Uma diarreia que nunca passa pode não ser uma virose ou algo que você comeu. Esse sintoma clássico pode indicar algo mais sério, como uma doença intestinal.
São duas as principais doenças inflamatórias no intestino (DIIs): a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Elas não têm cura, mas um tratamento iniciado no tempo certo pode evitar muitas complicações. E, como em todo problema crônico, qualquer apoio é fundamental.
Quem acaba de descobrir que tem uma dessas doenças vai poder contar com um grupo aqui no Estado. Está sendo criada a Associação dos Portadores de Crohn e Retocolite no Espírito Santo (APDII), que realiza nesta terça-feira seu primeiro encontro, em Vitória.
O Espírito Santo era o único Estado do Sudeste que ainda não tinha sua associação. São 20 em todo o país atualmente, ajudando a esclarecer sobre essas doenças, acolhendo, encaminhando para especialistas, conseguindo doação de medicamentos... E tudo gratuitamente, diz a presidente da Associação Nacional dos Portadores de DII, Patrícia Mendes.
Segundo ela, o maior desafio da associação é divulgar informações sobre essas doenças, que, de acordo com dados do Ministério da Saúde de 2015 afetam em torno de 65 mil pessoas no Brasil, um número muito aquém do que aparece nos registros da entidade.
Tem muita gente sem diagnóstico achando que o que sente é só uma dor de barriga. Só que a chance de sucesso é muito maior se a doença for diagnosticada no começo. Se a pessoa demora um ou dois anos, a doença pode ficar tão agressiva que nem os medicamentos que estão no topo de cadeia podem fazer efeito, e a pessoa pode ter o intestino amputado, diz Patrícia, que sofre de Retocolite há 22 anos.
Com a doença de Crohn, o problema pode comprometer muito a qualidade de vida de uma pessoa que demora para iniciar o tratamento, como destaca Ana Paula Hamer Sousa, gastroenterologista e professora da Emescam que atua no ambulatório de doenças inflamatórias intestinais da Santa Casa de Misericórdia, em Vitória.
Essas doenças podem se agravar e levar até a um câncer no intestino. Por isso, o tratamento é uma forma de prevenção a esse câncer, diz a médica, que é uma das palestrantes no evento de hoje.
MANIFESTAÇÕES
Ana Paula explica que na doença de Crohn, todo o sistema gastrointestinal pode ser comprometido, enquanto que a retocolite ataca mais o intestino grosso. Ambas, porém, podem se manifestar de forma parecida, causando dor abdominal, diarreia crônica, sangramento nas fezes, anemia e outros sintomas dermatológicos e articulares.
Na maioria dos casos, com o tratamento clínico o paciente consegue levar uma vida normal. Somente nos casos mais graves pode ser necessária uma cirurgia, afirma a gastroenterologista.
O diagnóstico, segundo ela, é feito a partir de um conjunto de dados, como exames laboratoriais e outros como a colonoscopia.
ENTENDA MAIS
Doenças crônicas do intestino
Incidência
Não há estatísticas no Brasil, mas estima-se que existam mais de
2 milhões de portadores nos Estados Unidos.
A quem atinge
Afeta pessoas de todas as idades, mas predominam em jovens, sendo quase todos os casos diagnosticados antes da idade dos
30 anos.
Primeiros sinais
Diarreias frequentes, falta de apetite, perda de peso, febre, dores abdominais e lesões na região anal.
Causas
Não se conhece a exata causa das DII (doenças inflamatórias intestinais). Acredita-se ser de origem multifatorial como fatores genéticos, uso abuso de antibióticos na infância, dieta rica em gorduras e carboidratos, entre outros.
Tratamento
Envolve medicamentos e, às vezes, cirurgia, além de mudança de hábitos alimentares.
TIPOS
Doença de Crohn
Costuma afetar predominantemente a parte inferior do intestino delgado e intestino grosso, mas pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal.
Retocolite ulcerativa
É uma doença inflamatória do cólon, intestino grosso.
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