Mascarenhas, 40 anos. No livro “A vida virtual como ela é”, ela traça alguns comportamentos típicos presentes em redes sociais, aplicativos e afins.

São tipos cômicos que acabam expondo situações vividas por qualquer pessoa na vida real. “Quando se fala em vida virtual, parece que estamos falando de máquinas e de tecnologia. Mas na verdade estamos falando de pessoas, que têm insegurança, carência, rejeição, ciúme... Isso é padrão do ser humano! Mas o meio virtual potencializa esses sentimentos. Ali, a exposição muito grande, tudo ganha outra proporção”, comenta a autora.

RELACIONAMENTOS

“As redes sociais e ferramentas como o WhatsApp suscitam situações que antes não existiam. Há uma reedição de sentimentos antigos, agora com cores mais fortes. No caso do WhatsApp, por exemplo, vemos muitos relacionamentos abalados porque ele dá acesso fácil a pessoas que põem a sua relação em risco. Há tentações de todo tipo, inclusive a de invadir a privacidade do parceiro e tentar controlar sua vida”, observa Luisa.

Segundo a autora, a vida virtual não é um “espelho” da vida real. É em geral a imagem que gostaríamos de ver no espelho. “É uma construção, uma narrativa que fazemos sobre nós mesmos. Parece que há um pacto coletivo em mostrar que nossas vidas são mais interessantes e felizes do que realmente são.”

Casada há quatro anos e meio com o empresário Pedro Camargo, 35 anos, a servidora pública Luciana Wernersbach, 36 anos, não se considera uma pessoa insegura, mas confessa que já teve algumas “pirações” por causa de WhatsApp. “No início do namoro, vi uma mensagem da ex dele e tive um ataque de ciúmes”, conta. Pedro sempre tranquilizou Luciana nesse aspecto: “Nunca dei espaço para ela se preocupar”.

MATURIDADE

O fato é que, com todas as suas dores e delícias, o mundo on-line é um caminho sem volta, como aponta a psicóloga. “Não tem como escapar! Estamos dependentes e acostumados de maneira positiva com esse mundo virtual. É inegável que foi uma revolução na comunicação, que agora se dá de forma mais direta e democrática. Mas ainda estamos engatinhando. Acredito que vamos chegar num ponto de maturidade. Porque a parte boa toda mundo conhece. A parte ruim depende de uma educação virtual, de algumas ferramentas que podem se aperfeiçoar, enfim, de mais recursos emocionais e práticos”,

ENTREVISTA

A psicóloga Luisa Mascarenhas, autora do livro - Foto: Arquivo pessoal"/>"Ficou mais fácil trair e pegar a traição"

Acostumada a ouvir desabafos, inquietações e problemas relacionados ao uso de redes sociais, a psicóloga Luisa Mascarenhas comenta o impacto do mundo virtual sobre nossas vidas.

As redes sociais são um perigo para os relacionamentos?

Sim. Elas potencializam problemas que já existiam e criam alguns novos. Um ex-caso, que poderia desaparecer da sua vida, aparece na sua timeline todo dia. E basta um “oi, sumido” no WhatsApp para reativar uma relação antiga. Ficou mais fácil trair, e mais fácil também descobrir uma traição. Sempre houve ciúme e infidelidade, mas existem traições, ciúmes e inseguranças que são próprias ao mundo virtual.

Os problemas não são só nas relações amorosas, não é?

Não! Tem a mãe que reclama com o filho porque ele não postou nenhuma declaração pra ela no Facebook. Tem a amiga que não comentou uma foto em que foi marcada...

Os grupos de WhatsApp causam muita confusão...

Sim! Sou de um grupo que não deixa ninguém sair! Se você sai, te colocam de volta e ainda brincam que você vai ser punido, vai ter que pagar churrasco pra todo mundo! (rsrs). Fico quieta, silencio o grupo e pronto. Não entendo porque ainda não é possível bloquear grupos. Ou ter convite para entrar. Porque hoje você é jogado nos grupos e fica na maior saia-justa! É outra ferramenta que precisam criar! É tão básico...

O que mais te irrita nas redes sociais?

Todo muito se irrita com alguma coisa... (rsrs). Eu enlouqueço com gente que posta selfie e frase filosófica, que nunca tem nada a ver com a foto! É apenas uma desculpa para postar um foto em que a pessoa saiu favorecida! E quando usa paisagem ou criança como artifício para aparecer? Sem falar que é tanto filtro que às vezes a gente nem reconhece a pessoa na foto!

A VIDA VIRTUAL COMO ELA É...

(Arabson)

Se você está conectado ao mundo on-line, certamente vai se identificar ou conhecer alguém com algum desses perfis típicos das redes sociais e dos aplicativos de mensagens. Dê uma espiada

Saiu do grupo e se deu mal - Adriana não consegue mais fazer as unhas depois que saiu do grupo de WhatsApp “Unhas de luxo”, criado pela Ivonete, sua manicure há anos! “Foi muita falta de consideração. Saiu sem nem falar nada. Não vou mais atender a senhora. Nem minhas colegas”, disse Ivonete.

Quem tem um Whatsboy? - Paula comenta com as amigas da importância do seu “Whatsboy”, que é aquela pessoa com quem ela fala todos os dias pelo WhatsApp, que se preocupa com ela, fala sacanagem, troca nude, dá conselhos, elogia, pergunta da reunião, da viagem... O Whatsboy ajuda até no casamento, segundo ela

Foi removido e se revoltou - Pedro enlouqueceu ao saber que foi removido de um grupo de WhatsApp. A decisão foi coletiva: consideraram que Pedro andava irritado demais. “Eu queria sair! Não ser retirado!!”, revoltou-se ele

Encerrou o papo e ficou on-line - Joyce criou a maior confusão com André porque ele encerrou a conversa no WhatsApp, numa noite dessas, e continuou on-line. Joyce se sentiu dispensada: “Dispensar a pessoa e ficar on-line é um tapa na cara, só que disfarçado”, esbravejou ela

O compartilhador de desgraças - André gosta de espalhar notícia ruim no grupo da família no WhatsApp. Seu objetivo é “causar”. Epidemia de doença, violência, babá que espanca bebê, tudo isso vai parar nas conversas do grupo. “Eu jogo no máximo duas desgraças por dia. Ajuda a dar aquela despertada”, defende

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Brega on-line - Talita terminou o noivado com Leandro porque acha que ele é muito cafona nas redes sociais. Ela não suporta a mania que ele tem de usar várias hashtags em inglês na mesma legenda, das frases de efeito, citações manjadas e das fotos do painel da esteira.

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