Quando está chegando à clínica, o pequeno Miguel, de 4 anos, já se anima todo. Ele sabe que vai ser seu amigo au-au. Nem se dá conta, na verdade, de que está indo para a terapia.
Miguel e outras crianças com síndrome de Down participam de um projeto em que cães e gatos viram terapeutas. Sim, os pets ajudam profissionais da fisioterapia e da terapia ocupacional nas sessões com os pacientes.
O Miguel adora. Já sabe o caminho de lá e nunca chega de mau humor! Ele não associa com terapia. Aliás, na cabeça das crianças, elas estão indo brincar com cachorros e não com tratamento, diz Fernanda de Toledo Viana, médica veterinária que coordena o Projeto de Extensão Animais Terapeutas, da Universidade Vila Velha (UVV).
Fernanda, que é mãe do Miguel, enumera uma lista de benefícios desse contatos com os bichos. Além de os animais ajudarem no desenvolvimento motor global da criança, eles influenciam na linguagem, na parte afetiva e social também, destaca ela.
Crianças com síndrome de Down ou trissomia 21, no termo mais aceito atualmente têm um comprometimento físico e intelectual e precisam, desde cedo, de acompanhamento de diversos especialistas, entre eles fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais.
COMPLEMENTO
Assim, essa espécie de pet-terapia entra como um complemento. O projeto, que funciona desde o início do ano com crianças de 2 a 5 anos, tem feito muita diferença na vida dos pacientes.
É um tratamento que o João Antonio, também de 4 anos, não reclama de fazer. Ele se diverte muito! Faz a terapia sem perceber. É um momento de brincadeira, de desestressar, conta a mãe do menino, Rosiany Antonio, de 44 anos.
Ela vê melhoras no filho para além do desenvolvimento motor dele. Lá, ele interage com bichos e compartilha a sala com outras crianças também. É um ambiente mais lúdico e leve. Os ganhos são infinitos, comenta.
Na sala, João se diverte com a doutora Mel, uma golden retrivier que tem quase a mesma idade dele. O menino penteia os pelos dela, escova os dentes, coloca roupinha, sobe e desce escadas com a cadela. As roupas têm zíper, bolsos e botões, então, ele pode trabalhar esses funções. E ainda participa de circuitos com os cães. Cada dia é uma coisa nova, explica Rosiany.
Às vezes, quem entra em cena é a pequena Jully, uma shitzu muito carinhosa, além de Jessie, Jade, Bruninho e Dengo. E tem um terapeuta felino ainda: o Coquinho.
VOLUNTÁRIOS
São animais de profissionais do curso de Medicina Veterinária e também da comunidade, de voluntários, diz Fernanda.
Os pets são especialistas no assunto. Eles passam por uma avaliação com um médico veterinário e por outra de uma educadora, que analisa a questão do comportamento do animal, que precisa ser dócil, controlado e saber conviver com outros animais e pessoas no mesmo espaço.
O projeto atende atualmente dez crianças, mas planeja ampliar as vagas. Para isso, dependemos de mais profissionais de Terapia Ocupacional, que precisam ser voluntários aqui, onde não temos esse curso, afirma a coordenadora.
SAIBA MAIS
O projeto: prédio de Biopráticas da UVV, em Vila Velha.
Telefone: 3421-2175.
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