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Vacinas podem causar autismo? Tire dúvidas sobre imunização

Vacinas podem causar autismo? Tire dúvidas sobre imunização

Checamos as principais questões sobre vacinação disseminadas nas redes sociais, muitas vezes sem comprovação científica

Publicado em 31 de julho de 2018 às 11:18

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-. ( Reprodução/Shutterstock)

Basta abrir qualquer navegador e buscar a palavra “vacina” que rapidamente vão surgir entre os resultados não apenas dicas para estar em dia com as campanhas de vacinação como também enormes textos discutindo possíveis efeitos colaterais da imunização. Nos debates mais polêmicos, os autores afirmam que as doses contêm enormes quantidades de mercúrio e até mesmo que há vacinas que causam a morte súbita de bebês. As informações, porém, são falsas. Para esclarecer essas e outras dúvidas, O GLOBO checou alguns dos boatos sobre o assunto que mais circulam nas redes sociais.

“Mesmo que um adulto tenha tomado a vacina contra o sarampo na infância, deve receber outra dose”

Fake. Uma vez que a vacinação é feita de maneira correta na infância, não é necessário repeti-la na fase adulta. Nas crianças, a imunização eficaz contra o sarampo depende da aplicação de uma dose da vacina tríplice viral aos 12 meses de idade e da tetra viral aos 15 meses. Caso não seja possível cumprir essa recomendação, crianças dos cinco aos nove anos de idade devem tomar duas doses da tríplice. Dos 10 aos 29 anos quem não for imunizado deve tomar duas doses da tríplice e adultos de 30 a 49 anos devem receber apenas uma dose da vacina.

“O mercúrio presente nas vacinas é 25 mil vezes superior ao permitido”

Fake. De acordo com Alexander Precioso, diretor da Divisão de Ensaios Clínicos e Farmacologia do Instituto Butantan, em São Paulo, não há por que se preocupar. Ao contrário dos boatos, a quantidade de Timerosal (composto orgânico à base de mercúrio) presente nas vacinas é muito pequena e rapidamente metabolizada pelo organismo. É importante destacar ainda que o Timerosal não está presente em todas as vacinas no Brasil, apenas nos tipos multidose.

“Mesmo imunizadas, as pessoas podem ter gripe”

Não é bem assim. A vacina oferecida pelo Sistema Único de Saúde tem proteção contra três tipos do vírus Influenza de maior circulação no país: H1N1, H3N2 e influenza B. A gripe, porém, pode ser causada por diferentes tipos do Influenza, que sofre constantes mutações. Assim, é possível que um paciente esteja imunizado contra tipos da doença, mas contraia gripe pelo contato com novas variações do vírus ou com outros microrganismos. Mas isso não justifica deixar de tomar a vacina: com o reforço anual, o paciente garante defesa contra os principais causadores da doença.

“A vacina fracionada não tem o mesmo efeito”

Fake. O governo definiu em 2017 que a dose única da vacina contra a Febre Amarela é suficiente para garantir imunidade contra a doença por toda a vida. Em momentos de alta demanda, pode-se oferecer a dose fracionada, que tem o mesmo efeito da imunização da dose única, no período de oito anos, quando é necessário tomar um reforço.

Fake. A atual vacina tem proteção contra as quatro variações do vírus que mais circulam no Brasil, identificadas como 6, 11, 16 e 18. Existem quase 200 tipos de HPV, sendo que cerca de 40 deles podem infectar a região anogenital, causando lesões em homens e mulheres — como o aparecimento de verrugas que podem ser clinicamente removidas—, e outros 12 podem causar câncer.

“O Ministério Público proíbe a vacinação contra HPV em todo o país”

Fake. A utilização da vacinação contra o HPV na prevenção do câncer de colo de útero é apoiada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e as sociedades científicas brasileiras de Pediatria, Imunologia, Infectologia e Obstetrícia e Ginecologia. A vacina é também utilizada em 133 países, com distribuição de mais de 200 milhões de doses. No Brasil, em 2015 o Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública para suspender a oferta da vacina contra o HPV, mas o pedido foi negado pela Justiça Federal por considerar os argumentos frágeis e sem comprovação.

“Crianças sem vacina são crianças sem autismo”

Fake. A tese de que a combinação das vacinas contra sarampo, caxumba e rubéola poderia resultar no desenvolvimento do autismo foi defendida em um artigo de 1998 publicado na revista científica “The Lancet" e desmentida e retratada pela mesma publicação em 2010. O autor, Andrew Wakefield perdeu o registro de médico após investigações apontarem que não só esse, mas outros estudos assinados por ele foram realizados de forma fraudulenta.

“Pessoas não vacinadas formam mais autodefesas”

Fake. Cada organismo pode reagir a uma doença de forma diferente. Optar por não se prevenir significa correr o risco de enfrentar as complicações decorrentes do contato com um determinado vírus ou bactéria.

“A vacina da rubéola causou a microcefalia em bebês ao ser aplicada em gestantes”

Fake. Gestantes não tomam a vacina da rubéola no Brasil. A recomendação é que a imunização seja realizada na infância, mas mulheres que não foram vacinadas e estão grávidas tem que esperar até o nascimento do bebê para realizarem a imunização.

“O incentivo do governo e dos médicos à vacinação é somente para dar lucro à indústria farmacêutica”

Fake. Para a médica infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, Rosana Richtmann, a afirmação faria sentido se dissessem exatamente o oposto. A especialista defende que a prevenção de doenças é uma das maneiras mais eficazes de reduzir gastos no setor público.

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— Quando colocamos na ponta do lápis, o tratamento e a prevenção de uma doença saem muito mais barato do que a cura posterior. Quando você oferece gratuitamente a proteção, o sistema de saúde evita gastos com possíveis internações ou medicação, afirma a médica.

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