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Greve dos caminhoneiros fez qualidade do ar melhorar em até 78% no ES

Greve dos caminhoneiros fez qualidade do ar melhorar em até 78% no ES

Nível de poluentes caiu em até 78% na greve dos caminhoneiros

Publicado em 11 de julho de 2018 às 19:14

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Greve dos caminhoneiros: paralisação na BR 262, em Viana. (Internauta Bruno Grassi)

A greve dos caminhoneiros, que durou mais de dez dias, em maio deste ano, trouxe vários prejuízos ao país. No Espírito Santo, o impacto foi sentido em diversos setores. Mas em pelo menos um aspecto essa paralisação foi extremamente benéfica: ela deixou o ar mais limpo naquele período.

Sem os caminhões circulando, a qualidade do ar melhorou em até 78% no Estado, como apontou um levantamento do Instituto Saúde e Sustentabilidade, divulgado esta semana.

Os níveis de partículas MP10 e MP2,5 caíram drasticamente, em taxas que ficaram entre 52% e 78%. A queda de ozônio também foi considerável, entre 44,2% e 70,6%.

A médica Evangelina Vormittag, diretora do Instituto, afirma que antes da greve dos caminhoneiros, os índices de poluição no Espírito Santo estavam bons, mas que com a paralisação a qualidade do ar melhorou ainda mais.

Segundo ela, os poluentes MP10 e MP2,5 são aquela poeira fina, capaz de penetrar nos pulmões e cair na corrente sanguínea, causando danos ao organismo, como problemas cardiovasculares, derrame e câncer. “A MP2,5 é ainda mais nociva entre esses poluentes. O ozônio é mais prejudicial a nível respiratório”, explica.

MOBILIDADE

A pesquisa, diz Evangelina, mostrou que a questão da mobilidade é importante quando o assunto é poluição atmosférica. “Foi uma situação única vivida no país e que apontou que o ar melhora quando há uma redução da emissão veicular”.

O relatório do Instituto destaca que, no final da greve, com o desabastecimento e falta de matéria prima para as indústrias operarem, houve a interrupção de parte da produção industrial no país, o que pode ter contribuído para a queda de emissão de poluentes no ar. Mas afirma que a emissão veicular tem grande participação na poluição no país, onde 60% do transporte de mercadorias são feitos em caminhões.

A entidade ressalta que a poluição atmosférica é responsável por 17 mil mortes e 4,7 mil mortes ao ano, respectivamente, no Estado e na cidade de São Paulo, ultrapassando o número de mortes por homicídios, acidentes de trânsito, Aids, câncer de mama e câncer de próstata. E lembra que a Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou, este ano, que o problema está relacionado a mais de 50 mil mortes por ano apenas no Brasil.

Diretor de qualidade do ar do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), Takahico Hashimoto, diz que o resultado do levantamento era esperado. “A qualidade do ar no nosso Estado é boa. Mas a redução da circulação de caminhões e ônibus é um indicativo de redução da poluição, como ocorreu na greve dos caminhoneiros”.

OS DADOS

De 52% a 78% foi a queda registrada nos níveis de MP10 e MP2,5, tipos de partículas poluentes que penetram nos pulmões;

De 44,2% a 70,6% foi a queda nos níveis de concentração de ozônio (O3) durante os dias de greve.

INSTITUTO ELOGIA QUALIDADE DO MONITORAMENTO NO ES

O Instituto Saúde e Sustentabilidade, especializado em pesquisas de saúde, se propunha a medir o impacto da greve dos caminhoneiros na poluição do ar em todo o país. No entanto, constatou que 71,4% dos Estados não apresentam dados confiáveis de monitoramento.

Apenas São Paulo e Espírito Santo registram e oferecem esses dados atualizados. “O Espírito Santo se destacou nessa pesquisa que fizemos. É o único estado, depois de São Paulo, que possibilitou o acesso a dados diários, publicados no site, enquanto outros Estados só publicam relatórios anuais”, afirma a diretora do Instituto, Evangelina Vormittag.

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Segundo ela, o Estado poderia se sair ainda melhor em relação à qualidade do ar se aplicasse, por exemplo, leis como a da inspeção veicular. “Essa é uma lei antiga, de mais de 20 anos, que o Espírito Santo não cumpre. Na verdade, só o Rio de Janeiro aplica essa lei. Em geral, o Brasil está muito atrasado em uma série de políticas públicas, e as poucas leis relacionadas ao assunto que existem não são cumpridas”, observa.

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