A cultura do barista avançou tanto nos últimos anos que pode parecer um monstro ameaçador para o fã do cafezinho de casa passado na hora. Envolve rituais precisos, estranhos equipamentos e conhecimentos altamente especializados. É a chamada terceira onda, que trouxe para o primeiro plano preocupações com a origem, a torra do grão e novos métodos de extração. Mas nada disso deve desanimar o bebedor amador, dizem os especialistas. Basta um pouco de informação e outro tanto de curiosidade.
O mais legal é você testar e explorar as variáveis de cada método para então achar o seu perfil diz Gabriela Ribeiro, dona do Café Secreto, um canto aconchegante numa vila do Largo do Machado.
Lucas Lopes, barista da Casa Camolese, concorda que nenhum apetrecho ou tendência deve afastar o verdadeiro fã de café de suas explorações.
Não existe certo e errado, tudo é uma questão de afinar o paladar e saber o que funciona melhor para você defende.
A dupla divide apenas duas regras de ouro, que valem para qualquer método: usar uma água mineral de boa procedência em vez de água filtrada com cloro, que altera o resultado, e moer os grãos só na hora de fazer, para preservar a complexidade da bebida.
Abaixo, eles ensinam como preparar o café e adiantam que sabores e aromas esperar de quatro desses métodos: aeropress, coador, espresso e prensa francesa.
AEROPRESS
O que é: método recente, criado por um americano inventor de brinquedos. O utensílio parece uma seringa, onde o ar é pressionado por um êmbolo. Essa pressão força o café a passar por um filtro de papel.
Como fazer: a moagem deve ser entre fina e média. O café deve ser colocado na câmara, em seguida a água quente (entre 90 e 95 graus). Depois, mexer o líquido com uma colher. Encharcar o filtro com a água quente, encaixar na câmara e pressionar o êmbolo.
O resultado: a pressão faz com que ele se aproxime do sabor e do aroma dos espressos. Resulta em um café de coloração mais turva, quase sem resíduo. O método extrai a acidez e a doçura com eficiência. Não traz tanto amargor.
COADOR
O que é: é um método bastante tradicional, mas que ganhou mais sofisticação graças à marca japonesa Hario. Nesse coador, sulcos separam o filtro das paredes, o que permite a entrada de ar e conduz a bebida com mais rapidez. O orifício é maior, o que facilita a passagem e reduz o tempo de infusão.
Como fazer: escaldar bem o filtro antes de usar. O pó deve estar em moagem média. Depois de colocar o café no coador, jogar a água aos poucos (em temperatura entre 90 e 95 graus), em movimentos circulares. Experimente mexer levemente com uma colher.
O resultado: entrega uma bebida suave e limpa, quase sem resíduo.
ESPRESSO
O que é: é um café extraído com água em alta pressão. Como é mais concentrado, costuma ser bebido em menores doses.
Como fazer: é o mais difícil de reproduzir em casa, pois há uma variedade grande de máquinas, cada uma com suas características. Para saber a moagem ideal da sua, faça testes com várias regulagens do moedor. Se o pó estiver fino, vai entupir; se estiver grosso, o café fica ralo.
O resultado: nesse método, o café mostra suas características com bastante vigor. A bebida ideal é encorpada, com acidez controlada e bastante crema, a espuma cor de caramelo.
PRENSA FRANCESA
O que é: também funciona pela pressão de um êmbolo, que faz o café passar por um coador de metal.
Como fazer: é essencial que o café seja moído grosso, para o pó não passar direto pelo filtro, que tem a trama mais aberta. Colocar o pó no copo da prensa, despejar a água e misturar com uma colher. O método pede uma infusão mais longa, de até dois minutos. Depois, acoplar o êmbolo e empurrar o pó, que fica separado do líquido no fundo.
O resultado: uma bebida encorpada, com mais resíduos sólidos e óleos, visíveis na superfície.
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