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Falta apoio a mulheres com câncer no local de trabalho, aponta estudo

Falta apoio a mulheres com câncer no local de trabalho, aponta estudo

Quase metade das pacientes com câncer de mama abandona o emprego

Publicado em 22 de maio de 2018 às 22:17

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Pesquisa divulgada hoje (22) aponta que falta suporte no ambiente de trabalho para as mulheres com câncer de mama. (Pixabay)

Pesquisa divulgada hoje (22) aponta que falta suporte no ambiente de trabalho para as mulheres com câncer de mama. Segundo o levantamento, 78% das pacientes relataram que, após receberem o diagnóstico da doença, faltou apoio da empresa onde trabalham. Quase metade das mulheres entrevistadas (49%) disse que precisou abandonar o trabalho após o diagnóstico de câncer. Essa porcentagem sobe e atinge 58% na faixa etária entre os 36 anos e 45 anos.

A pesquisa Câncer de Mama Metastático: a voz das pacientes e da família, foi realizada pelo Instituto Provokers em nove capitais do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Belém, Curitiba e Porto Alegre. Foram ouvidos 170 pacientes e 240 familiares. De acordo com as participantes, quando existe algum tipo de suporte na empresa onde trabalham, na maioria das vezes está relacionado a uma flexibilização de horário ou permissão para se ausentar quando necessário.

Quando questionadas sobre a atividade que faziam antes de receberem o diagnóstico e que mais sentem falta, 48% mencionou justamente o trabalho. Nenhuma das entrevistadas citou a existência de qualquer tipo de suporte específico para o tratamento oncológico em seus empregos.

As pacientes apontaram ainda dificuldades para manter a renda familiar que tinham antes do diagnóstico. Segundo a pesquisa, as dificuldades para manter a rotina de trabalho e os gastos associados ao tratamento reduzem em 38% a renda das pacientes usuárias do sistema público e em 15% para aquelas que se tratam por meio da rede privada. Como consequência disso, mais de um terço das mulheres ouvidas (36%) pela pesquisa afirma que usa suas próprias economias para custear o tratamento.

FAMÍLIA

A pesquisa mostra também que a percepção de sofrimento diante do diagnóstico de câncer de mama é maior entre os familiares do que pela própria paciente. Segundo o estudo, 88% dos familiares dizem que experimentaram muito sofrimento ao receber o diagnóstico de tumor em alguém da família, enquanto isso ocorreu com 72% das pacientes.

Mesmo fragilizada, a família ainda é a maior fonte de apoio para as pacientes. Para quase um terço das entrevistadas (29%), o companheiro é a principal fonte de apoio, seguida pelos filhos (28%), irmãos (14%), amigos (4%) e ex-marido (1%).

“Quando a família se vê diante de uma doença como essa, é claro que todas as atenções se voltam para a paciente. Mas é preciso olhar com mais atenção para o familiar, para essas pessoas que, embora profundamente abaladas com a descoberta de uma doença tão grave em alguém que amam, tentam se manter firmes para fornecer o apoio que esperam delas naquele momento”, explica Paula Kioroglo, psicóloga do Hospital Sírio-Libanês e psico-oncologista pela Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia.

Para 71%, a família ficou mais unida após a descoberta da doença, visão que é compartilhada por 75% dos familiares.

“Muitos questionamentos passam pela cabeça da mulher que recebe um diagnóstico de câncer de mama avançado. Como contar para os filhos? Será que o companheiro estará ao lado dela durante todo o tratamento? E o trabalho, será necessário abandonar a profissão? Todas essas dúvidas reforçam a importância do apoio e do acolhimento a essa paciente, de modo que ela se sinta fortalecida para atravessar esse momento da melhor forma possível”, disse Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia.

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Para 91% da sentrevistadas, o diagnóstico da doença trouxe também mudanças negativas como o abandono do trabalho e as dificuldades para cuidar da casa e de realizar afazeres domésticos. Pouco mais da metade dos familiares entrevistados (51%) disse que foi preciso realizar uma adaptação nos horários para auxiliar no tratamento. Metade disse ainda que precisou abandonar atividades como viajar com a família (50%) e sair aos finais de semana (45%) durante a fase de tratamento.

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