> >
Cigarros eletrônicos atacam células que protegem os pulmões

Cigarros eletrônicos atacam células que protegem os pulmões

Eles são menos perigosos que o tabaco tradicional, mas provocam danos à saúde

Publicado em 14 de agosto de 2018 às 13:02

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Cigarros eletrônicos são mais seguros que os tradicionais, mas também provocam danos à saúde. (Pixabay)

Os cigarros eletrônicos são apresentados como uma opção mais segura aos fumantes, mas um novo estudo, publicado esta semana no periódico “Thorax”, revela que eles podem ser mais danosos do que se pensava. Segundo análise de pesquisadores da Universidade de Birmingham, o vapor produzido por esses dispositivos aumenta a produção de químicos inflamatórios e desativa células que protegem o pulmão.

— Eu não acredito que os cigarros eletrônicos sejam mais danosos que os tradicionais — afirmou o professor David Thickett, líder das pesquisas. — Mas nós devemos ser céticos de que eles sejam tão seguros quanto estamos sendo levados a acreditar.

Esses dispositivos eletrônicos usam o calor para vaporizar um líquido, e os fumantes inalam o vapor, em vez da fumaça. Normalmente, os fluidos possuem glicerina, aromatizantes e a viciante nicotina, presente no tabaco. Até então, os estudos se concentravam na composição química dos líquidos, antes da vaporização. Em geral, as análises indicam que eles são menos perigosos que os cigarros tradicionais, mas também possuem substâncias danosas, como o aromatizante diacetilo e metais, como o chumbo.

No novo estudo, os cientistas focaram nos efeitos do vapor sobre os tecidos pulmonares. Eles extraíram macrófagos alveolares — células presentes nos pulmões que destroem elementos estranhos ao corpo — de tecidos pulmonares fornecidos por oito pessoas que nunca fumaram, nem tiveram asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica.

Para avaliar o efeito do aquecimento do fluido, eles criaram uma técnica para imitar o fumo e condensaram o vapor. Uma parte das células foi exposta a esse material condensado; outra parte, ao líquido antes de ser usado nos cigarros eletrônicos; e uma terceira parte foi mantida como controle. Os resultados mostraram que o condensado foi significativamente mais danoso às células que o líquido, e que os efeitos pioravam com doses maiores. E também foi notado um aumento na produção de químicos inflamatórios.

“A exposição dos macrófagos ao vapor condensado induziu muitas das mesmas alterações celulares e funcionais vistas em fumantes de cigarros e em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica”, concluíram os pesquisadores.

Thickett destacou que muitas empresas de cigarros eletrônicos estão sendo compradas por gigantes do tabaco e “certamente existe uma campanha para apresentar os cigarros eletrônicos como seguros”. Segundo Thickett, os cigarros eletrônicos são mais seguros que os tradicionais, mas isso não significa que eles não produzam danos no longo prazo, até porque estudos desse tipo ainda não puderam ser realizados.

Este vídeo pode te interessar

— Em termos de moléculas causadoras de câncer na fumaça do cigarro, comparando com o vapor, certamente existe uma redução no número de substâncias carcinogênicas — afirmou Thickett. — Os cigarros eletrônicos são mais seguros em termos de risco de câncer, mas se você usar por 20 ou 30 anos, podem causar doença pulmonar obstrutiva crônica. Isso é algo que as pessoas devem saber.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais